Capítulo 15

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Nota sobre o capítulo: por favor, não me odeiem.

A festividade estava correndo de forma maravilhosa, com todos os convidados e moradores da cidade se divertindo imensamente. O vinho corria solto, assim como a música e as risadas. Comentários sobre a beleza da noiva (e do noivo) foram muito realizados.
A troca de votos foi realizada, e uma sacerdotiza os abençoou, selando assim a união. Agora estavam todos pelas ruas, enquanto a família, os amigos mais próximos e os convidados de honra das outras cortes estavam numa grande tenda que foi montada nos terrenos da propriedade em que Rhys e Feyre moravam.
Os grãos senhores das cortes Diurna. Estival e Crepuscular haviam vindo. Pelo que dava para ver, as boas relações entre aquelas cinco cortes estavam se tornando mais duradouras. Depois de Thesan contar à Grã Senhora da Corte Noturna sobre a condição de sua gravidez dupla, os dois haviam se aproximado e acabaram por se tornar amigos.
Esta estava agora num dos cantos da ampla entrada, olhando o céu multicolorido do entardecer, quando a taça que segurava escapou de seus dedos e bateu no chão. Como se cada um dos presentes percebesse que algo estava errado, o silêncio foi se instalando aos poucos. Então um tump-tump-tump foi ouvido.
E então um enorme rombo foi feito na bonita lona da tenda, e a figura encapuzada do passado surgiu, e com ela uma névoa espessa que colocou os presentes a tossir.
Como se esperando educadamente que todos se recompusessem, ela esperou. Olhou para a cena ao seu redor com atenção. Rhys havia corrido e se aproximado de onde sua parceira estava, e os noivos estavam abraçados, já tendo se recuperado e olhando para ela de olhos arregalados. Pela forma como o noivo se concentrava, devia estar tentando usar seus poderes nema de forma infrutífera. Conteve uma risada enquanto continuava a prescrutar o que agora ela considerava sua plateia. Kallias amparava a parceira grávida, que parecia meio enjoada, enquanto Tarquin tentava afastar o pouco pó que ainda flutuava de longe de sua esposa e de seu filho recém nascido. Thesan estava lado a lado com o belo macho alado que era seu companheiro, e os dois tentavam ver se alguém estava ferido ou precisando de ajuda de algum tipo. Helion espanava o pó de suas vestes, enquanto chamava seus guardas, mas nem um sinal desses.
Já os outros estavam mais para trás, perto dos fundos da tenda. Os machos lideravam, como se formassem uma barreira defensiva, Cassian, Azriel e Lucien lado a lado, assim como Morrigan, que já estava com uma lâmina afiada na mão, pronta para lutar. Mais atrás destes estavam Nestha e Elain, as outras humanas transformadas, além das crianças e mais algumas pessoas que para ela não faziam a menor diferença. Amren e Varian não estavam presentes, mas isso não a incomodou em nada.
- Olá, meus queridos. - Disse em seu tom mais agradável, quando estava certa de que tinha a atenção de todos os presentes. Alguns guardas tentaram avançar, e ela ergueu a mão em direção a eles. Helion colocou uma barreira antes que seu ataque os acertasse, e os fez recuar. Ela riu pois o Grão Senhor havia acabado de gastar parte de sua limitada reserva de poderes com meros serviçais. Tolo. - Roran e Bronagh, parabéns! - Seu tom foi caloroso, ao se voltar para os dois, e com a força da mente atirou uma mesa enorme onde antes o banquete estava sendo servido em sua direção.
Roran puxou Bronagh para o chão e cobriu o corpo dela com o seu de forma protetora, enquanto um grande 'crack' ecoava, quase fazendo eco de tão alto que soou.
- Roran! - Feyre gritou. Tentou então ir em direção ao filho, mas sua mente começou a ficar enevoada, e se Rhysand não a tivesse segurado, provavelmente teria caído. Observou aliviada quando os dois caídos se moveram e então se ergueram, abalados mas ilesos.
- Quem é você? Mostre-se, ou além de uma trapaceira que se vale de faebane, também é uma covarde? - Tarquin exigiu.
Ergueu as mãos num gesto fluído, e então o capuz e logo todo o manto caiu no chão. Arquejos foram emitidos.
- Não é possível. Tamlin disse que queimou seu corpo. - Foi Thesan quem falou agora.
- Tsc, tsc. Ele queimou o corpo de minha irmã. De fato foi uma infelicidade que ele tenha feito isso, já que teria sido tão mais divertido se Amarantha estivesse aqui agora.
- Clythia. - O tom de Rhys combinava com seu choque e resignação, como se estivesse surpreso, mas não devesse estar.
- Ao seu dispor. - Ela respondeu, com uma reverência e uma risada debochada. - Sabe, o meu Tam me contou que você foi a puta da minha irmã. Eu esperava um pouco mais. - O tom de voz que a fêmea usou foi displicente. - Quer dizer, ela ia se casar com ele. - Riu com escárnio para Feyre então. - Parece que vocês duas têm gostos parecidos. Já eu sempre preferi os loiros. - Clythia lambeu os lábios de forma lasciva, e todos entenderam que ela e Tamlin eram amantes.
Como se isso não fosse o suficiente, o próprio Grão Senhor da Corte Primaveril invadiu a tenda.
- Eu sabia que encontraria você aqui. - Ele praticamente rosnou e avançou para ela.
Agindo rapidamente a mulher correu e se jogou nos braços dele. Como estava despreparado, ele extendeu seus braços por reflexo e a segurou. Aproveitando essa deixa Clythia passou os braços por seu pescoço e o puxou para baixo, o beijando ali para que todos vissem.
Tamlin se soltou e se afastou dela, o rosto perplexo.
- Ah, meu bem! Que bom que você veio me ajudar. As informações que você me deu estavam todas corretas, aliás. Foi muito fácil me infiltrar na festa. Obrigado.
O macho fez um esgar de fúria, percebendo o jogo que ela fazia.
- Pare com suas mentiras venenosas. Eu vim aqui parar você! - Ele rosnou, enquanto suas garras muito afiadas despontavam de seus dedos.
- Mas e o nosso filho? E a nossa família? - O tom de voz dela foi dramático, mas a ameaça velada foi captada por ele imediatamente. Engolindo em seco, Tamlin desviou os olhos e engoliu em seco, ficando calado.
Clythia sorriu meigamente, o triunfo visível em seus olhos enquanto ia até onde Roran e Bronagh estavam parados.
- Saia daqui, sua imunda. Vocè devia ter continuado morta. - Bronagh gritou para ela, com odio, avançando. Sua mão estalou quando encontrou a lateral do rosto da outra, quebaté mesmo cambaleou com a força do golpe. Mas quando voltou a olhar para a jovem, seu rosto estava torcido num sorriso grotesco. Rindo quanse histericamente ela usou a força da mente para fazer Bron cair de joelhos. Com um grito, ela se dobrou, e sangue jorrou de sua boca, como se tivesse acabado de levar um golpe muito forte no estômago.
- Não! - Roran se atirou para cima de Clythia, e usando seus poderes a atirou com toda força perto da entrada. O tempo todo Tamlin estava parado, observando, como se lutasse uma terrível batalha interna.
A fêmea nem chegu a cair. Apenas parou, mas seus dentes estavam expostos e pontiagudos agora. Ela avançou para Roran, e quando os outros fizeram mensão de ajudá-lo, ela liberou uma onda de poder tão forte que os derrubou no lugar. O faebane que ela havia jogado quando chegou ainda fazia efeito, e todos estavam instaveis.
Com um golpe de força mental, ela atingiu o jovem no peito, e este ficou caído no chão, imovel.
- Roran! - Feyre gritou. Rhys deu um passo em direção ao filho, olhou a parceira, e depois que ela sussurrou 'estou bem' enquanto se apoiava numa das madeiras da entrada, ele correu até onde ele estava caído.
Bronagh também havia se arrastado e estava deitada sobre ele, chorando.
Como se o tempo se esticasse e ficasse lento, Clythia se aproximou de onde Feyre estava. Os outros estavam muito preocupados com o jovem desacordado para perceber. ApenasbTamlin observava.
- Clythia. - Seu tom implorava.
- Mas meu querido, eu estou fazendo isso por você também. Afinal ela o trocou por ele. - O tom dela quase parecia sensato. Ela lhe lançou mordaças mentais, o fazendo ficar calado, ebpara todos que agora observavam, era como se ele tivesse concordado com seu silêncio.
De onde estava, Feyre respirava com força, uma mão segurando a barriga e a outra agarrada a madeira para se manter de pé.
Um movimento captado pela visão periférica mostrou que Rhys havia senlevantado e vinha correndo, só para ser parado por uma barreira invisível. Clythia lhe deu um sorriso debochado sobre o ombro e então fixou os olhos na fêmea grávida à sua frente.
Ao se aproximar mais, ela tocou rosto suado da outra quase com carinho.
- Shhh minha querida. Você não pode se exautar tanto. - Praticamente arrulhou, enquanto acariciava a testa de Feyre. - As gravidezes são perigosas para nós. Eu sou uma curandeira, acredite, eu sei. - A mão de Clythia foi para a barriga da Grã Senhora então, e a tocou quase com reverência. - Principalmente quando são dois bebês. Duas vidas. - As últimas duas palavras foram sussurradas. - Assim como eu e Amarantha. Ela era um pouco mais velha, mas eramos tão parecidas que achavam que eu era sua gêmea. - A mão dela se afastou agora, seus dedos ficando crispados. - Ela sempre sabia como eu me sentia. Ela me protegia. - Surgiram garras enormes como adagas em sua mão agora. Negras e tão afiadas que brilhavam nas laterais. - Foi por mim que ela matou Jurian. Por mim que ela conquistou Prythian. E então você apareceu. E por sua causa ela esta morta.
Com um impulso para reunir o máximo de força, Clythia enterrou essas garras no ventre de Feyre. O tempo pareceu parar. O silêncio foi cortado apenas pelo som aquoso quando ela retitou as garras e o sangue jorrou em abundância pelo chão. E então o grito de agonia mais aterrorizante saiu dos lábios dela, enquanto seus joelhos dobravam e ela caía. Um eco desse mesmo grito era emitido por Rhysand, que conseguiu reunir poder suficiente para romper a barreira. Porém antes que qualquer um deles chegasse até ela, Clythia ja havia partido.

Corte de Gelo e Escuridão - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora