A Oitava Nuvem [TRADUÇÃO PT-BR]

I

A reputação é tudo. As pessoas agem de acordo com as primeiras impressões e é assim que o mundo funciona desde sempre.

Minseok sempre repetia essas palavras todos os dias de sua vida. Quando mal acordava, enquanto comia, inclusive quando conversava com os seus pais. Sempre. A vida para alguém marcado desde criança não era fácil, mas ao menos ele tentava encarar com humor tudo o que podia... Mesmo que em certas vezes não desse certo; porém, quando se era um bastardo tão irônico e sarcástico como ele, até ser um suposto assassino tinha o seu lado divertido.

Porque sim, a sua reputação era tão inquebrável quanto ruim.

Naquela manhã enquanto engolia com pressa as torradas de aveia sobre a ilha de mármore da cozinha, disse à si mesmo que esse ano seria, sem sombra de dúvidas, um novo começo. Sua vida precisava da porra de uma mudança e urgente: começar o segundo ano em uma escola diferente já era um bom passo... Ele achava. Tinha em conta também, que ao longo de sua jovem vida como ser humano (ainda que longeva como estudante) tinha mudado de escola mais do que de cueca; ele não podia garantir nada, mas, inferno, queria muito pensar positivo. Se começasse com negatividade, o que mais ele poderia esperar?

— Você tem que ser aberto. Mantenha o seu coração aberto, jovem Padawan.

— Está falando sozinho de novo?

Minseok nem sequer olhou para a sua irmã mais nova quando deu outra grande mordida em sua torrada, seu olhar estava perdido no espaço, ainda refletindo sobre o dia que o esperava pela frente.

"Não", corrigiu-se: "A nova vida que me espera".

— E o que é isso agora? — perguntou Minju, pegando a jarra com suco de laranja. — Star Walls?

Minseok negou. — Star Wars. — Corrigiu.

A menina fez uma careta de dor. — Meu Deus, que perdedor. — Em seguida pegou um guardanapo e tranquilamente limpou os cantos de seus lábios.

— Mamãe, a pirralha está bebendo direto da jarra de novo!

— Kim Minju! — ouviu-se uma voz fúnebre e raivosa.

Minju abriu a boca injuriada. — Cara de bolo, feio e mentiroso! — entrecerrou os olhos.

A mãe dos dois irmãos apareceu, tão bonita e baixinha como naturalmente era. Minseok sempre se surpreendia com o fato de ser mais alto que ela sendo baixinho para um garoto também.

Mesmo que a mulher fosse pequena não era menos ameaçadora. Ela entrou na cozinha com o cenho franzido e ambas as mãos na cintura.

— Quantas vezes eu já disse para você não espalhar os seus germes por todo lugar?

— Na última vez foi o Minseok, ele me culpou porque eu esqueci de avisá-lo que tinham mudado o horário da série!

— Eu não tenho ideia do que você está falando — disse este, terminando o seu café e saltando da banqueta.

Sua irmã o fulminou com o olhar durante todo o caminho enquanto ele pegava a sua mochila e se preparava para enfrentar o que quer que fosse. Parou no batente da porta da cozinha, receoso em sair. Sinceramente, ele sabia exatamente o que aconteceria uma vez que pisasse na entrada da escola e isso não o tranquilizava, pelo contrário, o deixava mais aflito.

Sua mãe notou sua atitude, e por isso parou de repreender a sua filha mais nova por algo que ela realmente não tinha feito e se aproximou para apertar os ombros de seu filho de forma reconfortante. Minseok não pôde evitar sobressaltar-se.

— Procure ter um bom dia hoje, querido, sim? — disse-lhe com voz doce.

— Esse é o plano. — balbuciou ele.