Corrompia
No fura fila do dia a dia
Corrompia
Na sonegação de imposto
Corrompia
No troco errado na padaria
Corrompia
Na cola da prova do colega
Corrompia
No estímulo da pirataria
Corrompia
Na carteirada na cara do guardinha
Corrompia
No furto de tv a cabo do vizinho
Corrompia
Na carta do baralho escondida
Na vontade de se dar bem a qualquer custo
Na aceitação da vantagem indevida
Pelo simples gostinho de lucro fácil
Corrompia
Tua alma corrupta
Corrompida pela necessidade de ganhar a vida
Molhava a mão
Furava a fila
Estacionava na vaga exclusiva
Deturpada pelo jeitinho brasileiro
Corrompido era o sangue que na veia corria
corrompia-se o incorruptível pela simples corrupção de todos os dias.
Marcos Malagueta
Manaus, 26 de junho de 2018.
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Café amargo
PoëziePintura de uma realidade amarga. Capa criada por: @maisumamelancolica