Capítulo 5

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Malu

Dou espaço para Max entrar no apartamento. Sei que não deveria nem olhar para a cara dele, mas o que eu posso fazer se o meu coração bate mais forte por ele e o que mais anseia no momento é que o Max me pegue nos seus braços e diga que eu sou a mulher da vida dele?

Olhando agora para ele, me pergunto como eu não notei que ele era uma pessoa rica. Ele sempre teve essa postura impecável, esse andar calculado, bons modos e gentileza que não se vê mais em quase ninguém, além de sempre saber se portar em todos os lugares impecavelmente. Está certo que eu nunca conheci sua família, nem sua casa. Ele dizia que seus pais moravam em outra cidade e que ele dividia um apartamento pequeno com outros homens. Por isso não me levava lá. E a trouxa sempre acreditou em cada palavra que ele disse.

Max parece nervoso, ele passa as mãos pelos cabelos diversas vezes. Até que vira e olha para mim. —É verdade que você está grávida?

Respiro fundo tentando ficar calma. —Sim, Max. Eu estou grávida. Ainda não sei com quanto tempo estou porque ainda não fui ao médico. Mas com toda certeza estou esperando um bebê.

Ele me olha por alguns segundos, e eu peço a Deus que ele caia em si e diga que me ama, que acredita em mim, e que vamos ser uma família. Mas ele parece cair em si e volta a ter a mesma frieza de ontem. —E você acha que a criança é minha?

Uma raiva me consome nesse momento. Eu não vou mais abaixar minha cabeça. —Como assim eu acho que essa criança é sua? É obvio que é sua. Quem foi que tirou minha virgindade e jurou amor eterno para mim? Quem esteve comigo no último ano e jurou passar o resto da vida comigo? Que porra de pergunta é essa?

—Quando foi que você descobriu que eu era rico? — Ele diz em um tom sério.

—Você está louco? Até ontem eu achava que você era um office-boy naquela merda de empresa que nos conhecemos.

—Para de mentir porra!!! Eu fui um idiota, um imbecil, que me deixei cair no seu papinho de menina inocente e pura! Tão idiota que ia te propor casamento e colocar o mundo aos seus pés. E o que recebo em troca? A porra de um golpe da barriga. — Ele diz cada palavra se aproximando de mim. Eu vou recuando, mas acabo batendo em uma parede. Ele está praticamente em cima de mim. —Você acha que é a primeira que tenta isso? Me diz, você acha? Esse golpe é mais velho que a minha avó! — Ele grita no meu rosto e segura meu braço com força.

—Me solta Max.

—Eu não te solto porra nenhuma!!! Você tem ideia do quanto você me destruiu? Eu te amei!!! Você teria a vida de uma rainha, eu ia te dar tudo o que a vida tem para oferecer.

—Eu nunca quis nada Max. Eu só queria você.

Ele sorri de forma sarcástica. —Pode parar com essa encenação, porque para mim já deu. Eu jurei que nunca mais ia me apaixonar, mas acabei caindo louco de amor por você. Eu realmente acreditei em cada momento que tivemos juntos. E para que? Para mais uma vez ser apunhalado. — Ele diz e aperta ainda mais o meu braço.

—Me solta agora Max!!! Você está me machucando!!!

Vejo que o olhar dele fica perdido, mas ele logo volta a si e aproxima ainda mais o rosto do meu.

—Escuta bem o que eu vou te dizer: Se você realmente estiver grávida e esse filho for meu, eu vou mover os céus e a terra para ter ele comigo. Vou colocar os melhores advogados atrás de você e vou provar para qualquer juiz que você não passa de uma puta interesseira que quis me dar um golpe. A criança vai ser minha, e você nunca mais vai colocar os olhos nela.

Fico estática. Não acredito que ele vai ter coragem de fazer isso comigo, não o meu Max.

Mas esse não é o Max que você conheceu.

Nesse momento sinto o Max sendo tirado de cima de mim e vejo um Bento furioso ficando na minha frente, como se fosse me proteger de todo mal do mundo.

—Você está maluco, Max? Ela está grávida porra!!!

—Ahhhh... chegou quem estava faltando. — Max diz com sarcasmo. —O defensor da Malu.

—Sai daqui agora, ou eu não respondo por mim.

—Tá defendendo a amiguinha ou a mãe do seu filho?

Bento cerra os punhos e ameaça avançar no Max. Mas nesse momento eu fico cega de ódio e esqueço que estou grávida, empurro o Bento e acerto o rosto do Max com toda força. Ele levanta a mão para revidar e eu grito. —Isso! Bate Max. Mostra quem você realmente é! — Fico bem na frente dele, abaixo meu tom de voz e digo. —Eu vou te falar uma última coisa. Quem não quer mais olhar para a sua cara sou eu! Esquece que eu existo, porque eu não quero nunca mais te ver. Você conseguiu destruir o pouco do respeito que eu ainda tinha por você. O meu filho vai crescer sem pai, porque eu não vou deixar um mentiroso filho da puta como você chegar perto dele. — Eu bato no meu peito e continuo. —Eu vou matar esse amor que eu sinto aqui dentro. Porque a partir de hoje, aqui dentro só tem espaço para o meu filho. Agora some daqui!!!

Sinto que ele não esperava por essa reação minha. Ele me olha com incredulidade. —Isso não acabou Maria Luísa. Se esse filho realmente for meu, o que eu duvido muito, você não vai nem olhar para o rosto dele.

Ele diz isso e sai. No mesmo instante viro e olho para o Bento. Uma tontura me bate e minha vista fica turva. A última coisa que me lembro é do Bento correndo na minha direção e gritando "Maluuuuu".

Caminhos Traçados - Retirado em 11/02Onde histórias criam vida. Descubra agora