CAPÍTULO 5

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Ele é um garoto diferente. Seus traços lembram a todo momento da mãe. Sua pele clara, as maças do rosto redondinhas, tudo claramente mostra de quem é filho. Ele é aquele tipo de pessoa que entrega seu título. Mayson não é só um principe, mas parece um.

Tão institivamente me pego o observando. E viro novamente para a cidade e suas luzes fortes e vibrantes.

Estamos aqui há uns minutos. Parados, em silêncio e sinceramente, não sei por que, ele ainda está aqui.

- Você é estranha, sabia? - ele sorri e me olha. Provavelmente me pegou o observando.

- Não sou que estou há quase uma hora conversando com alguém que mal conheço.

Percebo o erro em minha fala. E lógico, que com seu instinto de observador Mayson também percebe e diz:

- Tem certeza que sou só eu? - ele ri suavemente - Vamos, me fale mais de você.

Suspiro.
   
- Bom, eu...
    
Fui interrompida por goticulas de água que começam a cair do céu estrelado, acredito que as estrelas sumirão de vista em breve. A chuva está engrossando.

- Aqui - Mayson coloca seu blazer sobre meus ombros.

- Não posso aceitar - digo já o tirando de mim.

Mayson porém me impede colocando as mãos sobre o casaco quase tirado por mim de meus braços.

- Para. Está chovendo.

- Mayson, estamos na sacada, a centímetros da sala.

- Qual é... - ele começa - estamos parados na chuva conversando se você não percebeu.

Acho graça no que ele diz e acabo rindo com ele. E a chuva a nosso redor fica mais forte.

- Agora é melhor entrarmos - ele diz.

Apenas concordo com a cabeça e entramos na biblioteca. Nossos rastros molhados estão ficando por onde andamos. Estamos completamente enxarcados. Acho engraçado. E louco. Acabamos de nos conhecer e cá estamos. Enxarcados e rindo juntos.

Andamos pelo curto caminhos que existe até "meu quarto", Mayson junto comigo, sem dizer nada.
    
Chegamos em frente ao quarto. Paro e o encaro, não sei o que dizer. Parece que toda a melhora que tivemos de diálogo na última hora, desapareceu.

- Pedirei para que alguém venha ajuda-lá a se preparar para dormir, okay? - Mayson diz quebrando o silêncio que até agora existia entre nós.

- Desculpa, não entendi, quer dizer uma... empregada?

- Chamamos de criados, mas se refira a eles como quiser.

Não gostei da ideia. Se refirir a alguém como "criado" me faz parecer alguém cruel. Isso é triste e com certeza uma das piores coisas da monarquia.

- Não, obrigada. Não... concordo com isso.

- Ah Harley - ele diz chateado - pare. Por favor, a pessoa que te ajudará recebe para isso. Não pense que seja algum tipo de... - ele procura a palavras - escravidão. Jamais fariamos isso. Desculpe te dizer isso, mas você tem uma visão meio - ele estreita os olhos - errada a respeito de nós.

- Está bem. Mas... só hoje.

E seria só hoje, afinal, não vou ficar aqui. Jamais, nem ao menos cogito a ideia contrária.

- Legal. Boa noite - Ele se vira para sair, mas instantaneamente parece se lembrar de algo e volta. Se aproxima de mim, admito que fico meio desconfortável com a proximidade.

Ele fala em um tom um pouco mais baixo, mas que eu escuto:

- Lembre-se, nem sempre as coisas acontecem da forma que queremos. E muitas das vezes as coisas não são o que pensamos - com uma piscadela e um sorriso branco ele termina: - Pense.

CONTINUA...

Uma Coroa em Minha Vida    [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora