Capítulo 14 POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15

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POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15



            Paula estava sentada no canto mais distante do refeitório. Teve aula apenas no primeiro período e agora esperava pelo horário, no meio da tarde, para conversar com seu professor sobre o seu TCC. Era apenas alguns ajustes, os últimos, assim esperava Paula. Por isso que passaria quase todo o dia sentada no canto do refeitório o esperando.

Isso era melhor do que estar trabalhando na livraria, pensou enquanto batia seu lápis na mesa. Pelo menos economizaria algumas passagens e poderia comer seu sanduíche de almoço em paz, e não em pé entre um cliente e outro.

Suspirou profundamente. Olhou no relógio do refeitório e percebeu que tinha um longo tempo sem fazer nada absolutamente nada. Foi salva pelo gongo quando seu decrépito telefone começou a toca. Mesmo sem conseguir enxergar no visor quem era, sabia que era Paulo. A única pessoa que tinha aquele número.

— Oi, P. — Seu irmão a saudou.

— Oi, Paulo. Como estão as coisas por aí?

— Tudo ótimo, e contigo?

— Bem.... Bem.... — Paulo limpou a garganta. — P, falei com o Leo hoje.

— Vocês se falam todos os dias, somos praticamente vizinhos, o filho dele é colega da Pauline. — Paula riu.

— Não, P. Falamos sobre o andamento do processo...

O sorriso de Paula sumiu por completo depois daquelas palavras. O processo de Paulo contra o médico e o hospital que atendeu Paola, há dez anos atrás era um assunto muito delicado da família. A mãe nem gostava de saber, e toda a vez que Paulo tocava no assunto, ela chorava agarrada em Pietro. Pauline saia da sala e Paula era quem o escutava. Mas não significava que não se abalasse.

Por todos eles, nem haveria processo em si. Dinheiro não iria trazer Pauline de volta para casa. Mas o senso de justiça de Leo colocou na cabeça de Paulo ainda falava mais alto. Era injusto demais Pietro crescer sem uma mãe, e também, injusto demais que o médico e o hospital não pagassem por seus erros e aprendessem com seus erros. Outras vidas poderiam ser poupadas de erros tão infantis como a de errar o prontuário de uma paciente.

— Bom... — Paulo suspirou pesadamente. — O cálculo foi feito e está na mesa do Juiz para ele assinar a sentença. Leo está em cima disso e disse que antes do final do ano o dinheiro já vai estar liberado. Nem que para isso ele peça para trancarem as contas do hospital enquanto não pagarem.

Paula engoliu em seco. Naquela época, o valor estipulado por Leo, alegando que seriam os gastos básicos para a criação de Pietro e indenização para a família era um valor altíssimo. Paula, nem se trabalhasse durante cinco anos sem gastar um centavo conseguiria juntar a soma. Ela nem imaginava o quanto de juros e correções monetárias teria transcorrido em todos aqueles anos.

— É muito dinheiro, P. — A voz de Paulo era quase um sussurro. E se ela bem conhecesse o irmão, ele estaria limpando as lágrimas naquele momento. — Eu.... Nem sei o que fazer com tudo aquilo que sair. E também acho errado mexer nele, ainda mais da forma como foi conquistado.

Sim, Paulo tinha uma ressalva muito grande sobre o uso daquele dinheiro. Era um dinheiro vindo através da morte de sua irmã. Aquela quantia não era nada em comparação a perda deles, e usá-lo parecia tão errado quanto o erro do hospital.

— Nós precisamos do dinheiro, Paulo. — Paula sempre dizia isso quando o irmão tinha aquelas crises de consciência. — A casa precisa de uma reforma, aliás, uma casa nova seria a melhor solução, o pátio é grande e quando eu me formar posso fazer o desenho e planta. E sem contar nas outras coisas. Pauline está para vir para a faculdade, ela tem condições de uma federal ou uma bolsa como eu, mas mesmo assim....

Sol de Inverno POSTADO ATÉ O CAPÍTULO 15Onde histórias criam vida. Descubra agora