Epílogo

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P.O.V Jimin

Ver o fascínio no rosto de Jungkook ao observar o bebê que sorria naquele berçário era o tipo de coisa que me fazia sentir que tudo valera à pena, desde o início. Apesar da gestação de Choon Hee ter sido difícil, ela estava bem e a pequena Mi Sun havia nascido forte e saudável.

- Meu Deus, que vontade de atravessar esse vidro só pra apertar essas bochechas. - disse Taehyung, enquanto balançava um brinquedinho na direção de Mi Sun, tentando chamar a sua atenção.

- Se controle Tae. - avisou Namjoon rindo. - Se eu fosse você ficaria de olho Jungkook. Lembra o que ele fez com a Haeryung? Jin quase teve um infarto quando ele quase deixou a menina cair.

- Aquilo foi um acidente, eu era inexperiente nessas coisas de tio. - Taehyung respondeu fazendo careta. Hobi o consolou com um abraço de lado.

- Como assim mãe? Titio me deixou cair? - perguntou a menina, virando-se para a mãe.

- Nem me lembre disso. - respondeu Joohyun. - Seu pai não foi o único a ter um infarto.

- Alguém está falando mal de mim? - disse Seokjin, aproximando-se do vidro. A pequena Haeryung foi ao encontro do pai, que a abraçou e foi então de encontro à esposa, afagando a barriga já proeminente dela.

- Estamos comentando sobre quando o Tae carregou a Haeryung pela primeira vez. - disse Namjoon divertido.

- Como se você fosse o senhor cuidadoso. - rebateu Taehyung, mostrano língua para o amigo. - Eun Bi ainda nem engravidou e eu já estou apreensivo por essa criança.

Os amigos então iniciaram uma pequena discussão sobre as possíveis - e ainda não manifestadas - habilidades paternas de Namjoon. Eu deveria ficar irritado com todo aquele barulho, mas assim como meu protegido, estava feliz demais para me deixaar incomodar com aquilo. Além disso, eu sabia que Jungkook também estava feliz por seus amigos estarem ali. Aquela era sua família também e confesso que foi lindo vê-los amadurecer e ficarem adultos, quase tão prazeroso quanto acompanhar o crescimento de meu próprio protegido.

Namjoon e Eun Bi, após muitas idas e vindas, haviam finalmente se casado. Ela trabalhava como enfermeira no mesmo hospital que Jinyoung e Namjoon já havia apresentado sua tese em várias universidades e algumas editoras já haviam feito convites para que ele escrevesse um livro sobre o assunto.

Taehyung e Hoseok haviam se mudado para o exterior, mas sempre visitavam os amigos nas férias. Estavam na fila da adoção, e Taehyung não via a hora de ser pai. Pelo que soube, ele havia até comprado um apartamento, maior que o anterior, para que tivesse mais espaço para as crianças. Hoseok dificilmente falava com a família, especialmente o pai, mas isso o fazia se sentir mais aliviado do que triste. Estava com a pessoa que amava e aos poucos eles estavam construindo uma vida juntos, era mais do que o suficiente para ele.

Já Joohyun e Seokjin, não é surpresa dizer que eles se casaram. Ela tornou-se professora na universidade em que se formaram, tendo muito sucesso em sua nova profissão, mas infelizmente seu antigo chefe nunca foi devidamente punido, mesmo depois que ela aceitou acrescentar seu depoimento à matéria de Rin Thosaka. Foi doloroso vê-la reviver tudo aquilo durante a abertura do processo e seus desdobramentos, mas dessa vez ela não estava sozinha. Seokjin, por sua vez, tornou seu restaurante um dos mais famosos da cidade e estava muito feliz com o nascimento do segundo filho, que estava bem próximo. Ele também não ficaria mais sozinho.

Quanto ao meu protegido, suas obras o tornaram um artista reconhecido, e sua última exposição foi bastante aclamada pelos críticos. Já Choon Hee acabou pegando gosto pela culinária enquanto trabalhava com Jin, mas preferiu se especializar em doces. Eu imaginava, mesmo quando ela era cupido, que a garota seria uma viciada em chocolate assim que pudesse provar um. Agradeço todos os dias a Sunmi por ter dado a oportunidade para que Choon Hee provasse que minha teoria estava certa. Havia anos que não nos falávamos, quando ela disse que tudo estava no caminho certo, e que não havia mais no que interferir.

- Parabéns Jungkook. - comentou Jinyoung, tocando o ombro do amigo. - Vocês não sabem o quanto estou feliz por vocês.

- Obrigado Jinyoung. - respondeu Jungkook sorrindo para ele. - Obrigado por ter cuidado de Choon Hee todo esse tempo e obrigado por ter sido um amigo tão importante desde que nos conhecemos.

Observei Jinyoung, que olhava através do vidro e, por um instante, nossos olhos se encontraram. Eu sabia que ele estaria apenas encarando um ponto aleatório naquele berçário e não a mim, mesmo assim, inclinei a cabeça em cumprimento, um símbolo de que eu havia finalmente, de forma sincera e por completo, o perdoado. Ao ver o brilho em seus olhos, no entanto, eu soube que ele também havia se perdoado. Jinyoung finalmente encontrara a sua redenção, a sua paz.

Voltei a olhar o bebê ao meu lado, que sorria olhando para um ponto que apenas eu e as dezenas de guardiões presentes no local, poderiam reconhecer.

- Não faça essas caretas pra menina, vai assustá-la. - eu disse.

- Claro que não, olha só como ela está rindo, ela adora. - repetiu o guardião de Mi Sun, antes de inflar as bochechas para o bebê. Seu sorriso era idêntico ao da mãe.

- Nunca pensei que te veria ser um guardião tão babão. A imagem séria e respeitosa que mantive por anos de você está completamente arruinada Yoongi. - brinquei, balançando a cabeça em negativa, fazendo-o olhar de relance para mim, antes de voltar o olhar para a criança à sua frente.

- Você que falava tanto de mim, mas está ficando tão ranzinza quanto eu antigamente. - respondeu ele sorrindo de forma doce para sua mais nova protegida.

- Acho que faz parte do processo. - comentei divertido. - Nossos protegidos crescem e nós vamos ficando rabugentos.

- Você vai ser a menina mais feliz e amada desse mundo. - disse Yoongi, ainda olhando para Mi Sun. - Eu prometo.

Era bom ter meu amigo de volta, apesar de saber que nossas reuniões no telhado não aconteceriam mais no mesmo lugar. A julgar pelo zelo que Yoongi sempre teve em seu trabalho, provavelmente as conversas noturnas aconteceriam no quarto de Mi Sun, se possível ao lado do berço dela.

- Se ela puxar aos pais, você vai ter muito trabalho. Digo por experiência própria. - eu disse e nós dois não conseguimos conter a risada.

Proteger os humanos era o meu trabalho, mas vi que também era uma grande oportunidade para observar e conhecer. Choon Hee me fez ver que a vida pode ser leve, simples e divertida, mesmo que o mundo esteja repleto de infortúnios. Jungkook me fez aprender que alguns laços humanos podem ser mais fortes que o destino, mesmo os mais trágicos. O amor deles me mostrou que, no final de tudo, eu em meus séculos de experiência ainda tenho muito a aprender sobre essas criaturas tão complexas, capazes de tantas coisas ruins, mas também capazes de amar profundamente, de cuidar uma das outras e de se encontrarem, mesmo quando a vida insiste em fazê-los se perder.

Olhando para a pequena Mi Sun, vi o fruto de tudo o que eles passaram e, mais do que isso, vi as possibilidades infinitas que aquele pequeno ser carrega. Que tipo de lições Mi Sun me mostrará? Eu não fazia ideia, mas não via a hora de começar a descobrir.

***

Se você chegou até aqui eu queria muito te agradecer e espero do fundo do coração que tenha gostado dessa história. Essa é a primeira fic que termino de escrever e a primeira que publico e se ela te fez sorrir e se emocionar, nem que seja um pouquinho, já vai ter valido à pena.

Quero agradecer também a @raiperosini pelo apoio e toda a ajuda que me deu, desde a capa até a revisão desse epílogo. Se não fosse por você Flechados pelo amor seria apenas mais um arquivo perdido no computador e nunca uma história completa, obrigada.

Eu ainda não sei se vou conseguir me despedir totalmente dessa fic, mas já tenho alguns projetos em mente, então se vocês gostaram dessa história, espero que possam acompanhar as que estão por vir, beijos e até a próxima:*

Flechados pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora