Palavra mágica

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Estou sem escrever aqui há algum tempo. Peço perdão aos leitores, que podem não ser muitos, mas são fundamentais. Estou devendo. Estava ocupada, é claro. Mas quem é que não está? Isso não é desculpa. Aliás, é uma desculpa – que só serve para mim. Mesmo não tendo escrito e publicado aqui no prazo que me dei, deveria ter vindo antes. As nuvens e as ideias formaram-se várias vezes na minha cabeça, apesar dos afazeres, era para eu ter vindo antes, informar, que fosse. É o que faço.

Multipliquei um pouco minhas atividades e tenho um filho adolescente. É um filho só, mas adolescente. É adolescente, mas não mora comigo, estuda fora da cidade. Estuda fora da cidade, por próprio mérito, mas é adolescente. Ele desliga o celular... Enfim, eu não o educo mais. Acho que minha mãe também não mais me educava nesta idade.

Meu filho não é responsável pela minha ausência; apenas divido aqui minhas preocupações. Multipliquei um pouco minhas atividades, era esse o ponto. Mas não estou aqui para descrever minha rotina e dizer que agora, embora seja sábado, tenho apenas uma hora – contada no relógio – para botar pra fora o texto que mastigo ausente durante todos esses dias.

Estou à cata de uma palavra todos esses dias. Você que tem vindo aqui regularmente sabe: não são dias, são semanas. Não minto quando digo que estou à cata de uma palavra. É uma obsessão. Vou dormir pensando e acordo insatisfeita. Novamente, de dia, trabalho, ando, como, visto pensando na palavra. Dicionários de português, inglês, sânscrito, internet, Google não me saciam.

Multipliquei um pouco minhas atividades. Preciso de um bom título para o projeto novo. Antes precisava de um projeto. Antes, ainda tinha muitas ideias - como essa de escrever crônicas-, mas não tinha foco. Foi bem difícil ajeitar minha escrita de forma que ela coubesse aqui, numa coisa que se chama blog, num espaço em que eu pudesse escrever o que chamo crônicas, transpondo a porta do íntimo ao público com vagar. Não é fácil, mas é uma descoberta constante. Emocionante.

E não me bastavam os aforismas, os lampejos literários de uma frase, uma ideia ou os versos que às vezes fazemos. Quis que fosse assim, uma crônica. Com ideias de diversos matizes e palavras, às vezes, desembestadas, mas com princípio, meio e fim. É claro pra mim: só penso no projeto novo e em como fazer para encontrar a tal palavra que vai liberá-lo da sombra e me permitir alardeá-la com orgulho.

Meu marido me diz que eu adoro uma novidade. Sou mesmo, novidadeira, busco o frescor. Mas, quanto mais o tempo passa, quanto mais vejo tevê, quanto mais os políticos envelhecem, mais eu vejo que a vida é cheia de novidades velhas. E vamos vivendo assim. É para me renovar que estou buscando a palavra mágica. Enquanto isso, volto sempre.

Escrever crônicas é como andar de bicicleta: melhor não parar e seguir em frente...

Agosto 2010

Se Essa Rua Fosse MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora