Verde água. Era a cor da caneta que ele usava para escrever em seu caderno.
Eram partituras. Músicas. Ele escrevia músicas?
Uau.
Não que fosse realmente uma surpresa, afinal, fazíamos aulas de música. Aquilo era até previsível, de certa forma, mas não quando se tratava dele.
A curiosidade tomou conta de mim, mas não me atrevi a perguntar nada, apenas observava tentando ler um pouco. Era uma partitura de teclado.
Caramba.
Haviam, também, rabiscos. Não entendi ao certo o que queriam dizer. Apertei meus olhos para tentar ler melhor...
"Ela."
Essa palavra foi rabiscada várias vezes.
Ele namora? Fala sério.
"Eu te odeio." "Queime no inferno!"
Oh, ok. Seja lá quem for "ela", definitivamente não namoram. Ou não mais...“ Eu imaginei, e eu tentei
Te despertar, brecar nosso fim...”Foi o que consegui ler da letra, antes que ele fechasse o caderno.
Não sei se percebeu que eu estava olhando. Se o fez, não demonstrou.
Eu suspirei profundamente e me ajeitei na cadeira, pensando nisso pelo resto do dia.
Demorei para pegar no sono naquela noite, por algum motivo, eu me sentia angustiada.
Ah, menino dos olhos azuis.
Por que não me permite te mostrar que existem pessoas que não querem te machucar?