Reencontro

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Depois daquilo, eu mergulhei no trabalho. Nos bastidores, eu mal conseguia olhar para a cara da Krystal, que agora parecia a pessoa mais simpática do mundo comigo; mas, na frente das câmeras e de outras pessoas, parecia que nos adorávamos. Parecia que a Victoria sempre tinha algo para me contar quando chegava perto de mim, mas não o fazia. A Luna e a Amber agiam com um pouco de receio quando me encontravam, mas logo se soltavam. Nenhuma delas comentou aquele dia, e eu as agradeci por isso. Eu estava sempre em contato com a Hyo, com a Suzy e com a Hyeri. Até tínhamos ido a um mesmo programa de variedades. Nós rimos muito no programa, contando fatos da nossa infância. As pessoas ficaram impressionadas: como somos tão amigas sendo que somos de empresas diferentes? Eles não entendem que nossa amizade transcede tudo isso.

Eu continuei com meus ensaios noturnos, agora sem o Minho, já que ele estava viajando. Na verdade, mesmo se ele estivesse aqui, eu evitaria ao máximo vê-lo. Ás vezes, a Hyo se juntava a mim nos meus ensaios, quando ela estava na SM. Toda vez que eu ficava sozinha ou parada sem fazer nada, minha mente voltava àquele dia. A imagem do Minho beijando a Krystal ainda me machucava muito. Quando isso acontecia, eu sempre ia para a sala de ensaio. Cantava ou dançava, ás vezes fazia os dois. Eu treinava nossa coreografia exaustivamente. Meu esforço constante era recompensado: me chamavam para fazer propagandas o tempo inteiro. O nosso grupo estava sendo cada dia mais requisitado.

Finalmente conheci o resto do grupo da Hyoyeon, o Girls' Generation. Todas eram muito legais. A irmã da Krystal, a Jessica, não muito. Ela parecia uma rainha do gelo ao falar comigo. Talvez tenha puxado esse ódio da minha pessoa da irmã dela, sei lá. O SHINee, o grupo do Minho, já estava em tour há uns dois ou três meses, eu acho. Dois ou três meses que aquilo tinha acontecido; para mim, parecia ontem. A ferida continuava aberta, mas eu fazia de tudo para esquecê-lo. Uns dias eram melhores, outros não. Ás vezes eu ficava dias sem falar com minha mãe ou com meu pai por causa dos compromissos, mas eu nem percebia. Coitadinhos, sempre ligavam preocupados. Prometi mentalmente que, na primeira folga que eu tivesse, eu iria visitá-los. Eu estava trabalhando tanto que ás vezes perdia a noção do tempo. Todo mundo dizia para eu tirar uma folga, mas eu sabia que não podia. Minha mente me traía com as imagens daquele dia, e eu não queria sofrer mais. Eu não iria aguentar.

Estava no meu ensaio noturno agora. Eu estava muito melhor na dança, graças aos meus esforços e graças a ajuda que eu recebi anteriormente de alguém em quem eu não queria pensar. Estava muito concentrada, quando uma voz me interrompeu:

- Você está dançando muito melhor do que antes.

Congelei. Eu não precisava olhar para trás para saber que era o Minho. Quando eu olhei para trás, tive uma sensação de déja vu. Eu o vi da mesma forma que eu o vi da primeira vez, só que agora ele estava com o cabelo um pouco mais comprido. Estava vestido como se fosse ensaiar. Quando ele entrou na sala, vi que seus olhos transpareciam um cansaço descomunal. Eu não podia olhar naqueles olhos, eu iria me perder neles. Olhar para ele agora, na minha frente, me mostrou que o que eu estava sentindo era somente a ponta do iceberg. Meu coração se apertou e eu senti uma dor extremamente profunda. Não dava para eu continuar ali. Desviei o olhar e fui pegar minha água e minha toalha, dizendo:

- Eu já estava saindo - minha voz saiu firme. Isso é bom.

- Eu pensei muito em você enquanto estava na turnê - ele falou.

Eu estava de costas para ele. Eu congelei na hora, novamente. Por que ele tem esse poder de me congelar com palavras simples? Eu senti meu coração mais apertado ainda. Não dava mais pra ficar ali.

- Porque não ligou para sua namorada? Ela iria adorar - eu nem conseguia reconhecer minha voz. Ela estava como aquele dia, baixa e segura. Muito diferente do meu coração, que estava derretendo.

Ele pegou no meu braço e me virou, o que fez com que nossos lábios se encontrassem. Entrei em choque; não conseguia me mexer. Sentir os lábios dele nos meus novamente era como estar ao mesmo tempo no céu e no inferno. Era doce, mas ao mesmo tempo doía. Eu me afastei.

- Você não tem o direito de fazer isso.

- Sulli-ah, quando você vai ver que a culpa pelo que aconteceu não é minha? - ele falou.

- O que não foi culpa sua? Que você e a Krystal se beijaram? - eu falei, com raiva - você não entende, Minho? Você sempre foi o primeiro garoto para mim. O primeiro que me segurou quando eu caí, o primeiro de quem eu virei amiga, o primeiro que eu beijei, o primeiro que eu chamei de oppa... Eu não sei se pra você isso significa alguma coisa, mas, para mim, significa muito - eu baixei os olhos. Ele continuou calado - Quando você beijou a Krystal...

- Eu não beijei a Krystal. Ela quem me beijou - ele me interrompeu, sua voz demonstrando um certo desespero que eu ainda não tinha percebido. Levantei os olhos.

- Você realmente acha que eu me importo quem começou? Vocês dois estavam se beijando, Minho, na minha frente! Você tem alguma ideia de como aquilo doeu? Foi a pior coisa que eu poderia ter presenciado - eu balancei a cabeça - não importa mais.

- Não fala assim, Sulli. Como assim não importa? Olha para mim - ele me sacudiu levemente, fazendo com que eu levantasse meus olhos em direção à ele - olha nos meus olhos e diz que não me ama mais.

Fiquei encarando os olhos deles. Aqueles olhos tão lindos... Eu tinha vontade de abraçá-lo. Mesmo com tudo, eu estava com muitas saudades dele. Estar em seus braços era uma sensação ruim e boa, da mesma forma que foi quando ele me beijou. Ele me sacudiu de novo.

- Fala, Sulli. Fala que não me ama mais.

- Não dá! - eu gritei - Não dá, Minho, eu te amo, por isso dói. Agora que você satisfez seu ego, você pode sair daqui? - apontei para a porta, abaixando a cabeça e colocando a outra mão na cintura.

- Sulli, isso não tem nada a ver com meu ego. Por favor, não acabe com a gente assim... - ele disse, sua voz embargada.

- Minho, sai - eu não conseguia olhar pra ele.

Eu ouvi os passos dele saindo. Ele estava perto da porta quando me chamou.

- Sulli-ah.

- Que? - eu me virei, os olhos vermelhos de tanto segurar o choro. Vi seu rosto; ele transpirava cansaço e sua pele estava tão branca.

- Eu te amo. Nunca esqueça isso - e saiu da sala.

Eu fiquei ali chorando, nem sei por quanto tempo. Alguém começou a entrar na sala. Nem vi quem era, mas já fui logo dizendo:

- Vai embora - apontando para a porta.

- Há uns tempos atrás fui eu quem fez isso, e você não foi embora. Agora é minha vez.

Levantei meu rosto lavado em lágrimas para ver a Victoria de pé na minha frente. Ela sentou-se sobre os joelhos.

- Sulli-ah. Tem algo que você precisa saber - ela disse, muito séria - o beijo do Minho e da Krystal... tudo fez parte de um plano da Krystal.

É o que? Plano da Krystal? Como assim? Fiquei olhando para ela sem entender. Ela me contou o que a Krystal tinha falado para ela: que ela tinha nos seguido no parque, que ela sabia que eu era a garota com quem o Minho tinha sonhado, enfim, tudo. Fiquei de boca aberta.

- Então você quer dizer...

- Sim, Sulli. O Minho não teve nada a ver com isso, ele te ama. Eu não contei antes porque eu gosto muito da Krystal também e achei que não deveria me meter, mas olha só para você. Olha seu estado. Você não merece ficar assim por uma mentira.

Uma raiva descontrolada subiu por todo o meu corpo. Eu queria ir até a Krystal e dar uns berros com ela. Qual o problema dela, afinal de contas? Porque ela me odeia tanto assim? Ia falar isso para Victoria, quando ouvimos um estrondo do lado de fora da sala. Logo, ouvimos uma voz masculina gritando:

- HYUNG!

Quando saímos, vimos Onew fazendo de tudo para reanimar um Minho desacordado no chão.

Sulli's DiariesOnde histórias criam vida. Descubra agora