Capítulo 6 POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15

1.6K 386 28
                                    

POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15


            Jonathan estava parado, perto do ponto de ônibus da faculdade, esperando. Ele não estava nenhum pouco à vontade com a situação, mas também, seu dever como um bom homem que era o impedia de deixar aquela história toda passar despercebida.

Ele só esperava que a moça aparecesse em breve, pois tinha um jogo para assistir em logo.

Jonathan tinha o gosto nacional pelo futebol. Todos os finais de semana e quartas ele geralmente tirava duas horas para assistir o seu time do coração jogar: o Grêmio. Era uma coisa bem atípica para uma pessoa como ele, e quase todo mundo que conhecia aquele lado de Jonathan se espantava quando o químico falava.

Tudo começou na infância, há muitos anos, por assim dizer. Nem ele mesmo sabe quando o amor pelo time começou, mas sabe da influência direta de seu avô. Ramiro era um senhor de riso fácil, feliz e a única pessoa a quem Jonathan se refugiava quando estava em casa, longe do colégio interno que seus pais o colocaram quando a idade escolar chegou. Jonathan contava no se calendário os dias para visitar o avô.

Ramiro que levava o neto favorito aos jogos, viajava com Jonathan para outras cidades para acompanharem o time em competições internacionais. Eram as lembranças mais felizes de Jonathan da infância. Jonathan ainda tinha na memória nítidas imagens daquela final de 95 com jogos no Monumental Olímpico, estádio do Grêmio e na Colômbia, onde se consagraram bicampeões da Libertadores da América. Ou da final do mundial, contra o Ajax, time da Holanda em Tóquio, onde o Grêmio perdeu nos pênaltis.

Jonathan sempre abria um sorriso ao lembrar da felicidade percorrendo as suas veias ao lado do avô naquelas ocasiões em que estavam junto com o time. Até hoje ele tenta repetir aquelas sensações, mas nunca irão se igualar aos anos vividos ao lado do avô.

Ele sentia muita falta do avô ao seu lado. Perdê-lo foi a coisa mais difícil que Jonathan teve que enfrentar na sua vida adulta. Sabia que ele estava perdendo uma guerra já ganha pela idade avançada de Ramiro, mas manteve a esperança viva até o último segundo. Não queria imaginar que aquela vitória do Grêmio ao lado do avô seria a última, e que a bandeira da sorte seria agitada pela última vez.

Passar por tudo aquilo tinha sido mais doloroso que Jonathan sequer um dia imaginaria. Ele ainda sentia o peito se encolher e a garganta apertar quando pensava no avô, nos seus últimos dias e pedindo para que o neto nunca abandonasse o time deles. Torcesse sempre, independentemente de onde eles estivessem, como já dizia o hino do clube. Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver.

Jonathan mantinha ao pé da letra aquela promessa, por mais que às vezes tenha vontade de largar o time de mão. Os últimos anos tinha sido delicados para o time e o torcedor, ainda mais com o rival ganhando tudo que havia pela frente. Porém Jonathan era fiel à sua promessa e ao seu avô.

Principalmente a ele.

Jonathan nem saberia dizer o que seria dele sem o avô para adotá-lo e tirá-lo das garras dos seus próprios pais. Provavelmente em algum escritório com trabalho burocrático ou até mesmo em um temido hospital. Seus pais nunca toleravam a aptidão do filho mais novo para a química e nem era dos seus planos terem mais um filho, quem dirá em uma profissão tão esdrúxula como professor em uma faculdade. Se fosse para ser docente então, que fosse de um curso de suma importância e status.

Jonathan até chegou a cursar um semestre de advocacia e outro de medicina, e quase entrou em colapso mental nas duas. Não conseguia gostar de nenhuma, mas a medicina o tirava o sono todos os dias ao lembrar que teria aula com corpos, ele focava mais na conservação dos mesmos, como os processos químicos do que o professor explicava em anatomia.

Sol de Inverno POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15Onde histórias criam vida. Descubra agora