Crônicas do Blog

15 1 0
                                    


Um breve passeio a Nová Friburgô

O célebre Heródoto (o doutor local e ex-prefeito, não o historiador grego) é conhecido também por insistir que a gente chame a nossa cidade pelo nome completo: Nova Friburgo. Mas soa carinhoso e, de certa forma, hype, quando falamos: Friburgo. É assim que os cariocas se referem à gente e, bem... Isso conta.

Há muitas formas de ser carinhoso para falar de Friburgo. Um amigo muito antigo costumava dizer, ou melhor, escrever: "aqui em No Fri... etc". Tenho uma amiga daqui que pergunta se eu vou pra Fri, se eu estou em Fri. Uma galera grande fala Friba, vou pra Friba. Aí recebo o e-mail de resposta do embaixador da Suíça, a quem enviei o recorte de jornal com matéria sobre a visita que ele fez ao Colégio Anchieta nesta semana: "Olá, Marcia, gostei muito da visita que fiz a Novo Friburgo". Pode não ter sido apenas um erro de grafia.

*

No dia seguinte à visita do embaixador suíço, eu estava vindo de uma reunião externa, subindo a alameda do Colégio Anchieta, onde trabalho. Vou admirando a fachada e percebo, na portaria principal, a recepcionista Dani se virando com um grupo de nove jovens estrangeiros, na faixa dos 18 anos. "São estudantes suíços, da cidade de Fribourg, falam francês", e a Dani me pergunta se eu gostaria de levá-los ao Teatro do colégio, enquanto a Jane Ayrão não vinha recebê-los. Puxo meu francês do arco da velha, que costuma funcionar nessas horas. Deu certo. Entendo que estão num intercâmbio pela Aliança Francesa. Entabulo uma conversa com uma das meninas e vamos caminhando para o teatro magistral.

– Há quanto tempo vocês estão aqui? – pergunto.

Au Brésil? Trois jours. (No Brasil? Três dias). – a fofa responde.

– E aqui? – há quanto tempo estão em Friburgo, quero saber.

Ici, à Nova? (Aqui, em Nová?) – a fofa pergunta, acentuando, com naturalidade, a última sílaba, como fazem os franceses.

"Aqui em Nová?". Para tudo! Essa frase curta e linda fica dando voltas super-rápidas na minha cabeça, enquanto me cai a ficha: a garota está chamando minha cidade de Nová? Muito rapidamente, penso que isso é incrível, absolutamente novo para os meus ouvidos, inusitado, altamente criativo... Inovador! Friburgo = Nová!?

– Nová? O que você quer dizer com Nová? – pergunto eu, já entendendo.

A garota responde simpática, balançando os ombros como se fosse óbvio:

– Oui, parce que Fribourg c'est là bas, en Suisse. (Sim, porque Friburgo é lá, na Suíça.) Ici, c'est Nova. (Aqui é Nová).

Foi assim que uma caminhada curta em francês improvisado me deu a conhecer essa nomenclatura inusitada. Para o morador de Fribourg, na Suíça, de onde partiram nossos antepassados, Friburgo fica lá. Aqui não, gente, aqui é... Nová! Decorrente de "Nová Friburgô".

Enfim, mais uma vez, não há regras. Que me perdoe "Herrodotô": o que vale é o coração!

abril.2017


Anacrônica de quarta-feira passada

Estão errados todos os cronistas que dizem que não têm assunto e também aqueles que dizem que jamais reconheceriam publicamente sua timidez ocasional diante do papel. Não é assunto de menos o problema, já disse alguém. É claro que são assuntos demais. Quanto ao fato de serem assuntos repetidos, ressalvo que repetir-se é algo inerente ao homem, tanto quanto seu interesse por novidades. Dê ao seu público novidades (requentadas ou travestidas, vá lá) e ele lhe dará sua atenção. Então, sobre a folha branca e o desafio do papel, estamos conversados.

Se Essa Rua Fosse MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora