POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15
Paula olhou para a frente e quase se afogou quando a pessoa da mesa à frente se levantou e deixou a sua visão para a frente do refeitório limpa. Ainda mais quando se deparou com o professor Jonathan ao lado de uma professora conhecida e mais o seu marido sentado à sua frente.
Realmente ela não deveria ficar encarando a mesa, como se quisesse escutar sobre o que os três riam e, principalmente, o porquê deles sempre sentarem no refeitório dos alunos para almoçarem. Se Paula olhasse ao redor de todo o refeitório não veria nenhum outro professor da faculdade se misturando com os alunos.
Ela continuou a olhar enquanto comia o seu sanduíche de sempre. A professora sorria com um brilho no olhar que Paula conseguia enxergar a duas mesas de distância e Jonathan a encarava com uma certa admiração. Era sabido por todos os alunos da faculdade que haviam história que os dois eram amantes. Burburinhos sobre ver os dois caminhando abraçados e até mesmo trocando beijos eram comuns de serem escutadas nos grupos que se formavam. Todos riam do professor de física por ser tratado daquela forma.
Paula não concordava com os boatos. Tinha sido aluna do professor Ricardo no primeiro semestre da faculdade. Ele não era tão excêntrico quanto Jonathan, mas tinha suas particularidades e uma delas era sempre que tinha um tempo vago era de falar da sua esposa e filho. De longe se percebia que ele era um homem feliz no seu casamento com a melhor amiga de infância. Paula lembrava das histórias que o professor contava e ria de quando era mais jovem e sua esposa tinha uma paixonite escondida, apenas a sua irmã que aguentava a amiga suspirando pelos cantos. E quando ele começava a falar do filho, se perdia no seu sorriso.
Os alunos adoravam quando o professor esquecia a física e dava uma trégua para a cabeça ingênua, recém-saída do ensino médio, para conversarem sobre outras coisas. Paula sempre era a mais quieta da turma, estava lá para aprender, não para colocar papo fora, porém apreciava aqueles minutos de descontração antes da coisa ficar feia. Ela recordava quando todos os alunos respiravam aliviados quando Ricardo terminava a sua aula mais cedo, mas não podia liberar os alunos antes do horário, então conversava com eles.
Em uma daquelas aulas, Paula estava cansada pela primeira semana trabalhando na livraria, aprendendo tudo, a viagem que fazia todos os dias no ônibus, com medo de perder as paradas certas, a saudade de casa que batia forte no seu peito e o medo de estar sozinha naquela cidade grande. Contudo aquele dia foi um dos mais marcantes que ela teve na faculdade.
Tudo tinha começado com bobagens em sala de aula, com o professor Ricardo descontraído e interagindo com todos os alunos, e todos sentiram o clima dentro da sala de aula mudar quando um aluno perguntou o que era aquela cicatriz no pulso do professor.
Viu o professor perder um pouco da cor do seu rosto e seu semblante mudar de alegre para uma coisa mais centrada. Observou ele reassumir o controle do seu corpo e falar abertamente sobre a sua tentativa de suicídio na adolescência. O assunto tinha chamado a atenção de todos os alunos da sala de aula, principalmente de Paula. Ela não se considerava uma depressiva ou qualquer coisa ligada à patologia, mas assim como quase todos os adolescentes tinha tido um pouco de curiosidade perante à questão e tudo que a envolvia.
Paula escutou o relato do professor e em diversas vezes concordou com algumas coisas que ele disse que sentia naquela época. Era claro que Ricardo não explanou tudo que havia acontecido na sua vida para que ele chegasse àquele ponto, mas Paula podia entender que, assim como ela, o professor tinha sofrido uma perda inesperada.
A dela tinha completado oito anos. Oito dolorosos anos em que Paula não via sua irmã sorrindo pela casa. Acordando ao lado dela ou escutando a sua voz todos os dias. A perca de Paola, em um erro tão bobo, tinha sido um marco para todos na pequena casa em que moravam. Em um dia Paola estava arrumando a bolsa de Pietro para levar à maternidade, com Paula e Pauline ao seu redor, brincando e sonhando com o sobrinho que logo chegaria e no outro dia, a notícia que o médico havia trocado uma medicação e levado à óbito a jovem mãe, que ainda estava com o filho no colo quando faleceu.
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Sol de Inverno POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15
RomanceRECADOS IMPORTANTES! POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15 POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15 POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15 Jonathan Ramiro Dering, professor doutor em química sempre viu a sua vida como um solitário. Achava a sua vida completa com a presença dos seus afilha...