Melancolia e Sinceridade

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Sabe... eu chorei muito hoje. Chorei bastante até. Foi bem aliviador. Não foi por tudo aquilo que vinha acontecendo - chorei por chorar, no sentimento mais puro de desamparo e sensibilidade, de conversa comigo mesmo (isso depois de ter acabado de assistir um filme de desenho para criança) -, mas aquilo ajudou também. Tudo isso que vem acontecendo nos meus últimos dias vem mexendo bastante comigo, com a minha estabilidade mental (que já não era lá muito estável). Estou mais sensível que nunca. Sensível a tudo que me cerca e inclusive a tudo aquilo que sou também, àquelas coisas que vêm de dentro. É porrada vindo de todo lado que você olhar...

Você percebe que a vida é feita de altos e baixos, e de como é toda essa montanha russa louca que afinal tempera a vida. Se eu não tivesse esses episódios horríveis na minha vida não teria motivos pra estar feliz mais tarde. O engraçado é justamente esse: o adolescente acha que sempre sabe de tudo e está no controle de tudo, e muitas vezes acaba se fodendo tanto justamente por isso. Acaba sofrendo por expectativas não supridas que ele mesmo criou previamente sobre algo; sofrendo por não se achar capaz, simplesmente por que fraquejou sequer em tentar; sofrendo por tanto tentar e não saber quando deve parar, ou se deve parar; sofrendo por levar alguma porrada da vida de uma intensidade nunca sofrida antes - e que parece a porrada mais forte do mundo, a porrada insuperável, justamente por que seu mundo ainda é muito pequeno e sua visão da vida ainda muito limitada; sofrendo por não perceber como uma onda que bate no pescoço não significa que o mar está alto demais; e sofrendo inclusive por ter um lampejo de tudo isso, passar a se achar imbatível e se jogar no mar alto. Enfim, sofrendo por muitos motivos... que podem não ser os melhores, mas são todos necessários para que ele perceba isso e amadureça. Ele sofre por estar aprendendo a viver. Que coisa linda não? Sim, claro, pra quem olha de fora. Quem eu tô querendo enganar? Só listei todos os motivos pelos quais eu sofro.

Tá sendo foda... eu já disse isso?

Esse vai ser um texto cru, igual alguns que fiz antes. Um daqueles da série que honra o título de "sincero" dessa coletânia. Como uma boa conversa com um amigo ou alguém que você acabou de conhecer numa lanchonete à noite.

Eu escrevo isso por que novamente na vida me sinto sozinho e voltei a conversar comigo mesmo, pra ter com quem conversar. Quem eu estou tentando enganar denovo? Ela sabe que tô escrevendo isso pra ela. Posso ser muito egoísta, mas relaxa, a culpa é só minha. A tristeza e a solidão te colocam num ciclo vicioso, onde te fazem perceber que são suas melhores amigas, companhias perfeitas, e que são as únicas que literalmente sempre vão estar lá mesmo quando você não tiver mais ninguém. Como não criar lindos laços de amizade com alguém assim? Muitos nos chamam de otários, idiotas, loucos, fodidos, enquanto saem pra se divertir em alguma festa. Somos tudo isso mesmo, e levantamos o dedo do meio para vocês. Sentimos raiva de vocês por serem felizes assim, e raiva de nós mesmos por não conseguirmos ser assim e só poder sentir raiva.

E sabe, tudo isso é uma merda. Se você ainda continua lendo ou é por que sente pena de mim ou por que se interessa pelo que digo. No primeiro caso eu concordo com você, também sinto. No segundo caso sinto pena de você.

O fato é que sou todo estragado. Mas não por dentro, como eu costumava achar. Por fora. Mas o grande detalhe disso tudo é que essa camada de lixo é tão espessa que eu só rezo pra um dia meu interior poder aparecer.

Posso me achar muito egoísta escrevendo tudo isso, e me culpar muito por sentir tudo isso, mas, é aquela velha frase: "possuo tudo mas não tenho nada."

"Foda é não viver e ter que respirar."

Nossa... um dia eu ainda espero rir muito de tudo isso... espero... mesmo...

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