"Quando as sombras da noite aparecerem e não existir ninguém para secar suas lágrimas, eu poderia abraçá-lo por milhões de anos, para fazer você sentir o meu amor".
To make you feel my love
Garth Brooks
O clima de festa na fazenda Duncan não combinava em nada com a profundidade dos sentimentos de Maya. A angústia incômoda, a irritação mal disfarçada, o amor e a dor disputando o espaço dentro do peito.Em apenas duas semanas, o mundo dela virou de ponta cabeça. Não havia motivo para comemorar. O único motivo que a faria levantar da cama e comparecer ao grandioso evento oferecido pelo pai, era poder encará-lo, olhos nos olhos, no momento em que ele descobrisse o que ela fez.
Apesar de tudo, Maya não se arrependia. Não agiu por impulso. Nem mesmo por amor. Usou o sobrenome que tanto desprezava para corrigir uma injustiça.
Mas nem mesmo o bem que fizera serviu para trazer-lhe paz. Nada mudaria o fato de que, mais uma vez, levou um coice do caubói de gênio indômito.
A bem da verdade era que não sabia se sentia mais raiva dele ou dela mesma. Taylor foi um grosso, um xucro, e ainda assim não conseguia tirá-lo de sua cabeça, quem dirá de seu coração. Havia nele algo de vital, concreto e rude que a encantava.
Desde o maldito momento que colocou seus olhos nele, sua vida ganhou um novo sentido, uma direção inesperada. Ela nunca soube o que queria, nunca, até que descobrir no azul dos olhos dele.
De repente, a raiva se foi e seu coração estava desolado. Ele amava outra mulher. E ela não sabia como disputar com uma lembrança. Não queria de jeito nenhum preencher um vazio deixado por outra. Era egoísta demais para isso. Queria tudo dele. Todo ele. Por inteiro. Maya não se sentia vazia como Taylor, se sentia cheia, repleta, transbordando de amor. Por causa de sua natureza tempestuosa jamais seria capaz de adestrar os sentimentos, e não fazia a menor ideia de como sufocar um amor que criou raiz sólida e profunda em sua alma.
Todas as noites, sentia falta do corpo grande preenchendo espaço na cama e dentro do seu corpo. Era como se pudesse sentir o peso dele sobre ela, o perfume impregnado na pele, as mãos tomando posse do que lhe pertencia. Estava obcecada por ele, pelo cheiro, pela voz, o olhar, tudo dele. Queria acordar ao seu lado e vê-lo antes de dormir. Espichar a sua perna debaixo do lençol e sentir a dele, enroscar-se entre as coxas másculas, deitar a sua cabeça no tórax largo, ouvir as batidas do coração, abraçá-lo e beijá-lo quando bem entendesse.
Mas ele não a queria.
E o coração pesava ainda mais depois de descobrir que ele tinha razão.
Maya se infiltrou na empresa Duncan com a desculpa de que finalmente dera ouvidos às frustrações do pai. Queria participar dos negócios da família, tomar conhecimento do que um dia seria seu por direito. Mais do que curiosidade, a desconfiança lhe corroía a alma. Precisava descobrir o que havia nas entrelinhas da discussão que teve com Taylor. "Você não faz ideia de quem seu pai é ou do que ele é capaz de fazer".
Poucos dias de convivência com o pai e o seu protegido, e Maya queria dar um jeito de desaparecer da face da Terra.
A cada reunião enfadonha se segurava para não mandar o bando de engravatados à merda, e sair pela porta da empresa para nunca mais voltar. Não tinha jeito. Aquela vida não era para ela. A empresa, Thomas Cullen, nada naquilo, nadinha mesmo tinha a cara dela. Preferia os ares da fazenda, a simplicidade da terra, o cheiro do mato e do seu homem. Pela primeira vez, percebeu que se sentia mais à vontade com suas botas de vaqueira do que com os saltos de executiva.
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APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)
RomanceEle é um caubói temido, que vive assombrado pelo passado. Ela é uma menina atrevida, que age sem pensar nas consequências. Eles são de mundos diferentes. De gerações diferentes. Um homem marcado por uma tragédia. Uma garota disposta a devolver-lhe...