No Hotel Alas

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Chegava a hora do encontro e Holmes remexia pensativo, a pulseira de moedas que viera junto a garrafa; com um estrondo, Watson adentra a casa esbaforido.

– Desculpe-me o atraso! – Olhou para o relógio – Temos que ir não é mesmo?

– Claro... – Falou Holmes pensativo levantando-se da cadeira e pegando seu chapéu e bengala.

– Holmes, você levará a garrafa?

– Vou sim Watson. Quero entender se isto realmente tem alguma importância. Está armado?

– Quê? – Watson perguntou assustado.

– Sim, sim. Perguntei se está armado.

– Caro Holmes... Você não é nada romântico. – Falou Watson balançando a cabeça. – É apenas um encontro, homem! Não precisa disso. – Falou rindo divertido.

– Watson. Será que seu cérebro só trabalha a favor da medicina? Tudo é suspeito meu amigo. Tudo é suspeito.

E dizendo isto, os dois rumaram para o encontro no Hotel Alas. Pegaram um coche e seguiram algumas quadras não tão distantes da Baker.

Conversavam temas diversos inclusive os pequenos casos que saíam nos jornais nas últimas semanas e que Holmes, sem sair de seus aposentos, solucionava sem dificuldades. Queria mesmo algo inusitado. Algum desafio para sua mente tão astuta e sedenta de problemas.

Chegaram por fim no hotel. Watson pagou pela viagem e desceram em frente ao grandioso prédio de uma linda arquitetura de um estilo leve, detalhado e claro. Parecia ser um ótimo hotel. Caro. De luxo.

Watson entrou vislumbrado com tal modelo e beleza enquanto Holmes cumprimentava sério, os porteiros. Seguiram pela entrada que dava logo para uma aconchegante recepção. Havia sofás e cadeiras; próximo as cadeiras, mesas. Tudo muito bem organizado e logo mais ao fundo, um pequeno balcão. Holmes pôde perceber que assim que cumprimentara os porteiros, um pequeno garoto saiu correndo de onde estavam para um corredor dobrando a direita ao mesmo tempo em que saiu deste corredor, uma bela mulher. Tudo isso em fração de segundos, apenas enquanto ainda andavam na direção de um daqueles confortáveis sofás.

Holmes ficou atento, mas era impossível deixar de notar a tremenda beleza daquela mulher. Era de estatura média, esguia e elegante. Usava um vestido longo de um vermelho escuro e os cabelos negros presos em um coque. Tinha os olhos castanhos escuros e penetrantes e os lábios bem desenhados. Ela caminhava na direção dos dois e logo Holmes reconheceu aquela mulher que deixara a cesta em sua porta.

Estranhamente o hotel estava sem movimento algum. Apenas os dois porteiros e o recepcionista que entrara e ainda não havia voltado. O garoto já saíra correndo para a rua. Sherlock cutucou Watson com o cotovelo como sinal para ficar em alerta.

– Senhor Sherlock Holmes? – Pronunciou a mulher se aproximando de ambos e estendendo a mão para o detetive.

– Sim, Sra...?

– Srta. Rita, sí? Ou apenas Rita Valdéz. – Falou a mulher com um pesado sotaque, sorrindo.

Holmes então lhe beijou a mão.

– Srta. Rita... – Sherlock observava a mulher, curioso.

Watson pigarreou.

– Deixe-me apresentar Srta. Eu sou o Dr. Watson. – Watson falou formal curvando-se um pouco para frente.

A mulher estendeu-lhe também a mão dizendo apenas:

– Prazer, mas... Ele irá ficar conosco? – Falou dirigindo-se a Sherlock.

Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa EspanholaOnde histórias criam vida. Descubra agora