Capítulo 8 POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15

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POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15            Paula estava contente por estar de "castigo" na livraria. Era feriado e também fora mandada para a ala dos livros infantis, depois de pegar ela de risos com algum cliente bem-humorado. Seu gerente pensava que estava transformando a semana de Paula em um inferno, e mal sabia ele que aquele era o melhor setor para ela.

Tudo com crianças ficava mais feliz. Ela adorava fazer aquelas rodas de leituras, conquistava as crianças e os pais, e assim sua meta mensal sempre dava um belo salto. Tudo que ela precisava naquele momento.

E estava satisfeita também com seus horários da faculdade. Todas aquelas aulas extras no verão lhe resultaram em duas noites de folga na semana, quartas e sextas. Prevendo que quase não teria tempo para escrever o seu TCC, Paula adiantou o máximo que conseguiu o semestre passado e nas férias deu uma boa movimentada nele. Entregou para o seu orientador e a sua resposta foi positiva, apenas algumas mudanças básicas e Paula teria terminado o temido trabalho de conclusão. Digitaria ele nas folgas à noite na biblioteca da faculdade e tudo estaria pronto antes do seu previsto.

Realmente Paula não tinha nada para se queixar. Nem da colega e seus amantes, que mudavam todas as noites. Valeu a pena economizar uns dias vindo a pé para o trabalho em troca de um fone de ouvido para o velho som que ela comprou em um brechó quando se mudou. Ligava o rádio, colocava os fones e ficava mudando as estações até a companheira de quarto acabar o seu encontro romântico.

Paula estava arrumando as prateleiras quando viu um menino chegar, olhar os livros, pegar um e sentar nos pufs coloridos. Ele era fofinho, devia ter uns cinco anos, cabelos castanhos escuros e bem vestido. Paula observou ele abrir o livro sobre as pernas e começar a olhar as páginas coloridas. Ela sorriu ao ver a cena.

Não havia nada mais lindo do que ver uma criança com um livro aberto sobre o colo. Era o início de uma vida cheia de aventuras com bruxas, fadas, dragões e reinos. Tudo o que as palavras poderiam transformar em imaginação. Paula ainda lembrava dos primeiros livros que leu na vida, todos da surrada biblioteca que a escola tinha. Ela nem sabia diferenciar as letras, mas pegou um e levou para Paulo e Paola lerem para ela. Os irmãos leram e fizeram um pequeno teatro para a irmã mais nova, aquilo tinha encantado Paula de uma forma extraordinária, sempre que podia, levava um livro diferente para os irmãos encenarem para ela. Quando foi a vez de Pauline estar na escola, Paula fez a mesma coisa, lia para a irmã mais nova todas as noites e a incentivava a trazer outros livros sempre. Até hoje Pauline ainda lia e pedia indicações para a irmã dos livros novos que chegavam. E quando chegasse a vez de Pietro ir para a escola, ela queria fazer a mesma coisa pelo sobrinho.

— Oi — Paula se aproximou do menino. — Quer ajuda para ler?

— Eu sei ler. — Disse ele com um sorriso bonito. — Meu pai, minha mãe e meu dindo me ensinaram. Agora eu estou ensinando a Sofia. Ela não sabe ainda, a dinda Li, tia Nanda e o tio Sérgio estão ensinando ela. Aí todo mundo vai saber ler.

Paula teve que conter o riso para a desenvoltura do guri.

— O pa....to que... nao....

— Não...— Corrigiu Paula.

— Isso, tem a cobrinha! Não... to...ma... ba...no.

— Banho.

O menino sorriu e virou mais uma página. Paula se sentou no chão e o ajudou a passar mais uma página. Enquanto seus colegas detestavam fazer aquilo, Paula quase sentia-se em casa por sentar ao lado de uma criança e ler para ela. Seu coração até ficava pequeno ao se lembrar quando fazia isso para Pauline e nos primeiros meses de vida de Pietro, quando a tragédia maior se assolou sobre o teto da sua casa. Aqueles dias sombrios só foram superados pela chegada de Pietro e como Paula se agarrou a ele.

Sol de Inverno POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15Onde histórias criam vida. Descubra agora