Indiana esperava o tanque do Packard Clipper ser completado, enquanto Beleni fazia as compras dos suprimentos básicos que eles precisariam para a pequena viagem.
que ela teria para quem contar, no final das contas.
Quando entrou no carro novamente, ele tinha uma pequena mala de roupas no banco traseiro, uma imensa katan e sacolas com comida. Usava apenas uma regata negra e uma calça jeans escura com sapatos esportivos.
Indiana parecia ser bastante paulista e ele duvidava muito que ela fosse do nordeste do país, com suas roupas pesadas e sua pele muito clara. Ela estava com uma camisa branca estampada com o logo do Clube da Luta e uma calça de strech, com tênis claros e bastante surrados.
Seu cabelo ainda mais bagunçado, cortado de uma maneira que Axl Rose aprovaria. Quando ela se sentou ao volante e se virou para ele, os seus enormes óculos de armações grossas e negras refletiram o brilho do sol.
— Para onde estamos indo?
— Para a Chapada Diamantina — ele puxou um par de óculos escuros e os postou sobre o rosto — espero que o tanque dure — e sorriu quando ela girou a chave.
Quando eles caíram na estrada, Indiana ligou o rádio e Honey, Honey do ABBA começou a tocar. Ela já tinha perdido quantas vezes o refrão tinha se repetido quando ela finalmente pareceu se incomodar com o silêncio.
— Qual é o seu trabalho afinal?
Ele puxou uma respiração e um charuto do bolso. Abriu a janela e soprou a fumaça para fora.
— Eu sou instrutor de ninjutsu.
Ela lhe deu uma olhada que dizia que não iria engolir aquela de jeito e maneira nenhuma.
— Ok — ele volveu mordendo o charuto com um sorriso torto — eu sou um especialista em relíquias exóticas, ou sobrenaturais como você diria. Eu as resgato para colecionadores excêntricos.
— Relíquias sobrenaturais? Como o Santo Graal?
Ele deixou uma risada rouca encher sua garganta antes de responder.
— Não, relíquias sobrenaturais como Crânios de Cristal, itens amaldiçoados ou abençoados, entre outras coisas.
— E como se meteu nessa vida?
Ele apertou o maxilar e deixou sua cabeça cair contra o encosto do banco.
— Eu não escolhi. Fui criado para justamente lidar com esse tipo de coisa — ele fez uma pausa se lembrando do que ela havia dito no primeiro dia em que se conheceram — o treinamento ao qual fui submetido foi para aperfeiçoar meus dons e me tornar um radar de itens destoante.
— Destoantes? — Ela volveu franzindo as sobrancelhas.
Ele puxou novamente a fumaça do charuto, saboreando-a antes de novamente a soprar pela janela, lamentando seu vício.
— Nós vivemos em uma dimensão do Universo, mas todas as dimensões têm intersecções, os planos astrais de que tanto falam são nada menos que dimensões acima e abaixo de nós e os itens que vem dessas dimensões tem uma luminosidade e vibração específica que pessoas como eu podem perceber. Estamos indo para uma dessas intersecções.
— E agora, por curiosidade — ela continuou, apertando o volante — o que fazia naquela igreja?
Ele suspirou um pouco irritado com sua curiosidade.
— Eu trabalho para uma organização Católica chamada E Nomine — ele franziu as sobrancelhas, olhando à paisagem — há dez anos eles me ajudaram a sair de um sanatório — ele deixou escapar um risada rouca — por causa do meu dom ou como quiser chamar isso — ele moveu a cabeça quase a deitando sobre o próprio ombro, evitando o olhar de Indiana — eles me ajudaram a me reintegrar ao mundo. Digamos que meu chefe estava lá.
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Alessandro Beleni e a Cidade de Baixo
AventuraAlessandro Beleni tem um dom. Ele pode distinguir objetos que tem qualquer toque paranormal e graças a esse talento, quando ainda era criança, ele foi sequestrado por um clã de ninjutsu onde, como um escravo, ele serviria recuperando artefatos preci...