O Broto

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Brota.
Veio puro à existência, cheio de vida
Vivaz, cheio de esperança
Viceja para fora do solo
E para dentro do mundo.
À medida que se desenvolve
Deslumbra-se com seu redor
Anseia pelo novo mundo.
À medida que descobre
Cresce o seu desejo
Intensifica o seu anseio
É cativante.
Ele absorve toda aquela energia
Se alimenta de tudo aquilo
Para tornar do mundo seu combustível
Mas, estranho:
Alimentando-se do mundo,
Sente agora algo novo também...

Passado algum tempo
O broto estranha a sensação
E percebe uma nova visão
Agora não viceja mais...
Que decepção.
Descobre por inteiro o mundo que admirava
Agora enxerga aquilo que observava
E algo se amarga no seu interior
Por que isso havia de acontecer?
Que injustiça, à primeira vista
Mas percebe que não se tratava disso
Que tristeza, realiza
Depois, compadecimento
O broto já não viceja mais...

Passado algum tempo
Parece que é assim que termina
Todos aqueles sonhos e inspirações
Deram lugar agora à dúvida
Ele se esvazia de esperança e se enche de decepção
O mundo nunca havia mudado
Apenas sua visão.
Ele se enche de desgosto.
Aquele mundo nunca fora seu
Pois não estava preparado para ele.
Aqueles que o olharem não entenderão
Pois com os olhos não se enxerga o essencial.
Não suporta tamanha traição
E padece
Com toda aquela maldade que se prolifera no coração
Daqueles que caminham pelo mundo que ele tanto admirava
Pela terra que ele crescia
Dalí ele fora capaz de tirar outra energia
Então, enfim, aqui jazia
O broto.

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