2 - O diabo loiro

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"Você diz que não gosta disso, mas garota eu sei que você é uma mentirosa, porque quando nós nos beijamos, fogo".

Fire
Bruce Springsteen


O local não parecia tão perigoso quanto a amiga de Maya previu, o que logo fez seu coração desacelerar, enquanto um sorriso largo espalhou-se em seu rosto. Nunca esteve em um lugar como aquele, frequentado por pessoas mais velhas, de um mundo tão diferente do dela.

Examinava a ida e vinda das pessoas no salão country. A pista de dança lotada de casais animados. Um espaço mais reservado com algumas mesas de sinuca, onde se concentravam alguns vaqueiros e o enorme touro mecânico do lado esquerdo do salão, roubando a atenção daqueles que competiam para ver quem ficava mais tempo montado.

Entretanto o que mais chamou sua atenção foi o aparelho de jukebox que ficava próximo ao balcão do bar, era de uma nostalgia que a encantava. Das caixas de som saia a boa e velha música country na voz de Bruce Springsteen.

Naquela noite tudo parecia diferente.

Havia uma brisa morna no ar, tornando a noite mais fresca que de costume. Maya gostava das noites úmidas de verão. Sabia que precisava daquele calor para amenizar o mar de gelo crescendo em seu interior.

- Isso é uma tremenda loucura! - a voz de Manuela soou um pouco trêmula e roubou a atenção da amiga.

- Apenas uma noite, Manu! O que pode dar errado?

- Você quer mesmo que eu liste? Posso começar com o principal... Eles vão te reconhecer, Maya!

- Eu não saio por aí gritando aos quatro ventos que sou a filha do Charles Duncan, você sabe muito bem disso!

- Não é disso que eu estou falando, Miss River Oaks.

Maya usava o sobrenome da mãe para concorrer. Pelo menos em cima do palco, sorrindo e acenando, podia ser apenas Maya Summers, filha de uma professora do primário que amava concursos de beleza. Esse era o único motivo que a fazia competir: o amor que sentia pela mãe.

Costumava ficar encantada cada vez que ouvia a história de como seus pais se conheceram. Era muito nova ainda e acreditava em contos de fadas como qualquer garotinha ingênua. O rico empresário que se apaixonou pela bela miss e fez de tudo para conquistar seu coração.

Maya lembrava com perfeição do quanto a mãe tinha apreço pelos concursos de beleza e fazia questão de arrumar a sua bonequinha para concorrer. Para Scarlett Summers era de extrema importância que uma mulher soubesse valorizar seus atributos físicos e os concursos desempenhavam esse papel com maestria e elegância. Exatamente por causa disso, por mais que se incomodasse com a semelhança entre elas, procurava honrar a herança da mãe.

Olhou ao redor sem se sentir intimidada, mesmo sendo alvo de todos os olhares daquele lugar. Estava acostumada com a admiração masculina e até mesmo com a inveja que despertava nas mulheres, mas não se importava realmente com isso. No fundo, era apenas uma moleca em busca de encrenca.

- Eu poderia muito bem escolher qualquer homem desse lugar! Aposto que qualquer um daqui beija melhor que o Thomas.

A simples menção ao nome de Thomas Cullen fez seu estômago revirar. Não tinha nada contra o administrador das empresas Duncan e braço direito de seu pai, mas não conseguia se imaginar nem por um segundo casada com ele.

Depois de ouvir o que a amiga disse e analisar a expressão em seu rosto, Manuela finalmente entendeu os propósitos que a trouxeram para este lugar. Maya estava à procura de uma encrenca de chapéu e bota, bem diferente do homem engravatado que em breve se tornaria seu noivo.

APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora