Generosidade

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Notas iniciais:

É gente, sou eu de novo. Fazendo Otayuri. Nada de novo sob o Sol. Mas o que seria de mim se parasse de escrever sobre meu OTP, não é mesmo? Então espero que gostem dessa nova história e curtam o que eu vou tentar contar através dela.

Esse primeiro capítulo vai ser meio devagar por questões de apresentação dos personagens e do lugar. Espero que tenham paciência comigo, como sempre…

Por favor, leiam as notas finais.

Chega de falatório e boa leitura!

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Londres, 1956.

A chuva já não me incomodava mais, a lama em meu calçado e na barra da minha calça seriam meus verdadeiros inimigos ao chegar em casa. Pés doloridos, o rosto quase paralisado na expressão séria e formal que repeti incontáveis vezes durante todo aquele mês. O resultado de minha busca incessante era nada mais do que simples e duros “não” disfarçados com desculpas.

“Muito jovem.”

“Não passa seriedade.”

“Rosto feminino demais para o trabalho.”

Embora as oportunidades de emprego florescessem na cidade quase 10 anos após a grande guerra, não era como se eu tivesse maior facilidade de encontrar emprego em meio ao mar de pessoas que também o buscavam.

Cheguei em casa na esperança de que meu avô já houvesse chegado do trabalho, muito embora sua saúde não lhe permitisse mais fazer aquelas tarefas pesadas, esse emprego era nossa única fonte de sustento. Ao abrir a porta estranhei não encontrá-lo tomando chá na saleta do nosso pequeno sobrado. Já era muito tarde para que ele ainda estivesse na fábrica…

Fui surpreendido pelo som de batidas na porta. Seria meu avô? Mas ele possui chaves da casa… De toda forma, fui atender. Ao abrir a porta, minha vizinha começou a despejar palavras que somente após alguns segundos ficaram claras.

- Um responsável da fábrica na qual seu avô trabalha veio até sua casa, mas você não estava aqui… Então… Eles vieram avisar… Seu avô está internado no Hospital Saint Mary. É tudo o que eu sei.

- O-Obrigado, eu… Já vou.

Disse já trancando a porta e descendo a escada do conjunto habitacional.

- Espera, Yuri! Você está pálido e todo molhado! Comeu alguma coisa hoje? Yuuuuri!!!

Não me importei em responder. Meu avô estava internado e eu somente sabia que precisava encontrá-lo. Para minha sorte, o Saint Mary era à quatro quadras de casa, portanto, poderia andar até lá sem gastar dinheiro com a condução. Corri por duas quadras e após, só me restavam o cansaço e a tontura. A roupa molhada fazia o frio me consumir até os ossos, mas eu precisava continuar. Estava quase chegando e meu avô precisava de mim.

Finalmente, depois da longa caminhada, cheguei ao hospital. Com certeza eu parecia um mendigo, todo molhado, sujo de lama, esfomeado e cansado. Mesmo nas piores condições, fui até o balcão de informações, torcendo para não ser atirado para fora do hospital.

- Com licença, senhora…

- Posso ajudar? A emergência fica logo à direita, se sente-se mal.

- N-Não é isso. Meu avô está internado aqui e eu preciso vê-lo.

- É seu acompanhante?

- Serei sim. O nome dele é Nikolai Plisetsky. Por favor, onde ele está?

A responsável procurou na ficha de internados do dia. Pela demora, deve ter sido um dos últimos a ser atendido.

- Unidade de internação 3. Quarto andar.

O Tango de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora