Capítulo Oito

655 52 50
                                    


- Eu não acredito. – Dulce falou abismada, após ouvir a história toda. – Bem, na verdade não é de se duvidar do que aquela mulher é capaz de fazer para conseguir o que quer, mas renegar a própria neta, sangue do seu sangue? É tenebroso demais.

- Eu preciso falar com Anahí.

- Eu sei, em breve poderá falar com ela. – a ruiva falou um pouco preocupada.

- Sílvia apareceu hoje na minha casa, temo pela minha filha. – ele disse angustiado, passando as mãos no rosto. Dulce o observou, estava angustiado, então lhe tocou no ombro.

- Se ela tem amor a vida, não fará nada. – tranquilizou-o – Assim que isso cair na boca da mídia, Sílvia terá de enfrentar e conviver com a ira dos fãs de Anahí. – disse com um meio sorriso nos lábios. 

Dulce nunca foi com a cara de Sílvia e adoraria vê-la sendo crucificada pela mídia e consequentemente pelos fãs. Estava em dúvidas se permitia ou não que Alfonso contasse a verdade a Anahí. Apesar de não gostar de crianças, durante anos presenciou o sofrimento da amiga e sabia perfeitamente o quanto lhe machucava o passado. Talvez se descobrisse a verdade abandonaria a carreira para dedicar-se exclusivamente a filha, o que não era de se duvidar tratando-se de Anahí. Sendo assim estaria desempregada, e seria difícil encontrar alguém que pagasse tão bem quanto a loira. Alfonso a observava aguardando que dissesse que logo traria Anahí para conversar, e temia que aquela mulher não fosse de confiança.

- Ok, eu vou te ajudar. – Dulce falou, soltou o ar pela boca. A felicidade de Anahí vinha em primeiro lugar, depois pensaria nas consequências. Retirou o celular do bolso, digitou alguma coisa e logo veio a resposta. – Alex ainda está com Anahí no restaurante, vou te colocar dentro do quarto dela e você conta a verdade. 

Em minutos Alfonso estava preso dentro do quarto dela. O perfume dela invadiu suas narinas. Anahí ainda usava o mesmo perfume, recordava daquele cheiro doce, que o deixava embriagado, viciado. Seu coração acelerou ao ouvir a voz de sua amada. 

Será que ele aguentaria? 

Nunca teve problemas de coração, mas agora o seu parecia querer falhar. Todo o amor que procurou esconder durante anos estava a todo vapor em seu coração. A amava demais, incondicionalmente. Mas será que ela sentia o mesmo? 

A respiração pareceu falhar ao notar o barulho da porta abrir. O perfume dela ficou mais forte e Alfonso achou que desmaiaria. Anahí entrou, ascendeu a luz e já foi tirando a sandália e abrindo o botão da calça jeans.

- Acho melhor não fazer isso. – alertou-a - Se bem que fotos seminuas da popstar mais top do momento me renderia uma boa grana. – Alfonso falou em tom de brincadeira. Ela girou o corpo e o olhou assustada. Hoje era o dia de invadirem o seu quarto. - Olá Anahí. – ele disse sorrindo.

Como ele estava lindo! Seu coração acelerou e achou que teria um infarto quando ele se aproximou. Ela o olhava fixamente, não se movia.

- Não vai dizer nada?

- Eu... Desculpa. É que jamais... – suspirou e comprimiu os lábios, seus olhos marearam.

Deu as costas para ele antes que o moreno visse que ia chorar. Por anos desejou reencontrá-lo, construir uma vida juntos. Ele tocou em um de seus ombros e ela estremeceu. Fez com que ela o olhasse e ele viu a face molhada.

- Ei, não chora. – falou carinhosamente, enxugou as lágrimas, ela chorava mais então a puxou para um abraço.

Ele também chorou ali abraçado a ela por um tempo.

- Não vim aqui para chorar. – ele disse e ela sorriu afastando-se. – Tenho algo muito importante comigo que também lhe pertence. – ela o olhou confusa.

- Aquela cara metade que trocamos?

- Venha cá. – ele a levou até a cama – Eu tenho uma história para te contar. Quero que ouça com atenção. – ela assentiu – Depois que você foi embora sem se despedir eu fique mal. Eu chorei por meses até um dia Sílvia bater na minha casa. – a loira estreitou os olhos, a expressão confusa era evidente.

- O que ela fez? Te machucou? – perguntou olhando as mãos e os braços dele.

- As palavras dela me machucaram. - ele fez uma pausa e Anahí o afagou no rosto. Alfonso segurou a mão e a beijou, apertou firme as mãos da loira - Ela me entregou algo e disse que você não queria o que era consequência da nossa irresponsabilidade. – ele puxou o ar e uma lágrima caiu sobre sua face. Anahí enxugou-a - Eu fiquei confuso, sem entender. Sílvia foi tão convincente que todo aquele amor virou ódio, rancor. E jurei nunca permitir que se aproximasse da gente

- Eu não estou entendendo. – disse e enxugou uma lagrima dele.

Alfonso segurou suas mãos, acariciou seu rosto. Ele teria que ser mais direto a partir de agora. Respirou fundo e a encarou.

- Sílvia te fez acreditar que nossa filha morreu. – ele falou e Anahí levantou-se, se encolheu abraçando a si. – Sei que te dói, mas precisa saber da verdade. Sua mãe mentiu. – ela virou-se para olha-lo já chorando – Aquele dia ela me entregou um bebê recém nascido.

- Não brinca com algo assim.

- Nossa filha está viva.

- Pare! – a loira gritou, o ar começava a lhe faltar e seu coração doía tanto que era como se tivessem lhe cravado um punhal - Quem te pagou para vir brincar com algo que me machuca tanto? Foi a Sílvia?

Alfonso meneou com a cabeça, deu alguns passos até ela. Anahí tremia e as lágrimas jorravam de seus olhos. O moreno retirou o celular do bolso e buscou na galeria uma foto da filha e sorriu com a semelhança.

- Essa é Luna, nossa filha. – ele disse estendendo o aparelho para Anahí.

Anahí mal conseguiu segurar o aparelho, estava tremula demais. A menina era idêntica a ela quando mais nova. Olhou fixamente para aquela foto e sua visão ficou um tanto turva por conta das lágrimas.

- Ela é a sua cara, mas as covinhas são minhas. - ele disse se gabando e Anahí riu, olhou-o estendendo o celular.

- É inacreditável a crueldade daquela mulher. – sussurrou.

Mil e uma perguntas borbulhavam em sua cabeça. Porque Sílvia a afastou de seu bem mais precioso? Como ela sendo mãe pudera arrancar um bebê recém-nascido dos braços da filha? E seguir mentindo durante anos alegando que a menina morreu ao nascer? A dor em seu coração era dilacerante. Quase treze anos se passaram e ela perdeu toda a infância de sua princesinha.

- Sei que tem muitas perguntas. – ele falou como se lesse seus pensamentos e Anahí assentiu - Vou respondê-las uma a uma, porém agora a senhorita tem uma coletiva.

- Promete que não irá embora? – ela indagou enquanto o encarava. O olhar dela era de dar pena.

- Estarei aqui quando voltar - disse acariciando-a e ela sorriu fechou os olhos entreabrindo os lábios. Alfonso puxou-a para si e a beijou.

Maktub - MiniOnde histórias criam vida. Descubra agora