Ao levar Elisa para a sua casa acabo descobrindo que o lugar onde ela fica nos finais de semanas não é bem uma casa própria para ela. A garota se hospeda em uma casinha onde ela paga mensalmente para a verdadeira proprietária um valor mensal que sai bem mais barato do que pagar um hotel todo santo final de semana.
O que eu ainda estou tentando descobrir é por que ela vai para essa casinha aos sábados e domingos?
***
Pov SimonApós sair do bar penso apenas em conversar de novo com aquele homem vitima do assalto a loja de conveniência.
Algo no jeito que ele descreveu o assalto não bate com a personalidade de Annabeth, e isso está me deixando maluco.
Thomas é um imbecil por ter ignorado essa questão, por incrível que pareça aquela garota que parecia inútil disse algo que me ajudou a pensar que:
Aquilo na loja de conveniência não foi só um roubo...
Foi mais uma das chantagens de Anna.
Mesmo tendo quase certeza disso, não posso tirar conclusões precipitadas.
O único problema é que eu não sou tão bom em dialogar com pessoas tanto quanto Thomas, eu sou bom em acertar um tiro na cabeça delas, mas se o preço para confirmar a minha teoria é ter que se passar pelo "cara que compreende exatamente o que você está sentindo" então eu irei fazer.
Peço para o taxista ir ao endereço da lojinha, no caminho vou tentando armar alguma conversa em mente para que possa fazer aquele homem me confessar o que eu quero ouvir.
Em alguns minutos o motorista para o veiculo em frente à loja e eu saio para entrar no comércio. Está tudo bem vazio já que é um pouco tarde.
Avisto o meu alvo no caixa mexendo em algo no seu celular, começo a pensar em colocar meu dialogo em ação até que meu plano vai por água abaixo assim que vejo quem eu menos esperava ver por aqui.
***
Pov Thomas CarterAcordei de manhã com um incomodo dos infernos no maxilar, tomei um remédio para dor tentando pelo menos aliviar.
Estranhei quando peguei o celular e tinha várias ligações perdidas de Simon, e quando tentei retorna-las só dava caixa postal, comecei a me preocupar já que ele não se encontrava no apartamento pela manhã.
Agora estou dentro do carro com a ansiedade a flor da pele após receber uma mensagem de Elisa dizendo que há algo de importante para me falar e não era bom dizer por telefone, então me mandou busca-la em sua casa.
Espero bastante tempo até que perdendo a paciência resolvo pegar o celular e ligar para ela, assim que desbloqueio o aparelho mudo de ideia ao ver que chegou uma nova mensagem da mesma.
Elisa: Sai do carro e vem me ajudar, agora.
A mensagem não diz mais nada.
Rapidamente comecei a pensar que é para ajudar com a bagagem, porém mudo totalmente meu pensamento quando avisto Elisa falhando em ser um apoio para Simon que está com a perna enfaixada e de muletas.
Não tenho tempo de pensar ao começar a correr para a frente de uma casa azul acinzentada ajudando meu amigo sendo uma espécie de apoio.
“Não precisa disso, eu já tenho as muletas”. Penso em responder Simon, mas sou interrompido pela garota que está fechando a porta da casa.
“Deixa de ser teimoso, Thomas segure ele direito antes que os dois caiam, e eu não vou ajudar ninguém a se levantar”. Seu tom de voz é de alguém que esta extremamente brava, pela primeira vez vejo Simon cumprir uma ordem sem retrucar ou revirar os olhos.
Assim que ela termina de fechar o portão pega as suas malas e ao passar por mim retruca algo como:
“Da próxima vez atende a porcaria do telefone”. E com isso passa direto indo em direção ao carro.
“O que aconteceu?”. Pergunto finalmente com o braço direito do Simon por volta do meu ombro fazendo ele se apoiar em mim.
“Annabeth, isso que aconteceu”. O olho confuso ainda não entendendo. “Se tivesse atendido a merda do telefone você estaria sabendo”.
“Agora vai ficar do lado da Elisa?”.
“Diferente de você ela atende o telefone”. Reviro os olhos com raiva por estar sendo julgado sem ao menos saber do que eu estou sendo julgado.
Andamos até o carro onde Elisa está escorada esperando eu abrir o porta-malas.
“Que foi? Não consegue abrir porque não alcança até o final?”. Ela não ri.
Momento errado para se fazer uma piada Thomas...
Entramos no carro e eu não sei se resolvo falar ou não, Simon está no passageiro e Elisa no banco de trás.
“Quando eu sai do bar ontem a noite, fui para a loja que foi assaltada esses dias com o objetivo de tentar conversar com aquele estagiário que nós investigamos, eu tinha outras perguntas a fazer”. Simon começa falando e eu fico aliviado.
“Eu só não imaginava que ao entrar na loja iria avistar Annabeth conversando com o mesmo”.
Eu o olho surpreso, Anna não está com um pingo de cuidado para não ser reconhecida.
“Entrei em desespero porque não sabia se era Elisa ou se era Anna, até que tirei minhas próprias conclusões quando a gêmea me olhou e não me reconheceu, então obviamente era Anna”.
Olho para Elisa pelo retrovisor, a mesma está prestando atenção na janela de braços cruzados mesmo assim tenho certeza que está ouvindo a conversa.
“Não tive tempo de pensar porque aquele babaca provavelmente avisou Anna que eu era o policial que estava a sua procura, ela pegou uma arma e atirou, errou o primeiro tiro, mas o segundo acertou na minha perna”.
“Espera, ela não acertou o primeiro?”. Elisa se manifesta curiosa, Simon nega com a cabeça.
“Na verdade, fiquei surpreso dela acertar o segundo...”. Meu amigo comenta.
Agora faz sentindo o porque dela não cometer os próprios crimes, a gêmea deve ser horrível em habilidades desse porte.
“E como você foi parar na casa da Elisa?”. Pergunto curioso com esse fato.
“Ele me ligou depois de você não atender as ligações, Anna e aquele cara fugiram e deixaram ele na lojinha, peguei o carro emprestado de uma amiga e corremos para o hospital”. Elisa diz. “Depois disso voltamos para a minha casa”.
“Me lembra de nunca deixar ela dirigir meu carro, essa garota ignora totalmente qualquer limite de velocidade”. Simon comenta e eu aproveito para olhar mais uma vez Elisa pelo retrovisor que solta um pequeno riso, acabo fazendo o mesmo.
“Ah não... Você não deixou ela dirigir meu carro, deixou?”. O olho sorrindo e ele me dá um soco no braço. “Se tiver um arranhão sequer eu mato vocês dois”. Depois disso ele cruza os braços.
Nós dois rimos enquanto continuo olhando para a garota... Começo a pensar bem e acabo lembrando que Simon dormiu casa dela.
E eu realmente espero que não tenha sido no mesmo quarto...
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Engano
Mystery / ThrillerO passado é algo que com certeza não podemos mudar. E se você tiver algo de ruim a esconder, terá que conviver pro resto da sua vida com isso. E acredite, não tem como concertar completamente, eu tentei. Porque quando se quebra um vaso caro, ele nun...