Epílogo

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Taylor atravessou o jardim cortando caminho até o lugar em que Maya estava.

O jardim da casa do irmão estava cheio de gente, famílias da região que tinham como costume celebrar a chegada de uma nova vida.

Caminhava devagar, as mãos nos bolsos laterais da calça. Era um dia quente. As inúmeras árvores, contudo, ofereciam as melhores sombras. Uma suave proteção às crianças que jogavam futebol e gritavam felizes à comemoração de um gol. As mães acompanhavam-nas nos bancos de madeira, lançando-lhes olhares discretos, porém, atentos.

Quando a bola de futebol deslizou para os seus pés, ele notou o garoto miúdo se aproximar. Aparentava sete ou oito anos de idade, usava roupa esportiva e tinha o cabelo escuro bem penteado, como um menino bem cuidado pela mãe.

Segurou a bola com o pé, aguardando-o para que a pegasse. O garoto agradeceu com um gesto de cabeça e um sorriso e continuou a jogar com os amigos.

Sete anos de idade, o seu primogênito teria. Talvez detestasse futebol, preferisse a montaria, como ele próprio preferia. Talvez tivesse se tornado um excelente jogador ou jogasse quase nada, mas vivesse cada jogo com a intensidade de um apaixonado.

Taylor jamais saberia como teria sido a vida do seu filho.

Instintivamente olhou para o céu e viu um trançado de galhos verdes. Pareciam braços se agarrando para não cair. Lembrou então que ele já havia caído e que agora não podia mais deixar de se manter de pé. Respirou fundo para conter a emoção, a saudade, a tristeza da falta.

Retomou o seu caminho, um tanto alheado das crianças ao seu redor, por que agora a melancolia o cegava.

Maya se aproximou sem que ele notasse, abraçando-o pela cintura o máximo que conseguiu. Aos cinco meses de gravidez, os seios estavam inchados e a barriga enorme, como se tivesse comido uma bola de futebol. O obstetra, de início, considerou que fosse uma gestação gemelar, mas logo tiveram a confirmação de que seria apenas um bebê.

— Sou toda sua.

Foi então que ele descobriu que tinha o coração saudável. Ao som da voz baixa e insinuante de sua mulher, o coração bateu ainda mais forte parecendo um cavalo doido galopando contra uma parede de concreto.

— Não me diga isso, sou um cabra possessivo e ciumento.

— Pensei que fosse centrado e maduro. — desafiou-o, sorrindo com ar malandro.

— Eu era assim até você entrar na minha fazenda. — rebateu ele, sério.

Mas acabou mesmo foi rindo junto com ela. Tentou se controlar, mas parecia que a coisa era contagiosa e compulsiva. Lá estava ele, um adulto de barba na cara, rindo feito um histérico do sanatório.

E, no meio da risada e da alegria, ele se viu transbordando de amor, de um sentimento terno e profundo que o carregou para longe do seu passado e o trouxe para bem perto da garota ao seu lado.

Esticou o braço por cima dos ombros dela e a trouxe para si, suspirando longamente ao se sentir pleno.

A melancolia continuava ali, dentro dele, assim como a saudade e o vazio. Mas além disso ele também se sentia amado, amando e esperançoso, cheio de planos e um pouco menos culpado.

— Fiz algo escondido de você. — ela confessou, baixinho, e ele a encarou, franzindo o cenho sem, no entanto, deixar de sorrir. — Lembra quando decidimos não nos adiantarmos para saber o sexo do bebê?

— Sim, lembro. A menina doida não se aguentou de curiosidade? — indagou, com ar divertido. Maya esboçou um sorriso sem graça.

Ele entrelaçou seus dedos aos dela, desviando o olhar para os garotos jogando futebol, rindo, gritando, vibrando.

— Isso não é importante, Maya. — murmurou.

— Talvez. — baixou a cabeça ao falar, um sinal que indicava constrangimento, ele notou.

— O que foi, diaba linda?

— É que... Não sei como falar. — ponderou por alguns segundos, parecia procurar as palavras certas para usar. Lançou um longo olhar aos garotos e depois o encarou. — Penso que se tivermos um menino será ainda mais doloroso para você.

Ele a beijou na testa.

— Não se preocupe com isso. — aconselhou, acariciando-a na barriga, podia sentir o bebê se mexendo dentro dela e isso o emocionava. — É o nosso filho, o resultado do nosso amor, nada mais irá aborrecê-la e preocupá-la. Acredita em mim, menina, você será muito feliz comigo.

Ela fez que sim com a cabeça e, entre lágrimas, confidenciou:

— É uma menina.

— O quê?

— Teremos uma filhinha, Taylor. Uma garotinha para jogar futebol com você. — brincou, chorando de emoção.

O oásis em meio ao deserto. Amar era isso, encontrar no meio do desespero um sentido para a vida.

Ele a pegou na mão, encarando-a com desafio e orgulho, um macho no alto de sua energia sexual, experiente, rodado, seguro de si, tudo que ela mais admirava num homem cabia no seu marido, o amor da sua vida.

Quando Maya se pegava olhando para Taylor, não o reconhecia apenas como o homem com o qual se casara, e sim como o mundo onde viveria até o seu último suspiro.

Então ela chegava à conclusão de que amar era perder parte de si mesmo para o outro.

Tinha a cabeça deitada no tórax dele e os braços lhe rodeavam a cintura.

Taylor aspirou o cheiro dos cabelos dela, tão familiar, e a mão descansou sobre o corpo da filha, amada filha, dentro da mulher que ele amava.

E amaria para sempre.

― Amo muito você, menina.

Tão pequena no arco dos seus braços e tão gigante dentro da sua vida. Ela se voltou para ele, os olhos molhados, a expressão de surpresa e muito de devoção.

― Quando a gente quer dizer mais do que "eu te amo", o que a gente diz? — ela perguntou numa voz embargada.

― Para sempre. ― ele respondeu confiante. 

 

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Para quem estava com saudade da história, hoje eu volto apenas para me despedir 😥

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Para quem estava com saudade da história, hoje eu volto apenas para me despedir 😥

Mas eu amo tanto esse casal que daqui a pouco vou postar um capítulo bônus! ❤

Aí sim será o último capítulo 💔

APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora