Cansaço

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Notas iniciais:

Mais uma vez estou aqui pedindo desculpas pela demora em atualizar. Gente, vida de estudante universitário é difícil. REAL.

Além disso, tenho mais 2 fanfics ongoing, ou seja, nesse meio tempo, entre um capítulo e outro do Tango, eu também as atualizo. Desculpa mesmo pela demora, mas aí vai um capítulo do tanguinho com sabor de quero-mais.

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Não ousava perguntar nada sobre a situação.

Havia um homem chorando em meu colo. E não era um homem qualquer. Era o Sr. Thompson. Uma das pessoas mais poderosas e influentes de Londres. E eu? Era apenas um de seus serviçais.

- Yuri...

- S-Sim, senhor?

- Dois de meus amigos... Eles possuem uma filha... Quero dizer. Ela... Faleceu anteontem.

- Sinto muito, senhor.

- Eles já esperavam. Violet definhava a cada mês. Quando sentiram que sua hora era próxima, convidaram alguns amigos mais próximos para a despedida.

Não sabia o que dizer. Decidi que o melhor era mantê-lo conversando até que dispusesse todos os seus sentimentos.

- Nem posso imaginar pelo que passaram.

- Há um falso entendimento de que, quando a pessoa está doente, estaremos preparados para o pior. Eu não era exatamente chegado da pequenina, mas entendo a dor de meus amigos.

- Se quiseres, podes conversar comigo, James.

Arrisquei chamá-lo pelo nome.

A mão que estava sobre meu joelho subitamente segurou-o de forma mais forte. Não em um gesto estranho, mas como um sinal da dor que ele parecia carregar.

- Eu sei como é, Yuri. Sei como é ter aquilo que você mais ama arrancado de si. Não desejo essa dor nem ao pior dos inimigos.

Aquilo começava a doer em mim. Suas palavras vinham carregadas de sentimentos e não havia nada que eu pudesse fazer para aliviar sua dor.

- Eu faria qualquer coisa, qualquer coisa para que eles não passassem pelo que eu passei. É uma dor absurda.

- Perdestes alguém dessa forma?

Thompson parecia engasgar um pouco, mas enfim, me respondeu.

- Acredito que tenhas ouvido sobre minha falecida esposa. Os médicos nunca souberam exatamente do que se tratava. Eu também a vi definhando. Perdendo seu brilho. A alegria. Tudo. Ela foi tirada de mim de forma lenta e dolorosa.

Eu não pude ver seu rosto, visto que estava virado para o lado oposto, porém, tinha certeza de que estava banhado em lágrimas e dor que escorriam quentes por minhas pernas.

Palavras naquele momento não o ajudariam. Em uma última tentativa de consolá-lo, fiz o que meu avô tantas vezes fez para consolar-me pela falta de minha mãe. Esfreguei minhas mãos para que se aquecessem e as coloquei sobre sua testa e têmpora.

- Y-Yuri... O que você...

- Shh... Não precisa falar nada, James.

O Sr. Thompson virou-se com o rosto para o meu e eu vi a agonia pela qual passava. Seus olhos fixaram-se nos meus e mais lágrimas caíam. Alguns minutos se passaram e não haviam mais gotas. Seus olhos foram fechando-se de forma pacífica, até que o sono e o cansaço o abateram.

Vendo que o homem dormia, lentamente deitei sua cabeça na cama e levantei-me, tentando ser o mais silencioso o possível.

Saí do quarto do Sr. Thompson e não fiz questão alguma de analisar o que acabara de ocorrer. Ainda era cedo. Eu pensava somente em voltar para meu lar e dormir o suficiente para esquecer no que me envolvi.

O Tango de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora