Data indefinida.

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Data indefinida.

Chegará o dia em que deixaremos de o ser, quando o ser deixará de ser. Então o que seremos senão o que fomos? O que fomos durante milénios, o que nos esforçámos por ser. O esforço não era esforço quando não se queria atingir um objetivo. O esforço era uma desculpa mal disfarçada no meio dos disfarces da gente. Máscaras que escondiam os olhares atordoados, não, mais que isso. Amedrontados! Apavorados! Mortos de terror.

Quando a morte nos segue com o olhar atento de quem nos quer provar, damos conta de que estamos vivos, enchendo-nos de vivacidade no momento em que já não é tempo de o fazer. Porque é que nos acostumamos a deixar o prazer para depois? Porque não saboreamos a arte de viver enquanto não nos escapa pelos dedos finos das mãos que já cercaram dezenas de objetivos, impedindo-os de vingar?

Vingar como os astros internacionais que por aí andam, quando os outros parecem tomar a vida deles. Como é possível existir-se assim, onde quem nos controla se esconde por detrás do pano opaco?

Descobrimos estar vivos quando estamos já mortos, indefesos contra a nossa própria derrota. E se somos derrotados, porque não tentamos derrotá-los?

E, no fim dos tempos, quando tudo for espaço, tempo e incerteza do que é, haverá um novo início.

Há sempre um recomeço.

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