Capítulo 1 - A Primeira Vez que a Vi

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Olá gente, meu nome é Ângela. Desculpe o meu pouco jeito em falar ou me expressar com vocês, mas é que não estou acostumada a me abrir para pessoas que não conheço.

A partir de hoje, vou falar com vocês um pouco sobre minha vida. Não quero fazer um relato amplo e muito menos encher a paciência de vocês com coisas sem sentido ou para "encher linguiça", como minha tia Maria falava – que Deus a tenha em boas mão.

Eu estava um pouco entediada... acho que é isso que estava sentindo, tédio – ou será que não era isso? - ops, estou quebrando minha palavra e começando a divagar. Desculpem-me!

Acho que é a falta de costume, mas, enfim. Acho que, o que me levou a escrever sobre isso é o fato de precisar me abrir e compartilhar essa história tão intensa.

O que vou relatar aqui é algo que me ocorreu há exatos 2 anos. Quando minha vida deu uma guinada assustadora, me deixando sem chão, sem suporte e totalmente envolvida por aqueles olhos e sorriso provocante.

Vou contar para vocês sobre o começo de uma grande mudança em minha vida e esse começo tem nome, sobrenome, endereço e idade: Roberta Matias Gusmão, na época com 23 anos, residente (provisoriamente) em Botafogo.

Essa garota que fez com que eu perdesse a certeza de tudo que tinha milimetricamente arquitetado em minha mente.

Seu jeito debochado, seu olhar cheio de malícias, a forma como me dominava e me fazia cair em seus encantos – mesmo sabendo que não deveria – são o motivo de hoje estar como eu estou. Logo eu, batalhadora, que criou a única filha sozinha, me deixar fraquejar por algo proibido e perigoso, mas, acho que aquilo que falam é verdade: o proibido é afrodisíaco.

Vamos direto ao assunto, pois sei que estão loucos para saber a história, então não vou mais me alongar e falar logo.

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Era manhã de julho no Rio de Janeiro. Aquele ano estava movimentado para mim, pois, apesar de toda recessão econômica, estava conseguindo manter meu negócio funcionando. Acho que o espírito festivo do brasileiro estava me ajudando e muito.

Tenho uma pequena empresa de eventos, na qual trabalhava com uma amiga há uns 10 anos já. Nosso foco principal são os eventos sociais, mas fazemos de tudo que nos contratem, afinal, não se pode negar dinheiro, não é mesmo?

Eu estava no meu escritório focada nos detalhes de um casamento que estávamos organizando, ao qual ocorreria logo na semana seguinte. Estávamos terminando os detalhes para que nada saia errado. Infelizmente, sempre esquecemos alguma coisa – ou melhor dizendo, os contratantes sempre esquecem algo que depois devemos nos virar nos 30 para resolver, mas, enfim.

Estava fixada terminando os detalhes, quando meu celular vibrou sobre a mesa, anunciando uma mensagem de Agatha, minha filha que amo de todo meu coração e que criei "sozinha".

Minha história é bem complicada, mas que não difere muito da história de muitas brasileiras. Engravidei de minha filha quando eu tinha 18 anos e o pai dela, um argentino sedutor que conheci numa festa, me abandonou assim que soube da gravidez.

Felizmente, tive o apoio de meus pais, que me ajudaram – depois de falarem bastante e me repreenderem – a criar e educar minha pequena benção. Obviamente que não deixei tudo nas costas deles, afinal era minha responsabilidade, mas, graças ao apoio deles, consegui me formar em Produção Cultural, o que me permitiu trabalhar e dar uma vida melhor para Agatha.

Montei minha empresa com uma amiga de faculdade, uma irmã que a vida me deu de presente e agradeço enormemente por isso. Rute é uma negra linda, bem-humorada e de coração gigantesco, que me aconselha, dá esporros e me segura quando sinto que vou cair.

Roberta (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora