Na sua insensata forma de ser
Fazia das cores e dos antigos amores de tintas para colorir o seu constante tédio e solidão
E corria por todas as direções, mas os seus pés descalços e sujos o levavam apenas para um lugar
O seu próprio ego
Não se preocupava se havia encontrado a luz ou a escuridão
Os seus olhos somente guardavam os risos de uma manhã chuvosa de domingo e a amarga trilha deixada em sua mente pelo apego e pelo desassossego
Era desconcertante o grito de um silêncio pragmático e irritante.
Não sentia abstinência de lábios entrelaçados ou de peles encharcadas de suor
Sentia falta da mão para afogá-lo em adrenalina e do convite ao descompromisso com a realidade
Não era um deleite pelo odor que exalava o complexo, apenas uma declaração de guerra à insignificância
Era o medo de não conhecer o último capítulo que o destruía
Já estava fascinado pela simbologia dos antigos poetas e acorrentado pelo encanto e vício que uma dramática história poderia causar
Nunca cansava de desenhar em sua biografia clichês de noites alucinantes e arrependimentos de decisões mal decididas.
Era a incerteza do sabor da bebida que tornava eterno o efêmero e viciante o premeditado sussurro de cilada.
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Café amargo
PoesiaPintura de uma realidade amarga. Capa criada por: @maisumamelancolica