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Naquela noite eu resolvi procurar sobre relacionamentos abusivos. Eu ainda tinha dúvidas sobre o que se tratava. Precisava saber como Camila se sentia em relação à Kyle. Eu queria ajuda-la, mas como Hailee disse, ela precisava aceitar ajuda primeiro.

Me levantei da cama e liguei a TV, precisava me distrair, acho que um filme seria bom.

[...]

"Você não se importa com o que eu sinto! Eu estou cansada de você, Kyle!"

Acordei assustado e olhei em volta, chovia pouco e alguns pingos machavam a janela, mas eu conseguia ver Camila ao lado carro do namorado e ele na frente dela, com os punhos fechados.

"Cala a porra da boca garota! O que eu falei pra você antes de chegarmos naquela madilta festa?"

"Eu fui pegar uma bebida com ele, Kyle. Pra você. Eu fui pegar uma bebida pra VOCÊ!"

"Eu não ligo! Eu falei que não queria você perto do Maison, e o que você fez? Saiu com aquele filha da puta!"

Nem me importei se estava sem camisa, abri a porta de casa e corri para a rua. Camila chorava alto e empurrava o peito do garoto, mas ele tinha um pouco mais de força que ela e conseguia desviar de seus empurrões.

"Ei cara, não acha que tá exagerando?" perguntei chegando perto dos dois, Camila pareceu surpresa ao me ver e com medo também.

"Não se mete mauricinho. A namorada é minha não sua." apontou o dedo pra mim.

"Não perguntei de quem era a namorada." cheguei mais perto dele, eu era maior pouca coisa. "Perguntei se você não acha que tá exagerando."

"E quem você pensa que é?"

Kyle se aproximava de mim com os punhos cerrados. Eu sabia que ele não estava sobrio, ele estava muito alterado e não era só pela bebida. Eu sentia o cheiro de cigarro e uma outra substância na roupa que ele usava.
Olhei para Camila de relance, ela me olhava assustada e negava com a cabeça, eu entendi o que ela queria me dizer só com o olhar.

"Alguém que sabe tratar uma garota muito melhor que você."

Ele veio pra cima de mim pronto pra me bater, senti vontade de rir. Eu tinha muito mais corpo que ele, Kyle era magro e alto, sabia que ele lutava muay thai na academia do pai, mas alterado do jeito que estava ele não iria conseguir acertar um soco em mim.

"Kyle, para! Não faz isso." Camila entrou na frente do garoto ficando de costas pra mim. "Por favor, não faz isso."

"Então entra no carro comigo, vamos conversar na minha casa." Kyle diz baixo e com calma, parecia até outra pessoa. Camila nega. "Você não vai fazer o que eu to mandando, Mila?"

"Dessa vez não, Kyle. Desculpe."

O loiro se virou devagar e me encarou. Camila ainda tinha uma das mãos no braço do garoto e a outra encostada em seu peito.

"Isso não vai ficar assim seu merdinha." passou por mim empurrando meu ombro com o seu e entrou no carro indo embora cantando pneu.

Camila pareceu esperar ele estar longe o suficiente e se jogou nos meus braços, me abraçou com força e começou a chorar novamente.

"Você bem que podia me fazer chocolate-quente e me emprestar um dos seus vários moletons, o que acha?"

Tire seu rosto da curva do meu pescoço e limpei sua lágrimas. Deixei um beijo em sua testa, Camila procurou minha mão e segurou entrelaçando nossos dedos, depois sorriu.

"Eu acho uma ótima ideia, babe."

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