8 - O touro bravo

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"Fico de olho neste meu coração
Mantenho os olhos bem abertos o tempo todo
Procuro não arrumar confusão
Porque você é minha, ando na linha."

I Walk The Line
Johnny Cash


Ele agiu por instinto.

Não parou para pensar. Só pisava no acelerador feito um condenado ao inferno, o coração na garganta, a boca seca e os olhos escurecidos de raiva. Percorreu o caminho que ligava a fazendo ao bar em menos de 20 minutos, o que parecia impossível, já que Hope River ficava a mais de 50 quilômetros de distância.

Mas assim que estacionou em frente ao Billy's o cérebro congelou. Tentava achar uma explicação razoável para o comportamento impulsivo que o levou de volta à diaba de olhos verdes. Todo o seu bom senso lhe dizia para manter distância. Então que diabos ele fazia ali?

Foda-se! Não ia analisar porra nenhuma! O sentimento que o dominava ultrapassava a razão e o bom senso.

Desceu da picape convencido de que estava preocupado apenas com a integridade física da menina, afinal ela sofria os efeitos emocionais da grosseria dele. Talvez tivesse usado palavras duras demais. A verdade era que seu lado protetor fora acionado sem que ele se desse conta. A menina era jovem, linda, impulsiva, e atraía a atenção dos tipos errados. A pouca idade e o jeito atrevido lhe colocariam facilmente na mira dos vaqueiros com as mentes mais pervertidas. Ele estava ali apenas para garantir que nenhum mal lhe ocorresse. Depois iria para casa e tiraria a diaba de seu sistema de uma vez, nem que para isso tivesse que levar todas as mulheres do condado para a cama do motel à beira de estrada, local onde supria suas necessidades sexuais.

Taylor entrou no bar. Olhou para os lados em permanente estado de alerta, o que lhe era extremamente estressante. Tirou o chapéu da cabeça e coçou o couro cabeludo. Seus olhos varriam o lugar com a agilidade de uma águia em busca da presa. Não foi difícil reconhecê-la já que a coroa de princesa reinava em cima da cabeça desmiolada. Localizou-a em frente ao balcão do bar, virando um shot de bebida.

Não deu nem um passo, sentiu uma mão tocar-lhe o ombro. Precisou olhar para baixo, mas reconheceu a figura rechonchuda do dono do estabelecimento.

- Agora não é um bom momento pra bater papo furado, Billy! Preciso resolver um problema.

- No meu bar é proibido entrar armado! Você sabe muito bem disso, Hanson! - Taylor estava tão fora de si que nem percebeu que carregava a glock na cintura. - Agora dê o fora daqui... percebi pelo seu olhar que veio atrás de confusão!

- Você é um seguidor da lei, não é mesmo, Billy? - o homem franziu o cenho sem entender onde ele queria chegar. - Deve ser por isso que tem uma menina que mal saiu das fraldas se embebedando no seu balcão.

O homem seguiu a direção do olhar do diabo loiro e identificou na mesma hora a filha única de Charles Duncan virando uma dose de tequila.

- Você sabe quem ela é? - o fazendeiro apenas afirmou com a cabeça atiçando de uma vez a curiosidade do dono do bar.

O peso da música aumentou de repente chamando a atenção dos dois. A movimentação vinha da direção da velha caixa jukebox próxima ao bar. Mas não era apenas a música. As vozes masculinas sobressaíam ao som da canção. Os vaqueiros uivavam como bichos no cio, riam alto e assobiavam. A própria orquestra de barulhos típicos de um bando de machos excitados. O motivo? Uma morena com um vestido beirando a indecência desfilava agora em cima do balcão.

Inferno! A mulher era como uma granada sem pino prestes a explodir. E ele estava pronto para se deixar consumir pelo fogo.

Billy percebeu a mudança na feição.

APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora