Novatos - parte 2

26 4 14
                                    

Sua mente ainda não tinha percebido o lugar que estava, mas sem dúvidas era muito, muito longe. O garoto, dono de lindos olhos negros e cabelos pretos ondulados, com pele cor de caramelo, alto e um porte grande, era um tanto gordo. Se encontrava tanto assustado se põe a observar todos os lados, mas pouco se via além da terra fofa e árvores. Alguns passos depois, ele avista uma gruta, era escura e estranha. Em sua volta somente haviam enormes árvores, e quase nada de iluminação.

Ele olha para cima e observa a paisagem, tenta ver se há alguém ou algum animal, porém nada dá sinal de vida, ele estava sozinho.

Ao uivar do vento, uma voz inundou seus pensamentos, sem dúvidas, era de Eloá.

- Entre meu querido, entre.

Olha para os lados com ar desconfiado e com um pouco de medo, contudo logo se coloca à frente da situação e fala para si mesmo: você é da realeza, haja como tal. Forças fluem e então ele decide entrar.

Na sua mente diversas coisas se passavam...

"O que será que tem aqui? O que será que terei que fazer, será que terei que enfrentar um arkno, odeio monstros marinhos! Se for eu já estou morto, não suporto água, não, não pode." Toda a sua coragem e ousadia acumulada para entrar havia sumido nas suas frustrações.

Após alguns passos avista algumas tochas acesas, e junto estavam sobre uma mesa os mesmos objetos avistados por Ana: Uma espada, um arco e flecha, uma caixa com poções, um mapa e uma adaga e um báculo junto um tubo de cura. As cinco grandes representações das vocações.

A voz de sua avó novamente surge em sua mente.

- Escolha um.

Felipe observar todos os objetos, analisa qual seria melhor para batalhar, logo pensa que o arco e flecha seria melhor pois ele não precisaria chegar perto da criatura, ou as porções para manter a máxima distância, mas reflete sobre sua habilidade.

Lembra de quando era criança e costumava brincar bastante com uma espada que seu pai havia lhe dado, já que ele era um nato guerreiro e queria fluir logo no seu filho essa vocação. Ao tocar a espada ele sente uma sincronia e no instante seguinte se vê em lutas com a lâminas em mãos, empunhando sobre seus inimigos. Ele pega a espada, segura firme e percebe que a escolha tinha sido correta.

- Siga em frente querido, não se preocupe, estarei com você, estarei ao seu lado, sinta suas habilidades, sua força, sua agilidade.

Ele continua seu caminho, constata que aquele rota era estranha, parecia que se direcionava a entrada de uma arena. Ele continua a andar sobre a gruta, que agora mais lhe parecia um túnel.

O caminho não era longo, em poucos minutos eles já estava diante de um gigantesco portão, o abre lentamente, com cuidado tentando ao máximo ver o que tinha do outro lado. Para sua surpresa ao abrir começa a ouvir milhares de gritos, vinham de diferentes locais. E para maior surpresa eram palavras de enaltecimento, aquelas pessoas o admiravam.

Ele anda lentamente, aproveitando e desfrutando dos elogios e as boas vibrações que aquilo trazia. Um belo sorriso estampava seu rosto.

A arena era enorme, devia ter cerca de cinquenta mil pessoas presentes, tinha forma oval lembrando um coliseu, com várias arquibancadas, na área de luta o chão era de terra preta. Seus arredores eram feitos de madeira maciça e ao longo vigas de ferro e aço, sua estrutura era realmente bela, dada aos seus materiais grosseiros.

No seu centro estava Felipe erguendo sua espada e saldando os elogios com um grandioso sorriso. O garoto podia perceber pelas boas vibrações que poderia realizar qualquer coisa.

E então solta um estrondoso grito eufórico:

- Onde está o desafio?! Estou pronto para tudo, cadê?!

De repente as terras sobre seus pés começam a se agitar e tudo estremece, ele não fica de fora, e ao movimento da arena cai no chão. Seu rosto se enche da areia preta do solo, seus olhos se esbugalham, mas, ao ouvir novamente a voz das pessoas tenta manter a pose de nobreza e se levanta depressa. Saem dali diversos monstros, sua aparência era um tanto humanóide, porém seus corpos eram feitos de barro e seus olhos eram negros, não havia luz neles.

Felipe ergue a espada enquanto diversos monstros partem para cima.

Com extrema agilidade, o garoto começa a cravar sua lâmina nas criaturas, cortando em vários pedaços. Em diversos cortes, após alguns minutos, nenhuma única criatura se mantinha em pé.

Felipe comemora e grita:

- Cadê? Não há nada que possa me enfrentar!

A multidão comemora e alforria gritando grande elogios.

Os monstros começam então a se reestruturarem e a voltarem ao que eram antes.

Felipe os olha com um ar bem soberano e fala:

- Em poucos segundos estarão caídos novamente!

Contudo dezenas de monstros começam a surgir da terra, algo que não tinha acontecido antes. Ele parte novamente para o ataque sem pensar em como agir e em algum plano de combate, entretanto novamente obtém sucesso.

Como da ultima vez, os monstros se reconstituem de novo e se multiplicam ainda mais. Depois de algum tempo já começava a se sentir cansado. Seus golpes já não eram tão rápidos, seu corpo não reagia mais como ele queria, ele começa a se desesperar.

A multidão que antes era só elogios agora xingava o pobre menino, e perguntava onde estava o tal príncipe.

Felipe se desespera, não aguentava mais, suas forças já não era como antes, suas roupas já estavam maltrapilhas, seu corpo todo sujo pela terra preta.

O gritos da multidão cortavam lhe a mente, seu cérebro estava entrando em combustão, não sabia lidar com tantas emoções.

Ele olha para os lados, os monstros estão em toda as partes. A única coisa que pensa é em como sair, e relembra por onde entrou, logo deveria ser pode onde deveria sair. Ele corre em direção ao portão ao qual passou, mas em sua frente estão diversas criaturas, ele vai incrustando golpes e mais golpes, e só se via o barro se desfazendo.

O garoto corria, corria.

As dores eram fortes. Seus braços formigavam, sua mão doía e sua cabeça estava em choque. Os gritos roiam em sua mente: "falso rei, fraco, perdedor".

Com grande esforço chega até o grande portão, mas as portas não abrem, ele bate, tenta quebrar com sua espada, mas tudo é em vão.

Se desespera. Os monstros não paravam de surgir, ele não conseguia mais resistir.

As lágrimas caem do seu rosto. Ele insiste, tenta com sua espada quebrar a correntes, mas sem sucesso. Desesperado começa a suplicar a sua avó para tirá-lo dali.

- Não aguento, não aguento mais, preciso de ajuda, eles não morrem, como mato eles?!

As lágrimas caiam...

Nada acontece, nem ao menos ela fala com ele.

A aflição aumentava, o pranto era incessante, não sabia mais o que fazer, ele olha todos gritando, os monstros em sua volta, não tinha saída. Nada mais passava em sua mente, apenas ele correndo no castelo, brincando na neve, Beatriz em raras ocasiões e o Vitor. A única coisa que pensava era o fim, sua vida acabaria ali.

Suas lágrimas caem em desespero, de repente os monstros começam a rodeá-lo, vão sufocando, abraçando-o para a morte.

Ele grita por socorro ao mesmo tempo que chora. Enquanto que ver a luz sumir e o ar desvanecer.

Em meios a gritos e pontapés tenta de todos os modos se livrar, mas tudo era em vão. Aos poucos, de forma lenta e desesperadora era sugado para terra. E em meio ao nada o garoto some na escuridão

Paralelo: Conexões EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora