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Depois de sua enorme e lamentável falha confissão, Jongdae não o incomodou novamente... Pelo menos não até o sábado seguinte.

Não se passaram muitos dias antes do fim de semana, na escola recusou-se a falar com ele e começou a se sentir infantil, mas mais do que tudo, ofendido e ferido. Sabia que Jongdae não sentia nada de especial por si, sabia que aos olhos dele não era um grande potencial romântico, mas nunca imaginou que chegasse ao ponto de nem sequer entender o que quis dizer quando falou que gostava dele. Na mente do super gênio de Jongdae era tão estranho que um homem se sentisse atraído de outra maneira que não fosse como um amigo por outro homem? Minseok tinha considerado isso, mas conhecia-o e sabia que ele não era uma pessoa intolerante ou preconceituoso, ser o melhor amigo de uma menina transexual era tudo o que Minseok precisava para saber que ele tinha a mente aberta.

A única coisa que conseguiu concluir foi que o problema não é o fato de ele ser um menino, o problema é que se tratava dele, de um amigo... Não, um melhor amigo, alguém impensável com quem sair. E isso era uma merda até para si mesmo que costumava encarar tudo com certa quantidade de humor, desta vez era impossível rir.

Por causa de sua óbvia raiva, Jongdae não se aproximou dele, isso parecia estranho porque o outro costumava ser insistente até morrer e talvez Minseok tenha se sentido um tanto decepcionado por Jongdae não ter corrido atrás de si como de costume... Será que era o que ele mesmo sempre tinha procurado se afastando de propósito? Se sentir atraído de alguma maneira pelo garoto de quem gostava e que não demonstrava nenhum pingo de interesse por ele? Começou a pensar que talvez Jongdae tenha se dado conta do verdadeiro significado de suas palavras e tenha se assustado como nunca; coisa idiota levando em conta que ele estava totalmente consciente disso na hora de sua confissão, mas apesar de saber a resposta que Jongdae daria ainda tinha medo de ouvi-la. Estava ignorando sua aparente indiferença para não chorar miseravelmente.

E por isso nunca esperou que Jongdae fosse aparecer num sábado à tarde na porta de sua casa.

Estava prestes a sair para correr usando suas roupas esportivas, seu objetivo era esvaziar a mente, mas ao que parece, aquele cara não pensava em facilitar as coisas já que ao segurar a porta e se virar para sair, Jongdae estava parado ali como se não fosse nada demais. Ficou petrificado como um idiota, por um instante até pensou que talvez estivesse alucinando, Jongdae realmente está ali agora mesmo? E Jongdae, por sua vez, parecia quase igualmente chocado, talvez não esperasse que Minseok saísse primeiro, talvez ele nem sequer tivesse pensado em bater na porta. Mas ali estavam eles, parados, se encarando sem fazer absolutamente nada.

Minseok foi o primeiro a reagir e o que fez foi franzir o cenho, colocar seu capuz e encarar a corrida em direção ao parque. Algo se ativou em Jongdae.

— Espere!

Minseok parou e o olhou. — O que você quer?

Jongdae parecia de mau humor quando desviou o olhar. — Eu vim para consertar as coisas.

— Por que agora?

Jongdae grunhiu alguma coisa que ele não conseguiu ouvir. — Dan Bi me disse antes pra te deixar em paz porque você estava muito irritado e eu só pioraria as coisas.

— Então, você só veio porque tinha que vir e não porque queria de verdade? Ótimo — começou a correr de novo, mas o outro correu para alcançá-lo e segurou seu cotovelo. Dessa vez não voltou a olhá-lo.

— Eu vim porque quero — disse num tom grave.

Minseok mordeu o lábio com força. — Por que você sempre insiste tanto? — Queria ouvir algo que o satisfizesse pelo menos um pouco.

A Oitava Nuvem [TRADUÇÃO PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora