Prólogo

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 "Ao primeiro desabrochar da cerejeira, é suposto que o espírito que habita esta árvore realizará o desejo de amor de um coração desiludido"

Essa foi a maior bobagem que Jungkook havia escutado em toda a sua vida. Quer dizer, um espírito que a cada primavera ajudava um humano a encontrar seu amor verdadeiro? Não precisava de muita inteligência pra saber que aquilo era lenda urbana alimentada pelos comerciantes que sempre davam um jeito de lucrar em cima desse tipo de coisa, como a senhora que cobrou um absurdo pelo amuleto que, ela jurava, agradaria o espírito o suficiente para atendê-lo.

Mas, mesmo sabendo do absurdo que era aquilo, lá estava ele, em plena Floresta de Seul, procurando uma cerejeira na véspera de natal enquanto tentava não morrer de frio. Podia dizer que ele estava mais que desesperado para ter uma namorada? Sim. Que ter levado um fora na frente de toda a faculdade perto do natal quando ele havia preparado tanta coisa para essa data o ajudou a estar naquela situação ridícula? Com certeza. Mas Jungkook sabia que havia algo mais ali, uma força que o atingiu desde quando ouviu aquela história e que o impelia a continuar mesmo quando seu bom senso gritava que aquilo tudo era uma perda de tempo. Loucura? Ele não duvidava.

Não foi difícil encontrar cerejeiras, mas eram tantas e ele não sabia exatamente o que fazer. Será que qualquer uma serviria? Pensou ele. Todas as cerejeiras de Seul teriam um espírito inquilino capaz de lhe arranjar uma namorada, ou ele precisava advinhar? O rapaz coçou a cabeça e olhou ao redor, se sentindo cada vez mais patético.

Jungkook finalmente decidiu por qualquer uma ali. Já era maluquice o suficiente ele estar naquele frio todo. Enterrou o amuleto e o pedaço de papel enrolado com seu nome escrito, assim como a tal lenda instruía, no pé da árvore, sem muita certeza do que estava fazendo.

- Não precisa ser uma idol ou uma supermodelo sabe? Só... Alguém legal. - murmurou ele para a árvore, se sentindo de repente muito envergonhado com tudo aquilo. O rapaz então saiu correndo em direção à saída do parque, tentando ignorar o sentimento de esperança que lhe preencheu depois de fazer o pedido. Não havia sentido no que acabara de fazer, mas mesmo assim... Ele podia esperar por um milagre, não podia?

Flechados pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora