vermelho da china

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Naquele mesmo dia, Soo-ah foi apresentada ao seu quarto e decidiu que ficaria por lá até anunciarem o jantar. Sem dúvidas, gostou muito de Jaeyon, era um lugar muito agradável e aconchegante, na verdade, lembrava a moça da casa de sua avó, aonde ia na infância. Mas apesar disso, decidiu ficar no seu quarto até que descesse para comer.

Analisou o cômodo assim que entrou, havia uma varanda com uma linda vista para as árvores, uma cama extremamente macia, as portas e paredes eram de papel como aquelas casas coreanas antigas. Sem televisão, sem wifi, sem celulares. Apenas você mesmo apreciando sua própria companhia. Soo-ah pensou que esse era o maior objetivo da clínica, encarar você mesmo e se ter como medicina. Com a ajuda de algumas atividades naturais ou cotidianas como ler, pintar e até mesmo relaxar no spa.

Pintar... Aquela palavra batucou na cabeça da moça antes de perceber que estava exausta. E antes de adormecer, lembrou-se dos quadros de Vante, o paciente misterioso que havia pintado todos aqueles quadros cheios de detalhe e sentimentos.

Não acordou sozinha, alguém chamou seu nome do outro lado da porta de papel, era Nayeol. Soo-ah levantou-se rapidamente e arrastou a porta, sorrindo gentilmente para a enfermeira.

- Vim te chamar para o jantar senhorita. São oito horas, esqueci de avisar que o jantar é sempre servido neste horário.

- Obrigado Nayeol - Soo-ah abaixou sua cabeça em agradecimento.

- Ah sim, e te trouxe as roupas, por enquanto, ponha essas e te trarei mais depois.

A mulher estendeu as roupas leves e de cores claras para Soo-ah. Que assim que a enfermeira desceu as escadas, ela vestiu, e realmente se assemelhava à ym hanbok moderno, ficaria bonito se fosse em outra pessoa. Em Soo-ah parecia ficar grande ou pequeno demais, estranho demais, não sabia explicar.

Indo para o lugar onde as refeições aconteciam, fazendo um mapa mental da casa, lembrando-se do tour que fizera mais cedo.

Estava ansiosa, e percebia isso cada vez que seus passos se aproximavam da sala de refeições. Podia ouvir de longe algumas risadas e conversas de pacientes e funcionários que já estavam na mesa.

E finalmente adentrou o local, haviam duas longas mesas uma ao lado da outra com bancos conjuntos. Os pacientes vestiam os mesmos hanboks que ela e pareciam descontraídos. Os funcionários da clínica também riam e comiam junto ao pacientes como se aquilo fosse realmente uma grande casa com uma grande família.

Aquilo acalmou Soo-ah de algum modo, como aquele sentimento nos dias de Natal onde todos se reúnem para a ceia. Apesar de estar nervosa, claramente, esperando que a opinião dos outros pacientes fosse boa quanto à ela, queria causar uma boa impressão. Não sabia bem dizer o porquê, mas tinha esse imã que dizia a ela "se contenha" para não estragar qualquer primeira impressão negativa.

Agradeceu internamente quando sua presença não foi notada e toda a rotina se continuou sem problema algum. Passou as mãos suadas no tecido leve do hanbok e se sentou num dos espaços vazios que um dos bancos tinha. As cozinheiras lhe trouxeram um prato repleto de coisas deliciosas numa perfeita combinação.

Olhou ao redor novamente e percebeu que provavelmente todos os pacientes estavam ali, o que era um tanto intimidador. Sentia-se uma formiga em meio à elefantes. Mesmo que ninguém ali estivesse a xingando e conversando com os outros dando altas risadas, sentia-se intimidada.

Ao seu lado, um garoto animado ria descontroladamente com a boca suja de purê, segurava uma colher e a balançava como varinha mágica enquanto conversava com o garoto ao seu lado. Soo-ah se lembrou que esses dois eram os mesmos que brincavam na sala de estar mais cedo e não pôde deixar de notar que o moreno mais animado tinha algum tipo de condição, talvez autismo, não saberia dizer.

van gogh + kthOnde histórias criam vida. Descubra agora