Parte Dois
Você pode me chamar de insistente, cabeça dura ou trouxa, mas eu estava ali de novo. Eu estava ajeitando meu cabelo em frente ao reflexo das portas de vidro e esperando que dessa vez fosse Yara. Esperei um pouco. Um pouco até demais. Eu havia mandado mensagem para ela, logo mais cedo, mas não me respondeu, então juntei minha falta de vergonha e apareci assim mesmo. Eu também tinha passado em frente umas três vezes para que ela me visse e me convidasse a entrar, mas nem isso foi suficiente.
Ok. Eu já sei que tipo de papel eu tenho nessa relação.
A porta finalmente se abriu e com um sorriso esperançoso no meu rosto, era ela. Yara estava um pouco vermelha e surpresa, mas também sorria. Um sorriso mínimo, talvez de timidez.
- O que você está fazendo aqui? - bem, que ótima recepção.
- Eu mandei mensagem. - ela se afastou e eu entrei.
Felizmente estávamos sozinhos na clínica, ou pelo menos, nessa parte do estabelecimento.
- Que? Como? É que... - ela gaguejou um pouco. Estava nervosa. Yara procurou o celular em cima da mesa e o encontrou com uma mensagem minha abaixo de outras também ignoradas. - Ah, desculpa. É que eu estava estudando.
Dei-me conta de que nosso período de férias duram e acontecem de formas distintas, as dela são mais cedo que as minhas e por isso as aulas dela começam mais cedo. Havia dois livros e um caderno aberto abarrotado de anotações confirmando sua explicação. Eu dei de ombros.
- Que letrinha bonitinha. - ela sorriu. - Até parece que você é organizada.
- Eu tento. Você é mais organizado do que eu.
- Sou mesmo.
Yara ficou retraída no canto. Eu a admirei de longe, vestindo jaleco, o cabelo louro comprido e ondulado emoldurando seu rosto de bochechas fartas. De todo o conjunto que forma sua beleza, a intensidade dos seus olhos, principalmente quando ela arqueia as sobrancelhas é de tirar o fôlego e toma todo meu foco. Devo ter ficado olhando para ela tempo demais para que ela precisasse reiniciar a conversa:
- Como está suas férias? Por que você veio aqui hoje?
- Ah, é porque eu não tinha nada para fazer. - eu fui me aproximando. - Tem água? To com sede.
Ela se virou para pegar para mim.
- E é assim que você chega nas pessoas? - ela me repassa o copo. Eu demoro um tempo para toma-lo todo.
- Eu só chego em você, Yara. - disse e ela riu, balançando a cabeça e escondendo um pouco o rosto.
- Você fala cada coisa que... - eu segurei seu rosto e a interrompi com um beijo. Os braços dela se emparelharam com seu corpo e senti sua tensão se esvaindo, pouco a pouco. Ela abriu mais os lábios e aprofundamos o beijo. Deixei minha mão cair e enrolar no seu cabelo, enquanto a beijava e enrolava o dedo com suas mexas. Yara levantou o braço e encostou a mão na minha barriga, levantando, seguindo a linha em direção ao meu pescoço, o carinho eletrizou meu corpo.
Quando o fôlego nos faltou, eu me afastei.
- Você está famosa entre meus amigos. - eu disse de repente.
- Que? Como assim?
- Uns amigos meus estavam me falando de você. - eu não ia conseguir me segurar por muito tempo.
- Oxe, e o que eles estavam dizendo? Quem são?
- Eles te viram na festa da minha família. Um deles disse que você é muito bonita.
- Não creio... quem foi?
- Victor.
- Ah, eu lembro dele. - ela deu uma longa risada. - Ele passou a noite toda dando em cima de mim, ainda bem que Moisés estava lá.
- E você não quis ficar com ele?
Ela balançou a cabeça.
- Eu não queria... - começou. - Desde que conheci você, na verdade, eu não consegui estar com ninguém.
Essa era uma resposta que eu não esperava.
- Eu achei que você tivesse... Com esse tempo todo longe.
- Eu até tentei... Mas eu gosto de você, mesmo que pareça que você não está do mesmo jeito do que eu.
- Eu já disse isso a você uma vez, Yara.
- Não é como se parecesse Caique...
- Eu não tenho facilidade para falar dessas coisas, mas eu nunca insisti tanto com uma pessoa como estou fazendo contigo.
- E o que isso faz da gente?
Era uma boa pergunta, eu esperava que ela fizesse isso alguma vez. Eu havia pensado isso, conversado com meus amigos, mas deveria ser uma alternativa em que eu pudesse chegar sozinho ou, pelo menos, com a ajuda dela. Esse parecia o momento.
- Eu pensei nisso muitas vezes. Não muitas, mas algumas vezes. Que a gente podia tentar algo sério.
- Está falando em namoro? Não sei se estou pronta para isso, eu não tenho certeza dos meus sentimentos ainda...
- Então calma, calma. - respirei fundo. Ela estava sendo sincera e apesar de um pouco chocante, eu não podia força-la a nada. - Nós podemos tentar algo só nosso e vermos se isso - eu aponto para mim e aponto para ela - da certo. O que você acha?
Ela demora um pouco. Pensa um bocado e finalmente expõe um sorriso.
- Acho que pode da certo.
- Eu também acho que a gente pode da certo.
Eu me aproximo e a beijo. Beijo seu rosto depois seus lábios e ela segura meus ombros. Nós nos abraçamos por muito tempo. Eu sinto o cheiro do perfume dela e ela o meu. Não sei quantos minutos se passaram, mas era como se nenhum de nós quiséssemos ir.
Desculpem a demora, nós estamos lotadas com coisas da faculdade, todo mundo de férias e nos aqui! Haha espero que tenham gostado. Agora vamos entrar numa nova fase desse relacionamento :)
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32 Semanas e Algumas Musicas
Romance(baseado numa história real) Após conseguir uma vaga numa das melhores faculdades do Estado, o destino faz com que Caique conheça Yara, os empurrando para uma relação que tem tudo para não funcionar. *A história não é minha, é de uma amiga e estou p...