Prisioneiros

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Enquanto aguardava Caluto, o grupo tinha passado toda a tarde conversando em volta da fogueira.

Lúcia apesar de tentar agir naturalmente não conseguia se concentrar no que fazia, percebia que Luthiron estava diferente, que estava quieto demais. Até mesmo parecia agoniado com alguma coisa.

Mas quando a via, ele falava de maneira alegre e sempre participava das brincadeiras, porém Lúcia o conhecia bem para saber que algo estava acontecendo e que ele não queria falar sobre isso, o que a deixava ainda mais preocupada com o que poderia ser.

Naquela manhã tinha comentado com Linade sobre isso e o que ela respondeu a deixou ainda mais desconfiada. Pediu para que Lúcia não pressionasse Luthiron, que ele teria o tempo dele para conversar com ela.

Lúcia tinha certeza que tinha algum problema e por isso, não conseguia manter o foco. Aquela conversa com Linade não saía de sua cabeça um minuto sequer.

De primeiro momento o que ela queria era confrontá-lo, perguntar sobre isso, mas depois de refletir melhor ela entendia o pedido de Linade para esperar.

Talvez Luthiron ainda não estivesse pronto para a liberdade, talvez tivesse algum compromisso importante em Alvarin e por isso se preocupava com a possibilidade de não poder acompanhar o grupo na próxima jornada. Se fosse isso Lúcia ficaria triste, mas não o julgaria se escolhesse ficar em sua terra depois de liberto.

— Vem Lúcia. — Jahil chamou com a mão.

Lúcia suspirou e seguiu para a fogueira, precisava deixar isso de lado, quando a hora chegasse ela iria saber o que estava acontecendo. Luthiron falaria, ela conhecia seu querido amigo o suficiente para saber que ele se abriria com ela quando achasse que era hora.

Naquele dia achou que eles partiriam, que finalmente sairiam da inércia, mas Caluto apareceu a tarde acompanhada de outra fada e pediu para que tivessem um pouco mais de paciência até que eles pudessem preparar tudo.

Esse tudo ninguém conseguiu imaginar o que seria, mas no fim o grupo teve que aceitar já que não havia possibilidade de saírem de Venília sem que alguém abrisse uma porta para eles.

Com isso todos amuaram já que mais uma vez depois de terem preparado as coisas tiveram que sentar em volta do fogo para mais uma rodada de conversa e espera.

Lúcia achava estranho o povo de Caluto. Desde o dia em que haviam sido libertos eles sumiram pela floresta, deixando o monte da árvore madrinha praticamente vazio. Quando perguntaram sobre isso Caluto respondeu que tinha coisas importantes na floresta que careciam de cuidados.

Luthiron e Linade passaram um tempo falando disso enquanto todos esperavam para saber o que seria feito com eles já que depois de agradecer efusivamente o grupo as fadas sumiram pela floresta os deixando sozinhos ao lado da casa principal.

Luthiron achava que as fadas estavam averiguando os locais onde guardavam os artefatos de magia. Linade acreditava que eles estavam cuidando da segurança do lugar, garantindo que Venília não fosse mais invadida.

Fosse o que fosse que o povo de Venília cuidava com tanto afinco, encontraram tempo para mudar algumas coisas na caverna para dar mais conforto a eles e Lúcia não saberia dizer quando isso ocorreu, mas tinha a certeza que foi obra do povo de Caluto que aproveitaram quando eles saíram para caçar em grupo e fizeram as mudanças.

Em uma câmara pequena onde há dias atrás era escuro e úmido, surgiu uma fina cascata de água cristalina que Lúcia poderia jurar que aquecia quando o sol se punha. Uma lamparina ficava agora pendurada em uma rocha e mesmo acesa não tirava a privacidade deles quando iam se banhar.

Crônicas Helenísticas. AlvarinOnde histórias criam vida. Descubra agora