Sirva-me uma cilada. Por favor!

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Na sua insensata forma de ser

Fazia das cores e dos antigos amores de tintas para colorir o seu constante tédio e solidão

E corria por todas as direções, mas os seus pés descalços e sujos o levavam apenas para um lugar

O seu próprio ego

Não se preocupava se havia encontrado a luz ou a escuridão

Os seus olhos somente guardavam os risos de uma manhã chuvosa de domingo e a amarga trilha deixada em sua mente pelo apego e pelo desassossego

Era desconcertante o grito de um silêncio pragmático e irritante.

Não sentia abstinência de lábios entrelaçados ou de peles encharcadas de suor

Sentia falta da mão para afogá-lo em adrenalina e do convite ao descompromisso com a realidade

Não era um deleite pelo odor que exalava o complexo, apenas uma declaração de guerra à insignificância

Era o medo de não conhecer o último capítulo que o destruía

Já estava fascinado pela simbologia dos antigos poetas e acorrentado pelo encanto e vício que uma dramática história poderia causar

Nunca cansava de desenhar em sua biografia clichês de noites alucinantes e arrependimentos de decisões mal decididas.

Era a incerteza do sabor da bebida que tornava eterno o efêmero e viciante o premeditado sussurro de cilada.

Café amargoOnde histórias criam vida. Descubra agora