O sinal já havia tocado e o professor de ciências estava para chegar, mas Minseok continuava apoiado no batente da porta olhando Jongdae de lá; este estava no lugar de sempre escrevendo e escrevendo sem descanso. Depois de ter passado tanto tempo ao seu lado, podia dizer com segurança que Jongdae era muito mais do que um garoto que estudava arduamente. O atormentava o fato de que ele não mostrava mais do que isso para os demais, ele poderia ter muitos amigos tranquilamente, era divertido se seguissem o ritmo... Mas, sem sombra de dúvidas Jongdae era diferente de si, não era um interesse dele fazer amigos. Seu parceiro de aula quando estava grudado na mesa, era bem diferente daquele de quando estava andando pelos corredores com ele e Dan Bi.
Dan Bi cruzou a porta ao seu lado e também parou para o observar por um momento.
Sorriu. — Não seja muito mal, sabe que ele tem dificuldades.
— Eu não prometo nada.
Minseok andou até o seu lugar e se jogou sobre a sua cadeira como se tivesse acabado de chegar de uma longa jornada de trabalho. Jongdae, obviamente, nem sequer lhe deu atenção focado demais na sua tarefa, mas Minseok sabia que seria desse jeito. Do seu lugar, o observou um pouco mais e dessa vez mais de perto, vendo como ele escrevia de um jeito mecanizado, podendo até se passar por um robô. Suspirou e se esticou para tirar o lápis de sua mão, provocando um risco desleixado na folha.
Jongdae ofegou e o olhou. — O que está fazendo, idiota?
— Quero conversar e para isso, preciso que você esteja olhando para mim, você se incomoda?
Jongdae bufou de má vontade e cruzou os braços, voltando o olhar para frente. Minseok negou com a cabeça e apoiou uma mão sobre seu ombro.
— É sério.
Finalmente, seu colega lhe deu atenção. — O que foi? — disse rude, mas Minseok sabia que era o jeito dele de lidar com coisas difíceis ou diferentes, e ele não o culpava.
— Você poderia me explicar o que aconteceu na cafeteria?
— Nada. — Jongdae virou-se outra vez.
Minseok revirou os olhos. — Vamos, Jongdae, você não é nenhuma criança e me parece covarde deixar que Dan Bi dê desculpas por você como se fosse uma mãe envergonhada pelo comportamento do seu filho.
Jongdae o olhou por um instante. — Eu não sou nenhum covarde.
Minseok tirou a mão do seu ombro e se afastou com os olhos entrecerrados. — Então prove.
Jongdae suspirou e voltou a desviar o olhar. Passaram-se alguns segundos antes que ele começasse a bater repetitivamente a superfície da mesa com suas unhas.
— Nunca tinham me perseguido antes como fizeram agora — confessou do nada. — Quer dizer, sempre me incomodaram, idiotices como essa de viver com uma maldição que me mantém preso à minha carteira ou de ser um rato de biblioteca... Literalmente. Eu nunca dei a mínima, nunca me importou na verdade, se você ignora eles, eles também te ignoram, mas tudo foi um pouco mais além dessa vez.
Jongdae parecia estar envergonhado e arrependido, algo raro tendo em conta que ele ostentava apenas vaidade e desconforto em seu temperamento, mas não o interrompeu, deixou que ele continuasse sendo sincero. De repente, ambos estavam olhando um nos olhos do outro e Minseok quase deu um pulo, mas se conteve.
— Em algum momento compreendi que tudo o que sofri em poucos dias, você viveu toda a sua vida... Porra, para entender você é necessário mais, porém deve ser um verdadeiro inferno e eu me arrependo, Minseok, de ter te julgado errado. — Jongdae mordeu seu lábio inferior. — Apesar de não ser mais assim, estou arrependido. — Afastou o olhar outra vez. — Sou muito precipitado e...
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A Oitava Nuvem [TRADUÇÃO PT-BR]
FanficPor trás de uma longa vida de mal entendidos e problemas, Minseok está decidido a mudar as coisas. Esse novo ano escolar será diferente, ele pressente, mesmo depois de uma grande lista de tentativas falhas, que tudo continua do mesmo jeito e as pess...