[11] coca cola, pizza e... beijos

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         Rafael estaciona o carro no início da Rua das Pedras e vamos caminhando até o *Zio Bello Pizzas, uma pizzaria maravilhosa na qual eu havia ido várias vezes com meus pais e amigos quando estava em búzios. Escolhemos uma das mesas que ficava do lado de fora bem perto da parte de dentro da pizzaria.

— Ainda bem que você me trouxe para cá, não estava preparada para um restaurante como os que tio Marcos gosta.

Falo e o sorriso que antes estava em seu rosto, some rapidamente. Levo a mão até a boca percebendo o que eu havia falado e tento me desculpar. Rafael nutria um sentimento não de ódio, mas de desprezo do seu pai e de tudo que lhe era a respeito.

— Tudo bem — ele fala fazendo com que o sorriso que antes havia. — Então, preparada para o começo das aulas?

Não respondo sua pergunta logo de cara. Claro que eu estava animada para o começo das minhas aulas, mas também tinha o fato de que eu não conhecia ninguém e que não estaria mais com Sarah ao meu lado.

— Sim, mas acho que irei sentir muita falta da Sarah... E você? Quando suas aulas começam.

Ele me olha por uns minutos, sorrir várias vezes e quando decide falar algo, o garçom chega a nossa mesa para anotar o pedido. Decido com Rafael pedir metade Marguerite e metade quatro queijos.

— Promete que não vai surtar? — me pergunta depois que o garçom sai da nossa mesa.

— Surtar por que? — pergunto tentando entender o que está acontecendo e o que virá em seguida.

— Eu não me matriculei. Não mexi em nada no dinheiro que Marcos me mandava para acertar tudo com a faculdade e me candidatei a uma vaga para trabalho voluntário em países pobres.

Paro por um instante, é difícil associar o que ele me falou agora a pouco e tento não parecer tão assustada com sua revelação. Rafael não precisava de julgamentos e eu não seria mais uma das pessoas que apenas o julga sem entender seus motivos.

— Como isso aconteceu?

Eu queria lhe fazer uma pergunta mais elaborada, mas essa havia sido a única pergunta que consegui formular. Ele me olha com receio, talvez pela a expressão indecifrável em meu rosto.

— Não sei muito bem, mas eu só sabia que eu não estava preparado para entrar na faculdade agora, principalmente em uma que Marcos havia me obrigado a fazer... Eu apenas sentia que eu precisava algo antes, sentia apenas que eu tinha que ajudar a quem precisava.

Rafael fala com tanto orgulho que tudo o que eu faço é sorrir.

— "Eu quero ajudar as pessoas Rafa, quero cuidar de quem precisa" — digo lembrando de uma das nossas últimas conversas "cabeça" antes de nos afastarmos. Esse sempre foi o sonho de Rafael, ajudar o próximo; ajudar os mais necessitados, por isso que eu não entendia os motivos dele estar indo para uma faculdade de direito em que ele não teria contato nenhum com o que ele sonhou na infância.

— Não conta para ninguém ta? Nem para minha mãe, ela ainda não sabe.

Confirmo com a cabeça e começo a fazer várias perguntas sobre como ele se inscreveu e como eu poderia doar algum dinheiro também. Nossa pizza chegou depois de um tempo e quando eu coloquei um pedaço em minha boca era como se eu tivesse no céu.

— Posso te perguntar sobre seu namoro?

Fico tensa. O que ele queria saber?

Rafael RafaelaOnde histórias criam vida. Descubra agora