Necessidade e Angústia

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Sinto pesado o meu coração. A cada dia que passa ele chora por liberdade. Sinto um pesar... sinto uma necessidade. Ele clama por vitalidade! E sempre que chora eu o escuto; lamento profundamente: que desperdício de euforia... que injustiça! Que dó daquele que grita em rebeldia.

Meu pequeno peito já não é lar suficientemente grande para ele, ele grita por mais, e pede incessantemente para sair de sua gaiola. Se houvesse mar suficiente para extinguir sua fogosidade, desejaria então toda a terra. Nem mesmo cem folhas de papel seriam suficientes para exprimir toda sua vontade.

Por quê? Por que enjaular ele assim? O pobre coração já está quase perdendo as esperanças, e quanto mais seu fulgor esmaece mais angustiado ele fica, transmutando cada gota em pura revolta. Não compreende o pobre porque o prendem assim. Não é que ele queira todo o mundo para si, mas reconhece que todo o mundo é seu.

Como dói... como dói observar ele assistir tudo enjaulado, levando tudo nas costas: suas angústias, suas vontades, seus arrependimentos que ainda estão por vir. Será que vale a pena tudo isso? Dividido entre dois mundos ele olha para trás e vislumbra: de um lado está tudo que ele conhece, do outro lado tudo que ainda o é desconhecido. Ele se nega a ceder e deixar tudo isso passar bem diante dos seus olhos. Mas falta-lhe coragem, coragem para romper de vez a gaiola.

E no meio de todo esse lago de incertezas boia uma dúvida primordial: quem possui a chave afinal?

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