A armadilha

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O ar condicionado do carro não está dando conta de me esquentar por causa do frio que está fazendo lá fora.

E com certeza não está esquentando Elisa já que a mesma está encolhida e tremendo a mandíbula de frio.

"Eu vou virar um picolé aqui, não tem como aumentar o ar condicionado?". Ela pergunta se encolhendo mais ainda. Nego com a cabeça.

"Está no máximo". Ela suspira forte de raiva. "Mas sabe um lugar onde tem um clima bem tropical que nós podemos nos esquentar?". Tiro o meu olhar da estrada para ver uma Elisa esperançosa com a minha proposta. Ela faz um gesto com a cabeça para que eu prossiga. "O Brasil". Sorrio e volto a olhar para a estrada.

"Pare de brincar com isso".

"Não, eu estou falando sério...". Ela me olha novamente com uma expressão de dúvida, porém consigo ver seus lábios levemente curvados para cima, demonstrando felicidade. A garota deve gostar de lá.

"Está querendo dizer que...". Ela espera eu terminar a frase e eu sorrio.

"Não posso confirmar que iremos exatamente agora para lá, mas se tudo der certo estaremos em terras brasileiras o quanto antes". Sua pequena expressão de felicidade de segundos atrás se transformou em um lindo sorriso de orelha a orelha.

Porém ele rapidamente desaparece quando ela começa a pensar um pouco.

"Eu não posso deixar você pagar uma viagem para mim Tom, a gente mal se conhece!". Reviro os olhos ao lembrar que Simon disse exatamente a mesma coisa só que em outras palavras.

"Elisa entenda, isso é á trabalho, a viagem vai nos ajudar no caso e você deve ir junto".

"Então isso quer dizer que eu estou meio que trabalhando no caso também?". Aceno com a cabeça.

Não tinha parado para pensar nisso, mas não é nenhum incomodo ter Elisa ajudando no caso, muito pelo contrário vai mudar bastante a dinâmica já que sempre fomos só Simon e eu.

"Você não precisara pagar nada, só preciso de todos os seus documentos o mais rápido possível". Ela concorda. "O único problema é a sua faculdade...".

"Eu raramente falto, então não precisa se preocupar com isso, em questão de conteúdo eu acho que aprendo sobre psicologia comportamental mais com você do que com qualquer professor".

Sorrio involuntariamente com o elogio.

"Você corou... Está envergonhado". Ela afina a voz como se estivesse falando com uma criança ou um bebê.

"Não... Minhas bochechas sempre ficam vermelhas no frio".

"Sabe, para um detetive você mente muito mal".
                            ***
Volto para a delegacia depois de deixar Elisa na universidade, e a primeira coisa que faço é discar o número daquele babaca.

Infelizmente eu preciso da permissão dele para qualquer coisa que custe algum dinheiro da policia.

"Thomas! A que devo a desonra de receber uma ligação sua?".

"Preciso que providencie uma viagem para o Brasil com hotel incluso, para duas pessoas". Ouço a sua risada do outro lado da linha.

"Está achando que eu tenho cara de agência de viagens?".

"É para o caso da Annabeth". Sua risada para no instante em que minhas palavras são ditas.

Caso da Annabeth são as palavras mágicas para qualquer coisa que você queira do Bruce. Querendo ou não ele é um dos mais prejudicados com toda essa confusão que ela vem causado.

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