Coragem

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Notas iniciais:

Bom, as notas hoje são um pouco longas, então peço que leiam as notas no final. Quero dedicar este capítulo à Ell que me deu muita muita força para continuar. Obrigada, Ellzinha. Dito isto, espero que gostem do capítulo.

*

~Otabek~

As notas saíram sofridas de meu violoncelo enquanto Romina me acompanhava com o piano. Estava agoniado e a única forma que conhecia de me expressar, além do Tango, era tocando, já que não conseguia dançar há semanas. Coloquei toda a dúvida, toda a frustração, tudo o que podia transmitir com alguns pares de notas menores e o atrito incessante do arco nas cordas. Toquei e toquei até o suor começar a pingar na frente da lareira, até meus dedos ficarem calejados novamente, até perder o fôlego.

O som das teclas do piano cessou, fazendo-me perder o tempo e, consequentemente, parar de tocar também.

- Até quando vais se lamentar como um pecador se confessando ao padre? Creio que já basta!

- Do que estás falando, Romina?

- Sei que seu aluno, aquele Plisetsky, cancelou as aulas. Desde a última milonga, ele sumiu completamente e tu ficas lamentando-se pelos cantos da casa. O que esperas ganhar com isso? Abandone esta ideia idiota!

- C-Como assim? Tu mesma me disseste que…

- Eu sei exatamente o que lhe disse, mas certamente não disse nada sobre aceitar ser tratado desta forma por ele. Eu o avisei! Ele sabia muito bem que não deveria lhe entristecer!

- Não deve ser culpa dele, irmã! Seu avô é doente e ele trabalha incessantemente para o Sr. Thompson, algo deve ter ocorrido…

- Otabek, no que estás entrando?! Não vês? É um mau sinal, estou certa! Ele deve ter visto o garoto na Milonga e talvez tenha se irado.

- Espere, o Sr. Thompson esteve aqui? Como sabes disso? Eu não o vi!

- Jean contou-me que o convidou, quando o questionei sobre a presença do homem aqui.

- E-Eu… Não tinha ideia…

- É claro que não tinhas! Andava para lá e para cá como um tonto apaixonado que sequer percebias seus arredores…

- Hm… Bom… Mas por que seria algo extremamente ruim? Quero dizer… Ele descobriu que seu empregado estava em uma festa e no máximo pôde inferir que eu sou o professor que contratou para Yuri. Há algo que sabes sobre ele que eu não saiba?

- Bom… Cheguei a conhecer sua falecida esposa quando nos visitaram na Argentina. Eu ainda era um tanto criança, mas já podia entender um pouco da conversa dos adultos. Pelo pouco que me lembro de nossos pais comentando a sós, ele resgatou a mulher de um bordel e a tratava como sua bonequinha de luxo. Papai e mamãe também mencionaram algo sobre ele ser muito ciumento com suas posses. Mas enfim, não era algo que me importasse na época.

- Então achas que ele pode ser possessivo com Yuri? É só um emprego!

- Talvez haja mais do que você imagina… Por que o Thompson pagaria aulas de Tango para o garoto? Eles devem… Se divertir juntos…

- Já chega de seus comentários maldosos! Você não sabe de nada sobre o Yuri!

- Quando você se decepcionar, não espere que eu tenha compaixão. Enquanto isso não acontece, sugiro que vá procurá-lo pois não aguento mais ouvir suas lamúrias no violoncelo.

O Tango de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora