me desculpa

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   — Changbin, o que falamos sobre a crise de ansiedade? — a voz desesperada de Chan pergunta, do outro lado da linha telefônica.

   — Na verdade falamos sobre desmaiar, não sobre as crises em si — respondo.

   Estou na área médica do cinema – acredite, isso existe –, Felix está falando com um enfermeiro do lado de fora da sala e Chan, que estava me observando durante todo esse tempo, decidiu me ligar para me dar uma pequena bronca.

   Meus pés não alcançam o chão debaixo da maca, então me limito a mexê-los no ar, respirar tundo e massagear na área entre os meus olhos.

   — De qualquer forma, por que ligou? Tenho tudo sob controle — menti.

   — Mentir é feio, Changbin.

   — Não estou mentindo, e por que não usa esse tempo pra sair com a Jimin? — Ele fica em silêncio por um instante.  — Ela trouxe o Jae junto, não foi?

   Chan murmura um grunhido misturado com tristeza e raiva. — Ela com certeza gosta dele, é tão obvio que machuca.

   Suspiro, negando com a cabeça. — Da última vez que você achou que os sentimentos de uma pessoa para a outra eram sérios, eu me mostrei totalmente caído por alguém totalmente diferente. Você precisa tentar, Chan — comento. — Você é incrível, divertido e um ótimo líder, se ela não te quiser, eu quero.

   Ele ri com a última parte e me sinto feliz por levantar seu astral. É difícil ver o mais velho chateado, ele parece criar uma barreira contra tudo que o magoa, mas todos têm seus maus momentos.

   — Acho que eu estou precisando de um rolê com os garotos de novo, quando será que sai a próxima temporada de The 9th? — se pergunta me fazendo sorrir.

   — Espero que logo — a porta da enfermaria se abre e Felix vem entrando com uma garrafa de água. — Eu preciso ir, hyung. Te vejo em casa.

   Ele se despede e nós desligamos. Prendo meus olhos no rosto felino de Yongbok, admirando seu cabelo loiro escuro bagunçado. Sinto vontade de enterrar meus dedos em seus fios e o trazer para mais perto, mas não o faço.

   — Aqui, beba um pouco — fala, ainda com as bochechas e olhos vermelhos de chorar. Seu rosto está meio inchado e sua maquiagem está borrada, me permitindo ver suas sardas e manchinhas da pele. Sinto que nunca o vi tão bonito quanto agora.

   Pego a garrafa das suas mãos e a encaro, pensando nos meus remédios que estão na mochila de Seungmin. Suspiro alto e a deixo de lado, voltando meus olhos para o australiano.

Penso em tudo de ruim que já fiz para ele. Penso nas palavras duras, nas atitudes frias e me sinto um panaca. Eu sou um panaca, na verdade.

Felix é lindo, engraçado, divertido e tem o sorriso mais reluzente de todo o universo. Ele é tão preciso que eu não sei como pude, algum dia, fazer-lhe algum mal sem sentir remorço.

Mas agora o remorço volta todo pra mim. Sinto uma queimação no estômago quando penso em tudo o que ele pode ter passado.

Me sinto não só um péssimo amigo, mas uma péssima pessoa e, por isso, não penso ao pronunciar:

   — Felix, me desculpa — com um fio de voz. Sai tão baixo que não sei se ele escuta.

   — Desculpa por que?

   — Por tudo — respondo, olhando para seus pés. — Desculpa pelas brincadeiras ofensivas que eu já fiz perto de você, desculpa por te desrespeitar, desculpa por te ignorar quando você só queria me ajudar, me desculpa por tudo mesmo.

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