Noiva em Fuga

542 50 10
                                    

Capítulo 3

Enquanto dirigia, uma onda de perguntas invadiu a minha mente... "Desde quando me traíam?!"  "Será que riam de mim?!" "Eles pretendiam continuar com isso depois do casamento?!" ... E por aí a fora.

De tanto chorar já nem sentia as lágrimas que escorriam sobre o meu rosto.
Eu tinha deixado tudo naquela casa, o meu telemóvel, a mala que levei com as minhas roupas, tudo!

Morei ali até terminar o ensino médio, porque quando entrei para a faculdade fui morar com uma amiga, Ana, dividíamos as contas meio a meio. Fiz duas licenciaturas, uma em Gestão por influência do meu pai, mas acabei por seguir o meu coração e cursei também Gastronomia, sempre tive o sonho de abrir a minha pastelaria. O Meu pai sempre me apoiou muito, tanto que nos ajudou a abrir o nosso cantinho dos sonhos, a nossa pequena pastelaria, com uma condição é claro, desde que eu implementasse tudo o que aprendi sobre Gestão. Foram até benéficas essas duas licenciaturas.

Eu e Ana esforçamo-nos bastante para aquilo resultar. Lembro-me que quando abrimos as portas a emoção era tanta que chorámos quando o primeiro cliente entrou.
...
Ali estava eu sem saber que rumo tomar, tentei lembrar-me dos momentos felizes da minha vida, mas nada resultou, aquela imagem tinha de sair da minha cabeça o mais rápido possível.

Dirigi por horas sem rumo até anoitecer. Sem me aperceber cheguei até a "Cidade do Pecado", via-se de tudo por ali, pessoas que fugiram de casa, da cadeia, de hospitais, de internatos, casais fujões e claro as do meu tipo, noivas em fuga, em suma , de tudo!

Desci do carro e entrei directo no primeiro bar que apareceu, estava descalça e com uma cara de noiva cadáver, mas claro que essas não eram as minhas preocupações no momento. Sentei-me numa cadeira ao lado do balcão e decidi “encher a cara” com cerveja.

Reparei logo ao entrar que tinha um grupo de amigos que estavam a festejar algo que sinceramente não me interessou saber. De tanta cerveja que bebi senti uma vontade enorme de fazer xixi, levantei para ir ao banheiro, ao voltar esbarrei num dos rapazes que tinha levantado da mesa e como ele tinha um copo de cerveja na mão ajudou a melhorar o meu dia! Levei um banho de cerveja.

- Desculpa moça, foi sem querer! - Disse o moço estranho.

Estava fora de mim, comecei a chorar como uma criança, aí o coitado sentiu pena e decidiu conversar com a noiva louca do bar. Contei-lhe tudo, os meus planos, a traição, a relação conturbada que tinha com a minha mãe e com a minha irmã mais velha, o quanto ela empatava a minha vida, até parecia que a vida dela era uma porcaria por minha causa e ela se sentia no direito de se vingar de mim.
Bebida ia, bebida vinha e assim a noite foi passando, decidimos sair dali para desanuviar e fomos à uma discoteca que havia próximo, ao descer da rua. A noite só estava a começar para nós!

- O Meu nome é Rodrigo, antes que me esqueça de dizer!  - Disse Rodrigo enquanto caminhávamos para a discoteca.

- Só mesmo eu!  - Disse sorrindo.  - Tanto me ouviste e nem o meu nome te disse, ahm! e antes que me esqueça, é Bianca mas podes me chamar de Bia.

- Tudo bem, Bia, vamos nos divertir agora!  - Disse o Rodrigo tentando me animar.

-  E os teus amigos?! - Perguntei.

- Eles não vão se importar. - Respondeu Rodrigo enquanto dava um gole na garrafa de cerveja que levava na mão.

Chegamos a discoteca e aquilo era loucura total, dançamos, bebemos, perdemos a razão. Saímos de lá a trocar os pés pelas mãos!

- Aquele cão se pensa que vou voltar para ele está mais do que enganado. -  Disse completamente bêbada. - Vou dar cabo dele! - Acrescentei.

- Tu não podes dirigir assim sua louca deixa isso para amanhã!  - Disse Rodrigo bêbado também.

- Está bem, mas e agora?! - Perguntei.

Do nada começamos a rir, parecíamos dois loucos tontos, mas não éramos os únicos! Tinha muita gente bêbada ali.

- A minha Van tá logo ali, podemos dormir na parte de trás.  - Disse Rodrigo apontando para não sei onde.

- Está bem R-O-D-R-I-G-O. - Disse enquanto soletrava o nome dele bêbada.

A caminho da Van vimos uma porta toda de vidro e com luzes brilhantes, aquele brilho todo chamou a atenção de dois bêbados insanos. Entramos e descobrimos que aquilo era um "cartório de casamentos relâmpagos", coisas que só se viam naquela cidade maldita! Já dá para imaginar a história toda... Decidi casar com o Rodrigo ali mesmo!       

Com Quem Me Casei?! (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora