Precisava urgentemente ver a filha e ninguém a impediria. O vazio no peito parecia aumentar, precisava juntar os pedações de seu coração. Entrou no carro que estava a aguardando e fechou os olhos com força, segurando firme aquele pedaço de papel.
– Me leva para bem longe daqui.
- Saia desse carro agora! – Christian ordenou abrindo a porta, Anahí cruzou os braços, e não o olhou. Ele então suspirou – Se quiser vê-la use outro carro. A imprensa não medirá esforços para te seguir.
A loira o encarou, ela tinha o semblante triste, estava apática. Saiu lentamente do carro, sem trocar uma palavra com ele. Christian a guiou, tocando em suas costas, até outro carro. Ela entrou, mirou o homem de paletó pelo retrovisor, apreensiva. Poderia confiar naquele homem desconhecido?
Respirou fundo e cerrou os olhos, então percebeu que o carro começou a se movimentar. Agradeceu mentalmente por estar saindo dali. Precisava espairecer, respirar ar puro e um passeio pela cidade para acalmar os ânimos, antes de ir atrás de Luna, faria bem a ela.
Enquanto Anahí rodava pelas ruas com um estranho, Dulce andava de um lado para o outro, preocupada. Anahí havia a demitido pela segunda vez em dois dias, e agora existia a possibilidade de ser definitivo. Porém não conseguir deixar de se preocupar com a amiga.
- Como pode deixar que ela fosse sozinha? E com um desconhecido? Você tem noção do perigo Christian Chávez?
- Dulce, respira ok? Ela precisa ficar sozinha, é maior de idade e vacinada, sabe se virar.
A ruiva olhou feral para o amigo, empurrou Alex e ligou para o hotel, mais precisamente o quarto de Anahí onde estava Alfonso. Dulce o deixou a par de tudo, preocupando-o. Tentaram ligar para o celular da loira, mas era em vão, Anahí ignorava todas as chamadas.
Anahí mirou o pedaço de papel que segurava firmemente. Em poucas palavras Luna havia dito que a amava, que não havia mágoas, rancor ou qualquer outro sentimento ruim em relação a ela, por ter ficado anos longe. As lágrimas vieram com força e ela soluçou alto, chamando a atenção do desconhecido. Ele pensou em parar o carro e ampará-la, mas chamaria atenção e poderiam ser alvo de ladrões, imprensa e fãs. Apenas reduziu a velocidade e dividia o olhar da estrada com o retrovisor. O celular de Anahí vibrou em suas mãos acusando uma nova mensagem. Pela tela pode ver que era de Alfonso e tratava-se de um endereço.
- Avenida Presidente Masaryk, 306. – ela disse em um sussurro.
O homem apenas assentiu e na primeira esquina ele virou à direita. O endereço ficava do lado leste da cidade, a uns quinze minutos de onde estavam. Chegando ao endereço, ele estacionou em frente ao portão, todo em madeira trabalhada.
- Chegamos ao endereço. – o homem disse a olhando pelo retrovisor.
- Buzine.
Com apenas um toque na buzina o portão abriu e por ele apareceu Alfonso, que veio na direção deles.
- Entre para que ninguém a veja. – ele falou e o motorista entrou, Anahí saiu do carro e ficou observando a casa. Era pequena comparada a sua, porém parecia aconchegante – Por favor, nenhuma palavra do que ouviu ou viu hoje.
- Pode deixar, não comentarei nada. Apenas cuide da menina, ela está muito triste.
Alfonso assentiu e caminhou até Anahí, lhe tocou nas costas e afagou. Luna que estava em seu quarto ouviu a buzina e desceu as escadas correndo. Ela havia chego, sua mãe estava ali, a poucos metros dela. Seu coração acelerou e as lágrimas caíram sem controle.
- A primeira vez que subi ao palco eu entrei em pânico, mas não é nada comparado ao que sinto agora. – Anahí falou baixo, sem tirar os olhos da casa.
Antes que Alfonso pudesse responder, a porta da frente se abriu e por ela saiu Luna, correndo em direção a eles. Anahí cambaleou e Alfonso a segurou. A loira tremia e dava passos lentos ao encontro da menina. Luna a abraçou forte e Anahí retribuiu ao abraço, ambas chorando compulsivamente. O pedaço de papel que Anahí segurava caiu ao chão e o moreno o juntou, sorrindo ao ler as palavras simples e bonitas que a filha havia escrito.
O abraço tão esperado, tão desejado. Alfonso admirava emocionado as mulheres de sua vida. Além de Alfonso, havia mais plateia: Dulce, Alex, Maite e Christian assistiam tão emocionados como o moreno.
- Me perdoa, me perdoa, por favor. – Anahí falou com a voz embargada, apertando mais a filha contra si. Agora com ela em seus braços sentia-se completa, era mãe de uma menina linda, encantadora.
- Eu não tenho nada que te perdoar. – a menina respondeu também com a voz embargada, olhou com um sorriso para a mãe. – Você não tem culpa de nada mamãe.
Ao ouvir aquela palavra que tanto sonhou poder ter escutado, Anahí olhou para a filha, admirando-a. Vendo assim pessoalmente Luna era mais linda ainda. Era uma cópia sua, com mínimos detalhes de Alfonso, como as covinhas na bochecha quando sorria.
- Eu acredito que isso lhe pertença. – Alfonso disse estendendo o pedaço de papel para a loira.
- Você guardou... – Luna sussurrou.
- É o primeiro recado de amor que recebo da minha filha, vou guardar sempre.
Emocionada, Luna abraçou novamente a mãe.
Como uma das quatro estações do ano, a tristeza vem, mas sempre vai embora. E o vazio que ela deixa dá espaço para algo novo, diferente e revigorante, o oposto do que tinha antes, algo caloroso e iluminado.
E por fim, a dor parecia ir embora e como Luna havia dito no pequeno pedaço de papel, cessaria assim que estivessem juntas.
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Maktub - Mini
Fiksi PenggemarEles se apaixonaram quando adolescentes e, juntos, viveram os melhores meses de suas vidas. E do nada a vida de ambos virou de pernas para o ar. Alfonso teve de se adaptar a sua nova realidade e Anahí a uma vida de superstar. Um amor adormecido repl...