Capítulo 7 - Híbrido

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Justin continuou, a sua vida/morte já não sabia bem, acabou por se habituar ao sangue, ao seu cheiro, e sabor deliciosos.
Delmiro tinha um fornecedor de sangue, que era uma enfermeira num hospital ali perto.
Não teriam que fazer mal a ninguém, não teriam que sugar, matar, para comer, isso era mesmo uma questão de control, não morder, o que ao início era difícil, os sentimentos e reações estavam mais apuradas, e por vezes quase animais ou selvagens.
Daí a necessidade, de ter um sítio distante de tudo e todos, para que ao início, tivessem tempo de lidar e controlar, tudo aquilo, que se passava nos seus corpos e sentimentos.

Justin estava com muitas dúvidas, não sabia o suficiente, para começar uma nova vida.
Mas como uma criança, ele estava com uma sensação incrível, sentia-se invencível, destemido, doido.
Características completamente novas para ele.

Justin decidiu que queria sair daquele quarto.
Assim que acabou de pensar, chamou Delmiro que entrou prontamente.

- Acho que me posso controlar, não tenho motivos para continuar aqui preso, a sua mãe precisa de saber que está vivo, quer dizer...

- Temos muita coisa para fazer por aqui, gostaríamos muito de ter o prazer da sua ajuda e companhia, sinto que somos uma família, espero que venha a sentir o mesmo, de alguma forma, isto uniu quem foi vítima, tal como o Justin, e une todos os que de alguma forma se sentem e são diferentes do resto da humanidade.

Após alguns segundos de silêncio, Justin cabisbaixo respondeu

- Para todos os efeitos, sim somos umas família unida pela fome vuraz de sangue. E como numa família existem diferenças.
Estou pronto para tudo, infelizmente, sinto que faço mesmo parte de uma minoria.
Tudo vai correr bem, pior talvez seja um desafio, mas já estou pronto para tudo. Só sei que pouco sei, por mais que saiba.

Justin confiante, levanta-se, veste-se, bebe um shake, e sai porta fora.
Começa por conhecer melhor a casa e as pessoas que já se encontravam lá.
Conhece, a rapariga maléfica, Cristiane, que não era tão maléfica assim.
Inclusive, era simpática, preocupada, atenciosa, nada do que pareceu ao início.
Cristiana ria-se á gargalhada, enquanto falava com 5 outras pessoas.
Todos estavam sentados a uma mesa, cheia de comida e bebida.
A lareira estava acessa e queimava troncos enormes.
Ele passou, todos o olharam e foi Cristiane, quem se levantou num salto,e dirigiu-se a Justin.

- Vamos, apresento-lhe o sítio. - Diz ela juvial e confiante.

- Ok, prefiro que você não me apresente mais nada hoje obrigado. - Respondeu Justin rudemente.

Foi para o terreno adjacente á casa, era enorme, ao fundo tinha um celeiro do tipo americano, enorme, um curral com meia dúzia de porcos, galinhas, cabras, vacas, dois bois, um estábulo com 6 cavalos.
Parecia pequena vista de frente, mas na verdade, era enorme, tudo o que se escondia atrás da casa.
Visto de frente, o estábulo, o celeiro, nada daquilo existia estava tudo quase que magicamente colocado de forma que não se via nada.

Cristiane explicou que a quinta era auto suficiente, vendia-se tudo no mercado ali perto.
Havia várias árvores de frutas e uma pequena horta onde predominava a cenoura a alface, couves, batatas, tomates, milho, trigo.
Era uma enorme variedade de tudo o que havia para plantar.
Em hortinhas mais pequenas, podia se ver vários tipos de temperos, como salsa, coentros, ervas desconhecidas, alho, e chás de vários tipos.

Os cavalos, eram lindos e bem cuidados, dois brancos muito brilhantes e musculosos, 2 castanhos, e 2 pretos, todos lindos, e bem tratados, uns mais nervosos com a entrada de Justin, outros comiam despreocupados.

O curral tinha porcos enormes, era dividido em três partes, uma coberta que parecia ser onde dormiam, outra com lama mal cheirosa, e outra para andarem com relva bem grande, onde estavam 4 deles.

As galinhas, estavam a comer milho, tinham uma capoeira, e uma parte onde podiam passear á vontade, coberta por uma rede, que não as deixava sair daquele espaço labiríntico de caminhos e redes onde todos os caminhos iam dar á capoeira, o galo estava da parte de fora completamente á vontade, solto na quinta para fazer o que bem entendesse.
As cabras eram todas brancas, com pelos brilhantes, comiam relva, muito habituadas a pessoas, nem olharam para Justin e Cristiane.

Parecia tudo visto por ali, Cristiane voltou-se para Justin.

- Bom tem muito para aprender amanhã, não se canse mais hoje ok? - diz de forma brincalhona.
Ao ver o ar de entusiasmo de Justin, quando olhava á volta contente, com um sorriso contagiante, era óbvio que gostava de animais, e Cristiane percebeu isso.

Reparou que havia uma casa pequena, onde tinha bidões de leite e vários tipos de queijos a secar.
Havia um fumeiro, com pernas de presunto, chouriços, e farinheira, a fumar.
Outras já se encontravam prontas em cima de uma mesa.
Bidões de azeitonas, e azeite estavam também ali reservados.
Justin cheirava tudo, mas não tinha vontade de comer nada daquilo cheirava maravilhosamente bem e pior que isso, devia saber ainda melhor mas infelizmente já não comia nada daquilo.
Cristiane, apareceu por trás dele.

- Então, já sabemos o lugar de todos é de quase tudo, vamos alimentar alguns animais, e enquanto eu rego a horta maior, o Justin rega as mais pequenas.

- Ok. - disse Justin ainda desconfiado.

E assim, um foi para um lado, o outro para o outro, e de vez em quando miravam-se um ao outro, e esboçavam um sorriso envergonhado.
Justin, não era indiferente a Cristiane, nem visse versa, eles sentiam-se ligados um ao outro.
Cristiane, achava Justin, confiante, robusto, destemido, era muito bonito, feições bem delineadas, um ar exótico.
Já Justin, tinha tido várias opiniões, primeiro, a rapariga maléfica, agora a rapariga, que buscava encontrar em todas as esquinas.
Talvez toda a situação, toda a mudança, embora por um lado tenha feito Justin sentir-se mais forte, por outro também se achava diferente.

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