O Cinza de Uma Noite!

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Capítulo 9

Encolhi-me no chão sem saber como agir naquele momento, não reconheci o homem insano diante de mim. O Marco havia perdido a lucidez, não era ele, mas alguém desconhecido.

—Tu escolheste assim Bia, eu sei que errei, mas se tu também erraste podemos recomeçar do zero! — Disse o Marco que sorria de forma assustadora.

A esse ponto eu não dizia mais nada e isso o deixou com mais raiva, foi até aos armários e atirou tudo ao chão, partiu tudo. Eu estava tonta demais para levantar, sentia náuseas e fraqueza.

—Bia, Bia, Bia, era algo simples, mas complicaste tudo! — Disse o Marco que segurava uma faca de talhar nas mãos.

—Socorro, alguém que me ajude! — Gritei desesperada.

O Marco correu ao meu encontro e tapou a minha boca com uma das mãos.

—Cala a boca! Eu não vou te fazer mal, só vou te livrar desse peso que tens! — Disse Marco ao pé do meu ouvido.

O desespero tomou conta de mim, mas para a minha salvação o Rodrigo surgiu do nada e foi para cima dele, foram momentos horríveis e de pura tensão. Enquanto os dois lutavam rastejei-me e peguei o telemóvel da Ana que estava caído no chão e chamei a polícia. O Rodrigo era um homem pacífico, mas a forma como ele lutava com o Marco passou-me uma imagem diferente. Senti uma dor forte na barriga e comecei a gritar, isso o desconcentrou e aí o Marco aproveitou a chance para fugir.
O Rodrigo chamou uma ambulância às pressas, porque a dor que sentia não passava de jeito nenhum, e Ana continuava estava desacordada. Quando a polícia chegou não havia muito a se fazer, o Marco já tinha sumido. Fomos ao hospital e ficamos em observação. Ainda tremia de medo mesmo estando em segurança no hospital.

O Rodrigo passou a noite toda connosco, foi um querido. A família da Ana apareceu e foi um completo choro, os pais dela sempre foram muito dramáticos, mas dessa vez tinham razão, a única menina que eles tiveram dos sete filhos foi agredida. Os irmãos dela estavam com sede de vingança, se pudessem matariam Marco!

O Meu pai apareceu e aquelas duas bruxas da minha vida também. A Minha mãe abraçou-me aos prantos e a Laura por incrível que pareça também chorava.

—Desculpa Bia, desculpa.  —Eram as únicas palavras que a Laura dizia. Provavelmente foi ela que contou a novidade ao Marco.

—Tu vens comigo para casa filha! — Disse o meu pai.

— Não, ela vem comigo.  —Disse a minha mãe.

—Só estão vocês em casa e o louco do Marco anda por aí, ela vem comigo. —  Ripostou o meu pai.

—Eu não posso ir contigo pai, os meus irmãos não podem estar sujeitos a essa situação, não sei o que ele é capaz de fazer.  —Disse.

—Eu posso ficar com ela. —  Disse Rodrigo. Todos olharam para ele surpresos, só eu e a Ana sabíamos quem ele era, os outros nem desconfiavam.

— Problema resolvido, vou ficar com o Rodrigo.  —Disse.

O Meu pai não questionou, ele confiava em mim, agora a minha mãe só queria saber de reclamar, mas ninguém deu a ela o palco que queria. Foi para casa quase que arrastada pelo meu pai.
...
Deram-nos alta, a Ana foi com a família e eu voltei para o apartamento com o Rodrigo. Estava tudo revirado. Quando vi aquele cenário comecei a lacrimejar, o Rodrigo envolveu-me nos seus braços calorosos e tentou acalmar-me.

— Vai ficar tudo bem, eu estou aqui contigo. — Disse Rodrigo que me levou até ao quarto e me ajudou a deitar.

—Eu vou comprar algo para comermos, daqui a nada volto. — Disse o Rodrigo.

— Eu vou contigo.  —Disse enquanto levantava da cama.

—Não, fica aí na cama a descansar, não podes fazer mais esforço, ouviste o que a médica disse. — Disse o Rodrigo.

—Rodrigo não me deixes sozinha! Eu tenho medo que ele volte, por favor não vai.  —Disse enquanto chorava.

—Bia não chora, está bem, não vou mais, vou ver se faço mesmo algo por aqui ou então encomendamos, o que achas?!  —Perguntou.

— Desde que fiques aqui, por mim tudo vai!  —Respondi.

O Rodrigo encomendou a comida e deitou comigo na cama, estávamos bem abraçadinhos. Eu senti-me protegida.

— Bia, eu não queria ter de dizer isso agora, mas diante da situação eu vou ter de contar. — Disse Rodrigo de forma séria.

—O que foi Rodrigo?!  —Perguntei.

—Sabes que só vim para cá por negócios e já fiquei mais do que devia.  —Disse Rodrigo.

—O que queres dizer com isso Rodrigo?! — Perguntei cabisbaixa.

—Eu preciso voltar para casa, para a minha fazenda. — Respondeu.

—Logo agora?! E eu?! ... Ahm quer dizer e os teus filhos?!... Como assim vais embora?!... Tu moras em outra província e isso não é aqui na esquina! — Disse irritada.

—Eu sei, mas eu preciso voltar, estou a tempo demais aqui, tem pessoas a esperar por mim!  —Disse Rodrigo. Comecei a chorar.

—Não acredito, és casado?! Não me disseste nada, não posso acreditar!... Vai embora daqui! — Disse quase a gritar.

—Não! espera, não é isso, eu tenho sim uma filha, mas não sou casado e tomo conta da minha irmã mais nova, já as deixei tempo demais com a minha tia, por isso preciso voltar. — Disse Rodrigo.

—Sendo assim não posso dizer mais nada, se tens de ir eu não vou te prender.

— Continuas a não entender! Eu disse que cuidaria de ti e é isso que pretendo fazer, vem comigo! ... Sei que o ambiente de lá é diferente por ser uma fazenda, mas vou poder tomar conta de ti e dos meus filhos enquanto esse louco anda solto por aí. Vem comigo!  —Disse Rodrigo.

— Ir contigo para Fazenda?! — Perguntei surpresa.

Com Quem Me Casei?! (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora