O Garoto Desconhecido

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Ola pessoas, tudo bom com vocês???

...


Encontrar sua turma não foi muito difícil, afinal, quem não notaria vários adolescentes e uma velha de vestido azul berrante em frente a um orfanato? Além, é claro, da voz docemente enjoativa da Fada Madrinha, que tentava inutilmente conter os adolescentes agitados.

— Fico imensamente feliz que resolveu se juntar a nós, Príncipe Min — disse a Fada Madrinha assim que avistou o príncipe pálido entre eles.

— Só vim porque era no orfanato — disse e sorriu de lado. — Sua aula é desnecessária.

— Príncipe Min...

— Tanto faz — ele a interrompeu, dando de ombros. — Vamos logo, cansei de olhar para sua cara de maracujá enrugado.

A mulher suspirou em desistência ao perceber que, ao falar com a Branca de Neve, apenas aumentara o problema ao invés de resolvê-lo. A porta do orfanato foi aberta, e logo todos cruzaram-na, adentrando o local. Não demorou muito para que as crianças os cercassem, animadas com a companhia.

O orfanato dividia-se entre o lado dos reinos e o lado dos outros personagens das histórias encantadas, o que deixava Yoongi triste sempre que entrava naquele local. Ali havia crianças de ambos os lados, abandonadas por seus próprios pais, que deveriam amá-las, protegê-las e nunca abandoná-las.

— Tio Yoongi — uma garotinha o chamou, logo agarrando sua mão, fazendo com que ele a olhasse com curiosidade. — Toca pra gente?

— Claro que sim, lindinha — ele sorriu. — Pode me levar ao piano?

A garota então o puxou, depois de um gritinho de alegria, em direção a outra sala onde se encontrava um velho piano. Yoongi se sentou no banquinho que havia ali e dedilhou notas aleatórias, chamando a atenção das outras crianças, que logo correram para a sala onde ele estava, sentando-se ao redor do piano e dedicando suas atenções ao jovem príncipe.

Suas mãos pareciam ter vida própria quando entravam em contato com as teclas de um piano. Ele não conseguia se conter; elas eram muito mais fortes que ele, muito mais emotivas e sentimentais. Yoongi sorriu ao notar que Jimin cantarolava a música do piano não muito distante de si: "House Of Cards", o nome da canção que ele poderia passar horas tocando, apenas para que os amigos a cantassem em um tom tão perfeito que fazia parecer que anjos a cantavam.

A última nota foi tocada, e o silêncio foi quebrado pelas palmas animadas das crianças. Em diversão, ele se levantou do banco e se curvou em agradecimento, com um sorriso gengival nos lábios.

Yoongi não entendeu porque seus olhos foram levados até um canto escuro da sala, mas assim que conseguiu localizar um garoto de cabelos ruivos, ele compreendeu. O garoto sorriu em sua direção e logo desapareceu, deixando apenas seu sorriso em forma de coração, que não tardou a desaparecer também.

— Tudo bem, hyung?

Yoongi não sabia quanto tempo ficou distraído olhando o mesmo lugar, pois deu um pequeno pulo ao ouvir a voz do filho da Fera.

— Está sim, Kookie — ele sorriu sem mostrar os dentes para o garoto, que sorriu de volta e foi para o lado de Jimin.

Assim que o filho da fera se afastou, seus olhos se voltaram novamente para aquele lugar, e somente uma coisa passava em sua mente naquele momento: quem era aquele garoto?

De volta ao seu quarto, no fim do dia, Yoongi ainda pensava no garoto desconhecido. Não era a primeira vez que o via no orfanato — tinha total certeza —, mas era a primeira vez que reparava nele. Lembrava-se de que todas as vezes que o via era quando tocava para as crianças. Talvez o garoto fosse apenas um admirador de uma boa música; contudo, mesmo assim, aquele garoto ruivo não abandonou seus pensamentos por um bom tempo.

Na manhã seguinte, o jovem príncipe não foi para a aula. Ao invés disso, seguiu para o orfanato atrás das respostas que tanto queria, mas as mulheres do orfanato não sabiam muito também.

— Desculpe por não termos muito a falar, meu príncipe — a diretora do orfanato sorriu timidamente para o jovem príncipe à sua frente. — O Hope só aparece por aqui quando traz as crianças que encontra abandonadas na floresta ou quando o senhor toca.

— Sabe pelo menos o nome dele? — perguntou curioso.

— Jung Hoseok — a mulher sorriu. — O filho do gato de Cheshire.

— Obrigado pela informação, senhora Kim — agradeceu o príncipe, curvando-se minimamente para a velha senhora.

— Volte mais vezes, querido — a mulher sorriu enquanto o acompanhava até a porta. — As crianças adoram sua visita.

— Voltarei sim — ele sorriu gengival para a mulher. — Até outra hora.

Então, despediu-se das crianças ali presentes e seguiu caminho para a escola, torcendo para que não fosse pego fora da sala, ou receberia uma enorme bronca da mãe. Seus passos eram rápidos, porém silenciosos, enquanto o mesmo ia em direção à sala de música para passar o tempo enquanto esperava o sinal tocar para a próxima aula.

— Onde estava, Sr. Min?

Os olhos do príncipe se arregalaram, e ele travou no lugar, já prevendo a longa bronca que receberia por estar fora da sala. O mesmo se virou, já preparando uma desculpa, mas, ao invés de um monitor, ali estavam seus amigos rindo.

— Vocês quase me mataram de susto — disse, revirando os olhos.

— Isso que dá fazer coisa errada — Seokjin declarou, rindo.

— Eu só fui ao orfanato — se defendeu.

— Fazer o que lá? — Jungkook perguntou curioso.

— Procurar uma informação, mas as moças não sabiam muita coisa — deu de ombros, e os garotos o olharam ainda mais confusos com a falta de informações. — Tem um garoto que sempre está no orfanato quando eu toco, mas eu só reparei nele de fato ontem.

— Tá, pode ser um dos garotos mais velhos do orfanato — Jimin comentou.

— Aí está o problema: ele não é — Yoongi disse. — Parece que ele só dá às caras por lá quando eu toco ou quando leva uma das crianças abandonadas. A diretora disse que é apenas esses dias, nenhum outro.

— Estranho.

— Sim — Jin concordou. — Muito estranho.

Antes Morto Que Branca de Neve!Onde histórias criam vida. Descubra agora