Púrpura.

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  Passávamos algum tempo juntos no final das aulas, nos últimos dias e sempre que víamos, o céu estava púrpura.
  Ficávamos conversando sobre coisas aleatórias, ou fazendo alguma brincadeira idiota. Sentia que, finalmente, estava conseguindo quebrar toda aquela barreira que existia nele. Isso me animava.
  — Então, há quanto tempo você compõe? — Perguntei enquanto nos sentávamos lado a lado na grama.
  — Ah... Há alguns anos, já.
  — E você canta, também, não é? — Um sorriso bobo apareceu no meu rosto, involuntariamente, ao lembrar de sua voz. Mas logo se desfez quando os flashes daquele dia apareceram em minha mente.
  — Eu prefiro só compor e tocar, na verdade. Eu odeio a minha voz.
  Olhei para ele, esperando que estivesse brincando. Mas ele disse isso com convicção e seu semblante estava sério.
  — Ah, corta essa. — Disse em um riso irônico.
  Ele me encarou e levantou uma sombrancelha, parecendo confuso.
  — Sua voz é linda. Não só quando está cantando.
  Aquilo era verdade, de fato, eu amava a sua voz.
  Ele apenas sorriu de canto, olhando para a frente.
  — Se você diz...
  Após alguns momentos de silêncio, ele se virou para mim.
  Estava com a cabeça apoiada em seu ombro e quando me encarou, levantei o rosto. Sua barba encostou na ponta do meu nariz, me fazendo rir.
  Logo, um de seus braços me envolveu pelas costas, e me puxou para perto. Tão perto que, era capaz de ouvir seu coração. Sentia seu peito se mexendo a cada respiração.
  Uma garoa leve começou a cair, mas não nos importamos muito. O tempo estava agradável e estávamos confortáveis ali.
  Ele se ajeitou, indo para trás, deitando minha cabeça em seu colo. Começou a fazer carinho em meu cabelo, enquanto cantarolava alguma coisa.
  Fechei meus olhos e tudo que sentia era meu coração batendo violentamente contra meu peito e o seu toque.
  E, cara...
  Naquele momento eu me dei conta:
  Eu havia encontrado o meu lugar seguro.
 

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