O corpo suado da jovem Susana buscava abrigo no do namorado após um orgasmo intenso. As respirações eram rítmicas, porém levemente descompassadas e a moça mantinha os olhos fechados, questionando-se, mentalmente, se existiria alguém mais cretina do que ela.
Cada beijo, cada toque e cada movimento durante o sexo de reconciliação com Sérgio, foram pensados minunciosamente em Estela. O sorriso carregado de escárnio exibiu-se em seu rosto ao pensar no quanto era ordinária.
Desde a viagem que fizeram, durante aquele final de semana, Estela permaneceu com as palavras da nora em sua mente, criando uma bagunça que estremecia todos os seus sentimentos.
Tudo, exatamente tudo o que fazia, a advogada pegava-se pensando em Susana, em como o olhar da jovem era provocador e parecia querer despi-la de todos os seus segredos.
Desejar Susana consumia Estela aos poucos. Apavorou-se. Não seria justo com Sérgio. Sendo assim, tomou a decisão de se afastar do casal.
*.*.*
Um mês havia se passado e Suzy percebeu o distanciamento repentino da mulher, afinal a advogada não comparecia com tanta frequência aos convites que o filho lhe fazia, apresentando, na maioria das vezes, desculpas esfarrapadas.
De algum modo, o afastamento de Estela despertou interrogações na jovem e, por diversas vezes, Susana questionou-se se tais conversas e brincadeiras não haviam assustado a sogra e, portanto, decidiu procurá-la.
*.*.*
Pouco antes de descer da condução, Suzy ajeitou os cabelos no reflexo da câmera frontal do celular.
Havia saído do trabalho uma hora mais cedo, às pressas, na tentativa de abordar a sogra ainda na saída do escritório e logo em seguida, seguiria para a universidade, afinal, estava em período de provas e não poderia se dar ao luxo de faltar.
Após sair do ônibus, caminhou pela calçada e adentrou o saguão do edifício comercial, acomodando-se em uma das poltronas confortáveis que estavam dispostas no local.
A todo o instante que a porta dos elevadores se abria, Susana observava, eufórica. As borboletas iniciavam uma dança frenética em seu estômago, na expectativa de que Estela aparecesse, em algum momento.
Após alguns minutos, perdida em seus devaneios, brincando com a costura da calça jeans, finalmente Estela saiu de um dos elevadores, desfilando elegantemente pelo saguão. E então, Susana sorriu, indo até a mulher.
— Susana! — a advogada exclamou admirada, abrindo um sorriso largo.
— Vim te ver, sogrinha — brincou após abraçar a advogada.
Elas seguiram abraçadas, atravessando o saguão, alcançando o estacionamento do edifício.
— Aí, é muito bom ver você! Está precisando de alguma coisa, Suzy?
— Ah... Na verdade, não posso demorar muito, Estela. Tenho prova hoje, na faculdade — a jovem iniciou com seriedade, enquanto andavam lado a lado. — Bem, é que senti que você se afastou de mim. — O alarme do carro foi desativado e Estela ainda se manteve silenciosa, evitando encarar a nora. — Foi por algo que eu disse?
Desconcertada com a abordagem da moça, a advogada mergulhou em seu desespero, tentando encontrar qualquer desculpa esfarrapada.
— Ah... Não! Você não fez nada de mais — respondeu após afivelar o cinto de segurança — E eu não me afastei Susana. É que, na verdade, tenho trabalhado demais. Só isso... — finalizou forçando um sorriso, sem encarar a moça.
Suzy deixou que um suspiro forte escapulisse por entre os lábios e fitou a mulher. Notou o embaraço no semblante da sogra.
— Se foi algo que eu disse, peço desculpas... — ela pegou nas mãos da advogada, atraindo a atenção da mais velha para si.
— Ah, não se preocupe com isso, Suzy! Aquilo foi bobagem, brincadeiras de amigas... — fez uma careta, dando partida no carro.
Susana remexeu-se no banco do carona, analisando o que diria. Estela ligou o rádio em um volume considerável, manobrando o veículo para saírem do estacionamento.
— Ah, olha, Estela... — murmurou quando o carro parou no primeiro semáforo. — Se quer mesmo saber, não brinquei sobre o que disse, apesar de ter me desculpado.
— Como assim, Suzy?! — questionou em um murmuro.
— Aí, até me sinto culpada por pensar dessa forma, mas acho que me sinto atraída por você.
O sinal abriu e a mulher seguiu o fluxo de trânsito. Dali a alguns minutos estariam próximas à universidade da moça. Estela calou-se. Evitou encarar a nora. Dentro da advogada, os sentimentos se juntavam com brutalidade, parecendo que explodiriam, criando uma imensa confusão. Não sabia o que dizer, como agir.
Ouvir a confissão de Susana e saber que a atração de sua nora era recíproca fez a advogada imergir em um estado torpe. Diante disso, Estela dirigiu silenciosa até a universidade.
— Não vai dizer nada, Estela? — a voz de Suzy era embargada.
A angústia estava presente em cada palavra, apenas por não conseguir imaginar o que poderia se suceder depois de sua confissão bombástica.
As mãos trêmulas de Estela seguravam firme o volante e seu coração batia acelerado. Outra vez, parecia reviver a história que vivenciou com a Rebeca.
Um novo suspiro provindo dos lábios trêmulos de Suzy, preencheu o ar. Embora estivesse insegura, desafivelou o cinto se segurança e inclinou-se na direção de Estela.
Em um gesto ímpeto e rápido, segurou a advogada pela nuca e a beijou. Um beijo rápido, porém, carregado de paixão. Lábios macios, colados um ao outro. Uma fagulha acendeu-se. Foi o bastante para iniciar uma explosão dentro de Estela.
— Já está tudo ferrado... E eu vou enlouquecer... — Suzy disse em um sussurro sensual, encarando os lábios avermelhados da sogra.
A advogada manteve os olhos fechados, aprofundando-se em seu inferno. Um suspiro estremecido escapou de seus lábios quando a jovem finalmente saiu do veículo
E Estela concordou. Tudo estava ferrado. Desde o dia em que se conheceram.
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Paixão Sublime (Degustação)
RomanceNa intenção de formalizar seu namoro com Susana, Sérgio a convida para conhecer sua família durante um jantar. Poderia ter sido uma noite trivial, caso Estela, a mãe do rapaz, não houvesse despertado sentimentos sublimes na namorada do filho. Capa e...