Coração não te esqueceu

Capítulo 11

Talvez as pessoas não me decepcionem. Talvez o problema seja eu, que espero muito delas.

Bob Marley

Saio correndo de volta pra sala de aula e começo a juntar minhas coisas. Não acredito que ele teve coragem de fazer isso comigo, eu sou uma piada mesmo, estava pronta pra falar que amava ele e sou retribuída assim.
Vou em direção a secretária e peço para ir embora, digo que estou passando mal, falam que vão ligar para meus pais para liberar minha saída já que ainda sou menor, mais consigo convencer que eu vou de táxi, porque hoje eles estariam ocupados, como sou boa aluna eles deixam e ainda pedem um táxi pra mim.
Saio pela saída dos professores para evitar encontrar com o Matheus, meu celular não para de tocar, ele só pode me achar com cara de idiota mesmo.
Entro no táxi e peço para que me leve numa pracinha que eu fui uma vez que é bem longe da minha casa, quero tempo pra pensar.
Mais lágrimas caem do meu rosto quando lembro do vídeo, como fui burra. Resolvi ligar o celular e mandar uma mensagem para minha mãe para não preocupa-la.

Mensagens on

-Mae quando sair do colégio vou para casa de uma amiga estudar. Não se preocupe. Bjusss.

Mensagem off

Pronto, desligo ele de novo porque não para de apitar. O motorista me olha com pena.

- Está tudo bem moça? Esta passando mal?- ele pergunta simpático.

- Não precisa se preocupar é só dor de cabeça, Jajá passa.- ele acena com a cabeça e eu encosto a cabeça no vidro da janela e espero chegar no meu destino.

Acho que dormi de tanto chorar, porque acordo assustada com o Senhor me chamando.

- Moça chegamos, acorde. - ele diz sem graça.

- Desculpa.- entrego o dinheiro pra ele e saio do carro

Vou em direção a algum banco e sento nele e começo a pensar em tudo que aconteceu na minha vida nesses últimos meses, pensando o quão burra eu fui.

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Fiquei o resto da manhã e da tarde sentada nesse banco chorando e olhando pro nada, pensando em tudo. Algumas pessoas paravam e me perguntavam se eu estava bem, eu dizia que ia ficar e eu tenho que ficar bem.
Não consegui comer nada, estou me sentido fraca, quero só minha cama e esquecer que esse dia aconteceu.
Pego minha mochila e vou para o ponto de táxi, passo meu endereço e vou pra casa. Seja o que Deus quiser.
Depois de mais de 40 minutos chego em casa, já no portão está o causador de todo meu sofrimento.

Tento passar por ele, mais ele segura meu braço me impedindo de passar.

- Me solta Matheus.- digo entre dentes.

- Você quer me matar do coração Manu, eu estou louco atrás de você desde que saí da escola.- ele diz nervoso- Onde você estava?

- Não te interessa, me deixa passar.- digo tentando puxar meu braço mas ele aumenta o aperto.

- Precisamos conversar primeiro, por favor, me deixa explicar. - ele pede quase num sussurro, com cara de cachorro que caiu da mudança mas ele não me engana mais.

- Não temos nada pra conversar, não tem explicação para o vídeo que eu vi e eu já disse para esquecer que eu existo.- puxo meu braço com mais força, mais ele não solta.- Está me machucando.- ele olha para meu braço e me solta.

- Desculpa, mas você precisa me ouvi por favor.- ele súplica .

- Nunca, entendeu? Nunca vou te perdoar e não quero te vê mais, sai da minha frente.- digo o empurrando e então saio correndo pra dentro de casa.   

Comprimento meus pais e digo que estou cansada de estudar e que vou dormir, não consigo nem comer, aliás, minha última refeição foi meu café da manhã.
Tomo banho e deito na minha cama para dormi, amanhã converso com meus pais, preciso ir embora daqui o mais rápido possível.

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Acordo com o despertador tocando mas não vou a escola, é a última semana e não preciso de nota, já passei mesmo e não quero vê a cara do Matheus. Desligo e volto a dormi, afinal já fui conseguir dormir de madrugada.
Quando consigo voltar a dormi minha mãe vem me acordar.

- Filha, você está atrasada, o Matheus está te esperando para ir pra escola.- só de ouvir o nome dele meu estômago embrulha e sou obrigada a sair correndo pro banheiro.

Minha mãe vem e segura meu cabelo é quando vômito um líquido amarelo, já que não tenho nada no estômago.

- Ta melhor filha? Isso que dá comer besteiras na rua.- sorrio amarelo pra ela e volto pra cama.

- Mãe não vou a escola e preciso muito conversar com você.

- Não se preocupe com a escola filha, suas notas são ótimas, faltar um dia por saúde não fará diferença.- ela sorri e acaricia meus cabelos- Vou só dispensar o Matheus para ele não perder a aula também, já volto para conversarmos.

Fico olhando o teto e esperando ela voltar.

- Voltei querida, o que está acontecendo conta pra mamãe.- ela diz se sentando na minha frente e segurando minhas mãos.

Conto tudo pra ela, do primeiro beijo até a última palavra dita a ele ontem e já estou chorando litros. Ela me abraça e me deixa chorar ate que meu corpo vai se acalmando.

- Não fique assim filha, tenho certeza que isso foi um mal entendido, ele parece gostar tanto de você, eu e sua madrinha já tínhamos percebido que tinha algo diferente com vocês dois.

- Não mãe, não foi mal entendido, eu Vi o vídeo dele falando tudo.- limpo meu rosto com a mão - Eu quero ir embora mãe, passei naquela faculdade de Santa Catarina que fiz a prova online, quero ir pra lá, me ajuda mãe, eu preciso ficar longe dele mãezinha.- digo chorando de novo.

- Mais tão longe da gente minha filha?- ela pergunta com os olhos cheio de lágrimas.

- Por favor mamãe, e também não quero ir para escola é a última semana e já tenho nota o suficiente.- junto as mãos em súplica.- E eu não quero que ele saiba pra onde eu irei por favor.

-Tudo bem filha.- ela começa a chorar- Te amo viu?! Pode contar comigo sempre. Vou providenciar passagem e hospedagem pra você lá.

- Obrigado mãe, também amo você.

Agora só esperar e partir rumo a uma nova vida longe do Matheus, eu nunca o perdoarei, não quero mais saber dele e de homem nenhum, nunca mais abro meu coração pra ninguém entrar.